domingo, 15 de janeiro de 2012

CREATINA

Creatina -Suplementos
O QUE É ?
A Creatina é sintetizada no organismo a partir de 2 aminoácidos: glicina e arginina, obtidos a partir da degradação de proteínas da dieta ou dos tecidos. É um composto que combinado com fosfato forma elemento altamente energético encontrado nos músculos.


QUAL A SUA IMPORTÂNCIA?
A fosfocreatina (creatina fosfato ou CP) mantém a concentração de ATP constante e em altos níveis nos músculos esqueléticos. É a principal molécula de ressíntese de ATP nos primeiros 10 segundos de atividades máximas. A quantidade de CP disponível é provavelmente um dos fatores mais importantes para a fadiga após o exercício de alta intensidade e curta duração.

QUAIS AS POSSÍVEIS VANTAGENS NO EMPREGO DA CREATINA?
A suplementação de creatina pode aumentar a creatina intramuscular em 1/3, o que favorece a formação de creatina fosfato e por sua vez, ajuda a manter uma potência máxima ou quase máxima durante mais tempo que o habitual. A creatina aumenta a força para exercícios de alta intensidade e pequena duração (até 30 segundos), como nos sprints, saltos, deslocamentos rápidos com mudança de direção. Também é considerada por estimular o crescimento muscular. Quando sua concentração é aumentada pela suplementação, a ressíntese de ATP é mais eficiente e a recuperação, mais rápida.
CREATINA X FUNÇÃO RENAL
A principal função renal é manter o balanço homeostático em relação a fluidos, eletrólitos e solutos orgânicos. O rim também age no controle da pressão sanguínea, na produção de glóbulos vermelhos na medula óssea e na produção da forma ativada vitamina D, que atua na absorção intestinal do cálcio.
A creatina é perdida pelo corpo na forma de creatinina, que é um constituinte natural da urina, utilizado em exames bioquímicos para medir a capacidade funcional dos rins.
Um nível elevado de proteína dietética provoca um aumento na produção e excreção da uréia, podendo causar assim uma sobrecarga funcional nos rins.
A UTILIZAÇÃO DA CREATINA PODE TRAZER ALGUM RISCO À SAÚDE ?
Não existem estudos publicados que comprovem a associação da suplementação da creatina com danos renais e/ou hepáticos ou ainda cãibras musculares.
O organismo humano necessita receber um suprimento de energia contínuo e de maneira ininterrupta. Essa energia presente nos alimentos não pode ser transferida diretamente para realização do trabalho biológico, tornando-se acessível, na forma química, através do ATP. Em média, um indivíduo que contém uma massa muscular de cerca de 30 kg, a quantidade total dos fosfagênios de alta energia (ATP e CP) é suficiente para a manutenção de um exercício físico máximo por apenas 5 a 6 segundos. Durante esse tipo de exercício, a produção de energia pelos músculos ativos pode chegar a ser cerca de 70 vezes maior, quando comparado a um exercício menos intenso, e até 100 vezes maior, quando comparado ao estado de repouso. Dessa forma, a liberação de energia dos estoques de ATP e CP, de maneira rápida e imediata, para a realização de atividades físicas (como 25m de natação, saltos, 100 metros de corrida, e levantamento de pesos), é limitada.Se tomarmos como exemplo a corrida de 100 m, cujo o tempo de realização é de cerca de 10 segundos, a velocidade máxima de corrida será mantida por um período de até 5 a 6 segundos, sendo que após esse período, será acionado o sistema glicolítico de fornecimento de energia, a fim de regenerar o ATP gasto. Esse sistema de transferência de energia é mais lento que o dos fosfagênios, fazendo com que a velocidade de corrida diminua a partir do 6º segundo de prova. Dessa forma, a quantidade de fosfagênios armazenados na musculatura determina um melhor ou pior desempenho, estando esse dado de acordo com o fato de que o vencedor costuma ser aquele que reduz menos ou consegue manter sua velocidade nos últimos segundos de prova. Deve ser ressaltado que alguns pesquisadores acreditam que o sistema dos fosfagênios é capaz de contribuir, em grande proporção, por um período de até 20 segundos de atividade intensa. Partindo-se dessa hipótese, não seria espantoso acreditarmos que atletas mais treinados e com uma massa muscular bem desenvolvida, comportariam um estoque maior de CP nessa musculatura, consequentemente podendo regenerar o ATP em quantidades adequada, além de fornecer a energia requerida de forma veloz o suficiente. Na verdade, todos os tipos de atividade física necessitam de energia proveniente dos fosfagênios, e isso se dá principalmente nos momentos iniciais do exercício, porém, muitas contam quase exclusivamente com esse tipo de transferência de energia para sua realização, como por exemplo: beisebol, futebol americano, vôlei.
Além da formação de ATP pela quebra da CP, o músculo esquelético também pode utilizar outras vias para produção de ATP, como por exemplo: a via glicolítica (anaeróbia e aeróbia) - formação de ATP via degradação de glicose e glicogênio, na presença ou ausência de oxigênio; via ou sistema oxidativo - formação de ATP através de processos celulares de oxidação. A formação do ATP através da via CP e glicolítica anaeróbia, não envolve a utilização de oxigênio e são chamadas de vias anaeróbias. Já a formação do ATP pelos processos oxidativos, que envolvem a utilização de oxigênio, é denominado de metabolismo aeróbio. Esse último envolve a oxidação de glicose e glicogênio na presença de oxigênio, como também, a oxidação de gorduras e proteínas.
Via glicolítica Anaeróbia
Com a continuidade do exercício, já que o fornecimento de energia derivado dos fosfagênios são limitados, a atividade física é mantida pela energia vinda dos estoques de glicogênio muscular e glicose, que são utilizados para fosforilação do ADP durante a glicogenólise ou glicólise (degradação do glicogênio e glicose, respectivamente) anaeróbia, o que resulta na formação de lactato. Sem o adequado suprimento ou utilização de oxigênio todas as moléculas de hidrogênio serão transformadas de piruvato para lactato.
Piruvato + 2H Lactato
A formação de lactato é de prima importância para o metabolismo anaeróbio pois, permite uma contínua e rápida produção do ATP, através da via glicolítica anaeróbia. A energia anaeróbia para ressíntese de ATP fornecida pela degradação da glicose e do glicogênio muscular, através da via glicolítica, pode ser vista como uma "reserva de combustível" que é ativada quando a razão oferta de oxigênio/utilização for igual a 1.0, como ocorre, por exemplo, durante a última fase de uma corrida de 1,5km, onde o indivíduo aumenta e acelera seus passos. A produção anaeróbia do ATP permanece crucial durante, por exemplo, corridas de 400m ou 100m de natação, ou ainda, durante esportes que incluem tiros curtos como futebol. Essas atividades requerem uma rápida transferência de energia que excede o suprimento pelos estoques de fosfagênios. Se a intensidade máxima do exercício diminuir, como ocorre com a aumento da duração da atividade física, o acúmulo de lactato diminui correspondentemente. Embora a produção de energia pela via glicolítica anaeróbia seja rápida, apenas uma quantidade relativamente pequena de ATP é formado por essa via. Por outro lado, o metabolismo aeróbio fornece uma contribuição maior na transferência de energia para formação do ATP, particularmente quando a duração do exercício se estende por mais de 2 a 3 minutos.
Sistema Oxidativo ou Fosforilação Oxidativa
A medida que o exercício se prolonga a produção de energia derivada do metabolismo anaeróbio vai gradativamente sendo menos importante, dando lugar aos processos oxidativos. Além disso, com o aumento da duração do exercício ocorre um aumento da demanda metabólica que deverá ser suprida pelos processos aeróbios de produção de energia. A mitocôndria é uma organela que está localizada dentro da célula muscular, e é o principal sítio de produção de energia durante exercícios prolongados, aproximadamente acima de 2 a 3 minutos de atividade física. A degradação de carboidratos e gorduras através dos processos oxidativos, dentro das mitocôndrias, servem como importantes substratos para a ressíntese do ATP. Porém, existe uma importância relativa na utilização de carboidratos ou gorduras, como fonte energética, que irá depender da intensidade e duração do exercício. Se o exercício físico for realizado por um tempo prolongado, mas executado numa intensidade baixa (até aproximadamente 60% do consumo máximo de oxigênio), a principal fonte de energia utilizada será os ácidos graxos livres (gorduras). A medida que a intensidade do exercício aumenta (acima de 60% do VO2máx a contribuição da glicólise aeróbia (oxidação da glicose através dos processos oxidativos, dependentes de O2) como fonte energética também aumenta. Nessa situação, a demanda desse substrato de seus estoques musculares e na corrente sanguínea se encontram, também, aumentadas. Dessa forma, o conteúdo de glicogênio muscular e glicogênio hepático (que mantém a concentração de glicose no sangue constante) se tornam um fator limitante para a manutenção da intensidade do exercício, já que os seus estoques são limitados. A importância da glicose sanguínea durante o exercício tem sido amplamente estudada, sendo que o aparecimento da hipoglicemia pode limitar o exercício prolongado (endurance). Se houver uma diminuição do glicogênio muscular, a concentração de ácidos graxos livres no sangue aumenta 5 a 6 vezes os seus valores de repouso, e a musculatura passa a oxidar maiores quantidade de gorduras como fonte de energia a fim de regenerar o ATP. É sabido que a produção de ácido láctico pelas células musculares interfere com a mobilização de ácidos graxos livres (AGL) dos seus estoques (tecido adiposo) durante o exercício. Com o aumento da intensidade do exercício, onde ocorre um acúmulo de ácido láctico, a utilização de AGL como fonte de energia parece ser inibida. Contudo, se o exercício se prolongar, o ácido láctico irá ser utilizado como substrato energético pelos músculos e outros tecidos e, toma lugar novamente a oxidação de gorduras como principal fonte energética. Após o treinamento é observado um concentração menor de lactato, a qual tem sido atribuída a um menor déficit de oxigênio, assim como, a uma rápida metabolização do lactato produzido. Contudo, valores elevados de lactato são freqüentemente observados após corridas de longa distância. Isso demonstra a importante participação da via glicolítica, em corredores de longa distância, para o sprint final característico desse tipo de prova. A quantidade relativa da utilização de carboidratos e gorduras utilizados durante competições e treinamentos depende, em parte, do nível de treinamento dos atletas. É sabido que a fadiga e a redução da capacidade de trabalho estão intimamente associados com o esgotamento dos estoques de glicogênio hepático e muscular. Com o aumento da capacidade de utilização de gorduras e a conseqüente diminuição da utilização de glicogênio e glicose, como ocorre em atletas bem treinados e adaptados ao exercício de endurance, ocorre o efeito chamado de glycogen-sparing, o qual poderia adiar a fadiga e proporcionar uma tolerância maior ao exercício. Fica evidente, até o momento, que durante os diferentes tipos de exercício, diferentes sistemas energéticos estão atuando simultaneamente com a finalidade de regenerar o ATP para a manutenção do fornecimento de energia para o trabalho muscular. No entanto, dependendo da intensidade e duração do exercício, a contribuição relativa de cada um desses sistemas pode ocorrer com uma contribuição maior de uma via, e menor de outra. Dessa forma, fica fácil enxergar-mos de que maneira a creatina poderia contribuir como um agente ergogênico para melhorar a performance. Assim, o efeito da suplementação de creatina como agente ergogênico na performance física, e os riscos associados à suplementação serão discutidos no próximo artigo (creatina parte-3).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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sábado, 14 de janeiro de 2012

Core training: análise da eficácia na prevenção de lesões no futebol Core training: análisis de su eficacia en la prevención de lesiones en el fútbol


   Objetivos: Este estudo visa analisar as lesões sofridas pelos atletas de futebol profissional do Sport Club do Recife em 2007, relacionando com as de 2008, após a implementação do core training.Métodos: O estudo foi realizado a partir das análises dos prontuários dos atletas de futebol profissional do Sport Club do Recife admitidos no departamento médico nos anos de 2007 e 2008, juntamente com as informações dos treinos, jogos e competições, fornecidas pela comissão técnica. As lesões foram relacionadas de acordo com as temporadas para identificar a atuação do core training na prevenção destas. O core training foi implementado na preparação dos atletas na temporada de 2008, sendo realizado 2 vezes por semana, em média. Após a obtenção dos dados, as informações foram distribuídas em tabelas e gráfico confeccionados nos programas Microsoft Word 2007 e Microsoft Excel 2007, sendo estudados por análise descritiva. Resultados: Durante as temporadas, encontramos 49 lesões em cada ano, com um tempo de exposição a lesões de 595,5 horas e 688,5 horas, respectivamente, incluindo o total de treinos e jogos realizados. Obtivemos uma média de 0,0822 lesões por hora em 2007 e 0,0711 lesões por hora, em 2008, diferindo entre si em 13,50%, com tais dados mostrando um decréscimo nos índices lesionais entre os anos.Discussão e conclusão: As análises dos dados sugerem a eficácia do core training na prevenção de lesões no futebol, uma vez que os índices de lesões decresceram entre as temporadas. Por ser um dos primeiros estudos relacionando as lesões no futebol com a aplicação do core training, novas pesquisas observando amostras maiores, parâmetros diferentes e diversas intensidades dos exercícios são imprescindíveis para ratificar este tipo de intervenção.

          Unitermos: Core training. Controle neuromuscular. Futebol. Prevenção


O Core training foi incorporado nas atividades de preparação da equipe durante o ano de 2008, com uma freqüência de 2 sessões semanais, em média, com cada exercício sendo mantido numa postura estática, exceto os saltos unipodais em direções variadas, e os atletas orientados a manter um padrão respiratório normal durante o treinamento, podendo a carga de trabalho sofrer alterações dependendo do calendário dos campeonatos disputados.
    As sessões do Core training foram compostas por um circuito de 10 exercícios diferentes, com cada exercício sendo realizados por 2 vezes seguidas, ou seja, por 2 séries, com duração de 30 segundos por série, com um tempo de recuperação entre elas de 30 segundos, totalizando 1 minuto de execução por exercício antes de seguir para o próximo,. O circuito era composto de posturas de ponte com bola a ser sustentada entre os joelhos em decúbito dorsal; prancha em prono com apoio nos cotovelos, antebraços e ponta dos dedos dos pés; prancha lateral com apoio no cotovelo, antebraço e face lateral do pé; balancinho com apoio unipodal e com joelho semi-fletido; disco de propriocepção com apoio unipodal com joelho semi-fletido; agachamento em 90° de flexão de quadril e joelhos; saltos unipodais em direções variadas; sentado numa bola suíça com um membro inferior em flexão de 90° de joelho e quadril e o outro em extensão de joelho e flexão de quadril, com os braços em flexão de 90° com cotovelos estendidos segurando um bastão e mantendo a coluna ereta; apoio unipodal em cama elástica com joelho semi-fletido e tábua de propriocepção com joelho semi-fletido, sendo tais exercícios mantidos em uma postura ótima. Este estudo teve como objetivo principal a análise da eficácia do Core training na prevenção de lesões em atletas de futebol, baseando-se nas incidências das lesões em duas temporadas consecutivas (2007/2008), em que apenas em 2008, foi implementado o programa de exercícios do Core training. Um programa de exercícios focado na melhora do controle neuromuscular e dos estímulos proprioceptivos a fim de diminuir o número das afecções e melhorar a performance dos jogadores (MYER; FORD; PALUMBO et al, 2005).
    Os dados referentes a cada temporada foram agrupados adequadamente a fim de homogeneizar as incidências das lesões de acordo com a exposição dos atletas. Assim, a análise sugere a eficácia do Core training. Encontramos um número de lesões semelhantes (49) em ambas as temporadas, porém diferindo no número de horas de exposição, uma vez que tivemos 93 horas a mais de exposição em 2008. Esta evidência nos leva a correlacioná-la com as afirmações de alguns estudiosos (MYER; FORD; PALUMBO et al, 2005), os quais defendem os treinamentos de equilíbrio e de propriocepção para prevenção de afecções.
    Após avaliarmos as quantidades de patologias por hora encontradas em cada ano, confirmamos a diminuição dos índices de lesões em relação às regiões do corpo, e, por conseguinte, a sugestão da eficácia do Core training, pois encontramos menores índices lesivos em 2008.

    Em relação às afecções observadas entre os anos, obtivemos uma diferença de 13,50% de lesões totais por hora a mais em 2007, levando-nos a concordar com outros estudos, os quais verificaram a eficácia do core training na melhora do desempenho e na diminuição dos índices lesivos (CLARK, 1998 e LEETUN,2004).
    O aumento do equilíbrio, da estabilidade, do controle neuromuscular e da propriocepção em relação às diversas regiões do corpo são relatadas em diversos estudos, nos quais as relacionam separadamente (MYER; FORD; PALUMBO et al, 2005 e ENGENRETSEN; MYKLEBUST; HOLME et al, 2008). Treinamentos de estabilidade e controle neuromuscular têm se mostrado benéficos para a melhora da estrutura corpórea, principalmente relacionadas com o tronco e membros inferiores (MYER; FORD; BRENT et al, 2006 e MYER; FORD; PALUMBO et al, 2005).
    Considerando os tipos de lesões e as posições dos atletas, os nossos dados também se mostraram positivos para a prevenção, confirmando a diminuição das afecções entre os anos. Tais informações foram favoráveis ao uso do Core training em atletas de futebol para o incremento do controle neuromuscular e do equilíbrio lombopélvico.
    A análise da prevalência e dos fatores de risco das lesões esportivas e o desenvolvimento de programas preventivos podem ser de extrema importância para reduzir a incidência de lesões durante a prática do esporte (RIBEIRO; COSTA, 2006).
    A freqüência marcadamente alta das lesões esportivas relatadas na literatura nos mostra a necessidade de programas de prevenção de lesões em futebol profissional (RAYMUNDO; RECKERS; LOCKS et al, 2005).
    Um programa específico de core training para prevenção de lesões para membros inferiores tem sido pouco estudado, pesquisas mais controladas e randomizadas, com uma elevada população seriam importantes para a confirmação deste tipo de trabalho em atletas (AKUTHOTA; NADLER, 2004).
    A maioria das atividades esportivas possui atuações nos três planos de movimentos, com isso os músculos do Core devem ser treinados e avaliados utilizando-se destes três planos, o que poderia melhorar ainda mais os nossos achados, uma vez que no nosso estudo pouco se utilizou exercícios multiplanares.
                                                      Resultados 

    Durante as temporadas de 2007 e 2008, o time de futebol profissional do Sport Club do Recife disputou 61 e 72 partidas, respectivamente, totalizando 91,5 e 108 de horas jogadas sem acréscimos em campeonatos pernambucanos, brasileiros (série A) e Copa do Brasil. Para tanto, tivemos um número de 504 e 580,5 horas de treinos para a disputa das competições para o primeiro e segundo ano, sendo nesta análise das 2 temporadas encontradas um total de 49 lesões entre os atletas em cada ano, totalizando 98 lesões (tabela 1).
Tabela 1. Dados referentes às análises das lesões em cada temporada

   

2007

2008

Número de lesões

49

49

Treinos (hora)

504

580,5

Jogos (hora)

91,5

108

Atletas (média)

35

35

Número de lesões\hora

0,0822

0,0711


 Na tabela 2, as médias das lesões por hora de exposição foram distribuídas de acordo com as regiões do corpo, as posições dos atletas e os tipos de lesões, em cada ano. Nesta análise podemos observar a maior incidência de lesões em todas as subdivisões em 2007, ano sem intervenção preventiva, em detrimento de 2008, no qual tivemos o Core training.
Tabela 2. Comparação entre as lesões por hora de exposição por temporada relacionando com as regiões do corpo, as posições dos atletas e os tipos de lesões.


Lesões por hora de exposição

Grupo sem intervenção/2007
(n – 35)

Grupo com intervenção/2008
(n – 35)


Média

Média

Regiões do corpo

0,01028

0,00889

Posições dos atletas

0,01645

0,01423

Tipos de lesões

0,01645

0,01423

Fonte: Departamento médico do Sport Club do Recife
 Já no Gráfico 1, através da comparação das afecções em cada temporada evidenciamos a prevalência do número total de lesões por hora no ano de 2007, superando em 13,50%, enquanto que, como demonstrado na tabela 2, o grupo submetido a intervenção do Core training em 2008, obteve um menor número de lesões por hora de exposição.
Gráfico 1. Comparação entre os números de lesões por hora em cada temporada (2007/2008)


4.     Discussão
    Este estudo teve como objetivo principal a análise da eficácia do Core training na prevenção de lesões em atletas de futebol, baseando-se nas incidências das lesões em duas temporadas consecutivas (2007/2008), em que apenas em 2008, foi implementado o programa de exercícios do Core training. Um programa de exercícios focado na melhora do controle neuromuscular e dos estímulos proprioceptivos a fim de diminuir o número das afecções e melhorar a performance dos jogadores (MYER; FORD; PALUMBO et al, 2005).
    Os dados referentes a cada temporada foram agrupados adequadamente a fim de homogeneizar as incidências das lesões de acordo com a exposição dos atletas. Assim, a análise sugere a eficácia do Core training. Encontramos um número de lesões semelhantes (49) em ambas as temporadas, porém diferindo no número de horas de exposição, uma vez que tivemos 93 horas a mais de exposição em 2008. Esta evidência nos leva a correlacioná-la com as afirmações de alguns estudiosos (MYER; FORD; PALUMBO et al, 2005), os quais defendem os treinamentos de equilíbrio e de propriocepção para prevenção de afecções.
    Após avaliarmos as quantidades de patologias por hora encontradas em cada ano, confirmamos a diminuição dos índices de lesões em relação às regiões do corpo, e, por conseguinte, a sugestão da eficácia do Core training, pois encontramos menores índices lesivos em 2008.

    Em relação às afecções observadas entre os anos, obtivemos uma diferença de 13,50% de lesões totais por hora a mais em 2007, levando-nos a concordar com outros estudos, os quais verificaram a eficácia do core training na melhora do desempenho e na diminuição dos índices lesivos (CLARK, 1998 e LEETUN,2004).
    O aumento do equilíbrio, da estabilidade, do controle neuromuscular e da propriocepção em relação às diversas regiões do corpo são relatadas em diversos estudos, nos quais as relacionam separadamente (MYER; FORD; PALUMBO et al, 2005 e ENGENRETSEN; MYKLEBUST; HOLME et al, 2008). Treinamentos de estabilidade e controle neuromuscular têm se mostrado benéficos para a melhora da estrutura corpórea, principalmente relacionadas com o tronco e membros inferiores (MYER; FORD; BRENT et al, 2006 e MYER; FORD; PALUMBO et al, 2005).
    Considerando os tipos de lesões e as posições dos atletas, os nossos dados também se mostraram positivos para a prevenção, confirmando a diminuição das afecções entre os anos. Tais informações foram favoráveis ao uso do Core training em atletas de futebol para o incremento do controle neuromuscular e do equilíbrio lombopélvico.
    A análise da prevalência e dos fatores de risco das lesões esportivas e o desenvolvimento de programas preventivos podem ser de extrema importância para reduzir a incidência de lesões durante a prática do esporte (RIBEIRO; COSTA, 2006).
    A freqüência marcadamente alta das lesões esportivas relatadas na literatura nos mostra a necessidade de programas de prevenção de lesões em futebol profissional (RAYMUNDO; RECKERS; LOCKS et al, 2005).
    Um programa específico de core training para prevenção de lesões para membros inferiores tem sido pouco estudado, pesquisas mais controladas e randomizadas, com uma elevada população seriam importantes para a confirmação deste tipo de trabalho em atletas (AKUTHOTA; NADLER, 2004).
    A maioria das atividades esportivas possui atuações nos três planos de movimentos, com isso os músculos do Core devem ser treinados e avaliados utilizando-se destes três planos, o que poderia melhorar ainda mais os nossos achados, uma vez que no nosso estudo pouco se utilizou exercícios multiplanares.

5.     Conclusão

    O presente estudo observou que o Core training foi eficaz para a prevenção de lesões em atletas de futebol profissional, tanto do ponto de vista geral, como das variáveis analisadas, uma vez que a mesma quantidade de lesões foi encontrada entre as temporadas, enquanto que a carga de exposição sofrida pelos atletas em 2008 foi superior que a de 2007, o que tenderia a elevar o índice de lesão.
    Relatos dos atletas nos mostraram a melhora na consciência corporal, de equilíbrio e de força durante a realização das suas atividades profissionais.
    Porém, novos estudos incorporando uma maior população de atletas, com mais exercícios multiplanares no Core training, com cargas de treinos variáveis e análises de parâmetros mais específicos, tais como a relação entre cada região do corpo, posições dos atletas, tipos de lesões, idade, peso, altura, antecedentes lesivos, entre outros, seriam significantes para ratificar a implementação deste treinamento em esportistas.

Referências
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  • RIBEIRO, R. N., COSTA, L. O. P. Análise epidemiológica de lesões no futebol de salão durante o XV Campeonato Brasileiro de seleções Sub 20. Rev. Bras. Med. Esporte. Vol. 12. N.1. Jan/Fev. 2006.
  • SAMSON, K. M., The effects of five-week core stabilization-training program on dynamic balance in tennis athletes. Master of science in athletes training. Morgantown,2005.
  • SCHMID, S; ALEJO, B. Complete Conditiong for SoccerChampaign: Human Kinetics, 2002. 184 p.
  • SILVA, R. P., Estudo das alterações posturais em indivíduos portadores de Síndrome da Dor Patelo-femoral. Reabilitar 15:6-19,2002.
  • ZITO, M. The adolescent athlete: a músculoskeletal update. J Orthop Sports Phys Ther 1983; 5;20-5.








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Periodização Tática e Futebol


Periodização Tática e Futebol

“Aspecto particular da programação, que se relaciona
com uma distribuição no tempo, de forma regular, dos
comportamentos tácticos de jogo, individuais e
colectivos, assim como, a subjacente e progressiva
adaptação do jogador e da equipa a nível técnico, físico,
cognitivo e psicológico”.
(MOURINHO, 2001)
A definição acima dada pelo treinador português José Mourinho sobre o seu conceito para a periodização contempla o que para ele são os quatro aspectos fundamentais que o treinamento deve abranger de uma forma indissociável. Defende que toda sessão de treino deva ser realizada com bola de forma que o atleta pense no jogo. Para Carvalhal (2003) a primeira preocupação nessa periodização é o jogo, com ênfase em treinos situacionais e em situações de jogo, com o treino físico (ou da dominante física) inserido no mesmo.
Essa forma de periodizar é contrária aos modelos tradicionais, em que as prioridades do treino são outras; em que os aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos possuem sessões particulares de trabalho, sendo em alguns momentos “integrados” em treinamentos físico-técnicos ou técnico-táticos que apesar da presença da bola não possuem como objetivo central a melhora da qualidade do jogo.
Considerando como epicentro do jogo o aspecto tático, a Periodização Tática (PT) citada pelos treinadores acima tem como referência o Modelo de Jogo Adotado (MJA) e, com isso, os outros aspectos devem estar presentes sempre nas sessões de treinos, pois sem eles o jogo em alta qualidade torna-se fora do alcance. A tática é pensada como aspecto central da construção do treino, de forma que as outras capacidades sejam desenvolvidas por “arrasto”, de forma contextualizada e identificada com a matriz de jogo proposta.
Para isso nas sessões de treino são desenvolvidos exercícios que construam e potencializem a forma de jogar exacerbando algumas situações (princípio metodológico das propensões) que o treinador eleja como prioridade naquela sessão.
Dentro da PT não faz sentido um mesociclo apoiado em microciclos que tenham em sua estrutura perspectivas praticamente idênticas pautadas ou na variação de volumes de carga, ou de prioridades físicas, ou nas pendências fisiológicas. Na perspectiva do MJA, o microciclo segue uma progressão complexa relacionada ao processo e compreensão da lógica do jogo e ao modelo de jogo a se jogar.
A Periodização Tática emerge, na prática competitiva (principalmente em Portugal nesse momento), como uma nova proposta de periodização para os jogos coletivos, respeitando suas características – e nesse caso aprofundando nas particularidades e complexidades do futebol. Surge como alternativa para a periodização tradicional que têm, em grande parte de seus idealizadores, origem em esportes individuais ou com um curto período competitivo. Parte do pressuposto de que esportes coletivos, como o futebol nesse caso, com longos períodos de competição necessitam de regularidade competitiva, não tendo nos “picos de forma” esse objetivo atingido. Os picos do Modelo de Jogo tornam-se as metas a serem buscadas e que, pelos constantes processos de construção do mesmo proporciona um desenvolvimento contínuo.
Para pesquisadores e profissionais da Educação Física, PT e MJA não são nenhuma novidade, longe disso. Autores clássicos estudados em boas faculdades de Educação Física no Brasil propõem discussões nessa perspectiva há mais de 20 anos. A novidade talvez seja vê-la realmente na prática desportiva do futebol de alto nível.
A PT mostra uma preocupação com a qualidade do jogo e rompe com conceitos cartesianos fincados em nossa sociedade. Seus conceitos, idéias e perspectivas passaram agora pelos portões das universidades, rumo a batalha contra os achismos que ainda imperam no futebol (ou por tradicionalismos ou pela falta de conhecimento científico).
Que vençam a batalha!
Referências Bibliográficas
Carvalhal, C. (2003), “Periodização táctica. A coerência entre o exercício de treino e o modelo de jogo adotado” Documento de apoio das II Jornadas técnicas de futebol da U.T.A.D
Mourinho, J. (2001), “Programação e periodização do treino em futebol” in palestra realizada na ESEL, no âmbito da disciplina de POAEF.






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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Câimbras e Fadiga Muscular

Apesar de existirem muitas causas para câimbras musculares ou tetania, grandes perdas de sódio e líquidos costumam ser fatores essenciais que predispõem atletas a câimbras musculares. O sódio é um mineral importante na iniciação dos sinais dos nervos e ações que levam ao movimento nos músculos. Nós temos uma baixa nas reservas de sódio no organismo ao transpirarmos quando praticamos alguma atividade física.
Um estudo realizado com um tenista profissional no EUA apresentava que a perda de sódio em uma partida de várias horas era muito maior do que o consumo diário desse mineral pelo atleta e o quadro de câimbras musculares era reincidente. Dada a popularidade de dietas com pouco sódio, um déficit de sódio não está fora de questão quando um atleta está suando em taxas altas, particularmente nos meses quentes do ano.
Mas não devemos apenas associar as câimbras musculares o déficit do sódio no organismo. Existem outras causas potenciais como diabetes, problemas vasculares (estes pela baixa de oxigênio na fibra muscular, já que o oxigênio é elemento fundamental na contração muscular) ou doenças neurológicas. Os atletas atribuem câimbras à falta de potássio ou outros minerais como cálcio ou magnésio. A opinião médica atual não dá apoio a esta idéia. Os músculos tendem a acumular potássio, cálcio e magnésio de forma tal que são perdidos em níveis menores na transpiração, se comparados com sódio e cloreto. A dieta geralmente fornecequantidades adequadas para prevenir déficits que iriam contribuir para a ocorrência de câimbras.
A fadiga pode ser entendida como um declínio gradual da capacidade do músculo de gerar força, resultante de atividade física. A fadiga muscular resulta de muitos fatores, cada um deles relacionados àsexigências específicas do exercício que a produz. Esses fatores podem interagir demaneira que acabe afetando sua contração ou excitação, ou ambas. As concentrações de íons de hidrogênio podem aumentar causando acidose. Os estoques de glicogênio podem diminuir dependendo das condições de contração. Os níveis de fosfato inorgânico podem aumentar. As concentrações de ADP podemaumentar. A sensibilidade de Ca2+ da Troponina pode ser reduzida. A concentração de íons livres de Ca2+ dentro da célula pode estar reduzida. Pode haver mudanças na freqüência de potenciais de ação dos neurônios. Uma redução significativa no glicogênio muscular está relacionada à fadiga observada durante o exercício submáximo prolongado. A fadiga muscular no exercício máximo de curta duração está associada à falta de oxigênio e um nível sangüíneo e muscular elevado de ácido lático, com um subseqüente aumento drástico na concentração de H+ dos músculos que estão sendo exercitados. Essa condição anaeróbica pode causar alterações intracelulares drásticas dentro dos músculos ativos, que poderiam incluir uma interferência no mecanismo contrátil, uma depleção nas reservas de fosfato de alta energia, uma deterioração na transferência de energia através da glicólise, em virtude de menor atividade das enzimas fundamentais, um distúrbio no sistema tubular para a transmissão do impulso por toda a célula e desequilíbrio iônicos. É evidente que uma mudança na distribuição de Ca2+ poderia alterar a atividade dos miofilamento e afetar o desempenho muscular. A fadiga também pode ser demonstrada na junção neuromuscular, quando um potencial de ação não consegue ir do motoneurônio para a fibra muscular. O mecanismo exato da fadiga é desconhecido. A contração muscular voluntária envolve uma “cadeia de comando” docérebro às pontes cruzadas de actina-miosina (figura 12). 
A fadiga pode ocorrercomo resultado de rompimento de qualquer local da cadeia de comando. A fadiga
pode ser descrita tanto como central como periférica. A fadiga central estátipicamente associada com a ausência de motivação, transmissão espinhal danificada ou recrutamento das unidades motoras danificado. Geralmente, fatiga periférica se refere ao dano na transmissão nervosa periférica, na transmissão neuromuscular, dano no processo de ativação das fibras ou interações actinamiosina.
Fonte:Nutrição e Esporte – Uma abordagem Bioquímica-2003







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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PUBALGIA

Você sente uma dorzinha na região da bacia ou até mesmo nas coxas por causa da corrida? Isso pode ser sinal de pubalgia. Saiba o que é a lesão e como tratar.
 A pubalgia consiste em dor inguinal crônica e dor púbica unilateral ou bilateral. A incidência desta lesão é mais freqüente em homens, devido às atividades físicas intensas, principalmente ao futebol, tênis e corrida.


Os sintomas da pubalgia são:


  • Dor na região púbica, principalmente ao levantar, sentar e ao tossir.



  • Aumento da dor com apoio unipodal e exercícios de alta intensidade (corrida) .



  • Sensação de ardor na região da virilha.



  • Crepitação na sínfise púbica.



  • Espasmos de adutor.



  • Diminuição da amplitude de movimento do quadril.



  • Possível dor lombar.



  • Marcha Anserina (marcha com rotação lateral dos membros inferiores).



  • No futebol, dor no primeiro passe ou chute.

  • O diagnóstico diferencial deve ser feito para descartar doenças como: prostatite, infecção urinária, fratura por stress, dor irradiada da coluna e principalmente hérnia inguinal, a qual é confundida em 50% das vezes. Os exames de imagem podem estar normais. No raio-x pode haver deslocamento púbico para cima, e nos demais exames sinais de inflamação local.

    Os sintomas da pubalgia são na maioria das vezes causados pelo desequilíbrio muscular entre os músculos abdominais e adutores. A ação dos abdominais leva a uma elevação pélvica e os adutores acabam por tracionar, afastando a sínfise púbica, levando então a um stress ligamentar e inflamação local.
    Outro grupo muscular que interfere neste desequilíbrio biomecânico são os posteriores da coxa (isquiotibiais). Quando estes estão encurtados ocorre uma tração lombar, potencializando o desequilíbrio de abdominais de adutores, principalmente no movimento de chute do futebol.

    Tratamento - O tratamento inicial é sempre conservador. Repouso completo, administração de antiinflamatórios e aplicação de compressa de gelo por quinze minutos no local, para aliviar a dor. Pode-se alongar levemente os músculos abdominais, adutores e isquiotibiais (nos casos de término da dor, alongar normalmente).

    A fisioterapia tem papel fundamental no re-equilíbrio muscular e no retorno as atividades desportivas. O tratamento cirúrgico só é utilizado caso o tratamento conservador falhe. 



  • O termo pubalgia denomina dor no púbis (o osso que se localiza no final do músculo do abdome, sob a região genital; faz parte do osso do quadril - veja figura na página seguinte). Essa denominação é muito abrangente, o que muitas vezes gera confusão, pois seus sintomas podem se assemelhar a outras patologias. Para alguns autores este termo é usado para a ocorrência da lesão do canal inguinal, mais conhecida como hérnia inguinal.
  • Outras patologias que têm sintomas parecidos são: hérnia inguinal, doenças geniturinárias, osteítes púbicas (síndrome do músculo grácil e síndrome do músculo piriforme), prostatite, bursites na região do quadril ou artrite do quadril. Porém, mais de uma causa pode estar associada à dor no quadril. Abordaremos nesta matéria somente a dor na virilha relacionada à tensão da musculatura dessa região com ou sem alteração do osso do púbis e sem hérnia inguinal. A dor na região do púbis ou na virilha é muito comum em atletas e pode ser aguda ou crônica. Acomete principalmente jogadores de futebol e tênis, mas também corredores de longa distância (maratonistas) quando em treinos de tiro, ou corredores de aventura. É mais freqüente em homens do que em mulheres devido à quantidade proporcional de praticantes de futebol e também às diferenças anatômicas e biomecânicas dessa região do corpo (a bacia da mulher se adapta melhor aos impactos dos esportes).
    1. Mecanismos de lesão e causas. Os mecanismos de lesão podem incluir alterações rápidas de direção, movimentos repetidos de corrida associados a desequilíbrios musculares, traumas diretos, diferenças no comprimento dos membros inferiores, prática esportiva em pisos duros, uso de calçados inadequados e excesso de treino. A causa mais comum da dor na virilha é a distensão ou tensão exagerada da musculatura que envolve esta região, abrangendo os músculos adutor longo, reto abdominal, iliopsoas, pectíneo e reto femoral. Pouca flexibilidade da musculatura da região do quadril e pélvis, assim como instabilidade de quadril e desequilíbrio muscular entre adutores e músculos do abdômen, também podem contribuir para o surgimento da pubalgia. Quando a pubalgia tem sua causa na musculatura, o músculo e tendão mais acometido normalmente é o do músculo adutor (porção longa), podendo apresentar uma inflamação crônica ou até uma lesão das fibras (ruptura de uma parte do tendão ou músculo). Outro músculo comumente acometido é o reto abdominal na porção que se insere no osso púbis. A tensão nestes dois músculos desequilibra o quadril, pois o músculo reto abdominal traciona o osso do quadril para cima, enquanto o adutor puxa para baixo.
    2. Sintomas. A dor é bem localizada na virilha e pode acometer apenas um lado ou os dois. Normalmente ocorre durante a corrida (ou outro esporte), mas se o atleta continuar correndo a dor pode aparecer durante outras atividades como sentar-se e levantar-se de uma cadeira, subir e descer escadas, agachar, mudanças de direção abrupta, aceleração e chute. Corredores normalmente apresentam dor localizada e forte desde o início da doença.
    3. Se houver irradiação da dor, o atleta pode sentir incômodo na região de abdome inferior, adutores, região genital e lombar, caso haja associação com alterações da articulação sacroilíaca (junção do quadril e porção final da coluna).
    4. Diagnóstico. Quanto mais demorado for o início do tratamento maior será o tempo de recuperação. Quando diagnosticado e tratado rapidamente o corredor tem a chance de não se afastar da corrida, tendo apenas o seu treino modificado até a recuperação total. O tempo de afastamento do esporte depende de cada caso.
    5. O diagnóstico médico é de extrema importância. Além do exame físico, os exames de imagem auxiliarão o médico a fazer o diagnóstico correto. O raio X pode mostrar lesão do osso púbis, calcificação dos tendões acometidos, osteoartrite ou instabilidade pélvica. Já a tomografia computadorizada e a ressonância magnética podem evidenciar outras causas da dor na virilha, como a existência de hérnia inguinal ou lesões musculares e tendíneas.
    6. Tratamento. O tratamento para dor na virilha decorrente da hérnia inguinal é, na maioria das vezes, cirúrgico. Já o tratamento para pubalgia decorrente das alterações musculares e ósseas é conservador. Esse é o principal motivo de escolhermos o segundo tipo para aqui abordarmos. Além do tratamento médico, a acupuntura e a fisioterapia auxiliarão a completa recuperação.
    7. O objetivo do tratamento fisioterápico consiste em diminuir a dor e a inflamação, aumentar a resistência do tendão ou tendões acometidos, restabelecer o equilíbrio muscular, melhorar a estabilidade do quadril e da coluna. É recomendada a aplicação de bolsa de gelo por 20 minutos no local da dor, duas a três vezes por dia, desde o início do aparecimento da dor até o final do tratamento.
    8. No início da patologia não se deve correr com dor. Muitas vezes, após a realização do tratamento correto, no retorno ao esporte pode acontecer um pouco de dor durante a corrida, mas essa dor pode ser descrita mais como um incômodo do que dor. A musculatura acometida precisa de um tempo de adaptação, o que justifica esse incômodo, bem diferente da dor durante a pubalgia.
    9. A pubalgia é um grande desafio na medicina esportiva. Não é apenas um problema para ser diagnosticada, mas também de difícil tratamento. Se não tratada corretamente pode se tornar crônica e atrapalhar a vida esportiva dos atletas. É uma patologia que requer um acompanhamento multidisciplinar. Siga a orientação do seu médico e procure um profissional capacitado para acompanhar a sua reabilitação. O fisioterapeuta poderá utilizar técnicas de terapia manual e correções posturais como RPG (Reeducação Postural Global) para proporcionar uma recuperação segura e completa (sem recidivas). Dessa forma você não sentirá tantas saudades da corrida...





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  • O exame com Bioimpedância


    como funciona a avaliação:

    Esse exame, pra quem não sabe, diz quanto de massa gorda você realmente tem. Ele mostra quanto é água, quanto é músculo e quanto é gordura! Vale muito a pena, pois assim o objetivo de emagrecimento fica mais claro!

    SAIBA REALMENTE QUAL O SEU PESO REAL PELA AVALIAÇÃO DE GORDURA E ÁGUA CORPORAL ATRAVÉS DO EXAME DE BIOIMPEDÂNCIA
    O exame foi considerado pelo Consenso Latino Americano de Obesidade como um método apurado para avaliação da composição corporal.

    Com os dados dessa avaliação, é possível fazer o correto diagnóstico de peso corporal, avaliando se a pessoa está inchado ou se é excesso de peso realmente. Com os resultados da avaliação, o cardápio é melhor elaborado e as metas são melhores atingidas.

    Vantagens
    A BIA é um método não invasivo, rápido, com boa sensibilidade, indolor, usado para avaliar a composição corpórea, baseado na passagem de uma corrente elétrica de baixa amplitude (500 a 800 mA) e de alta freqüência (50 kHz), e que permite mensurar os componentes resistência (R), reatância (Xc), impedância (Z) e ângulo de fase.

    O aparelho calcula:

    •Real % Gordura Corporal e Peso Gordura
    •% de massa magra e massa magra corporal
    • Peso total
    •% Água Corporal
    • Taxa Metabólica Basal (TMB) – Quanto você gasta em calorias por dia.
    • Índice de Massa Corporal 
    • Relação cintura / quadril
    • Valores de Impedância de 50kHz

    O que é o exame de Bioimpedância (BIA)?
    Avalia o percentual de gordura, percentual de massa magra e hidratação, permitindo calcular a faixa ideal de peso para o indivíduo de acordo com o sexo e idade. 

    É um exame em que uma corrente elétrica passa pelo corpo através de dois pares de eletrodos adesivos colocados na mão e no pé direito. O exame é totalmente indolor, mas não é indicado para gestantes e portadores de marca-passo. 

    Quanto maior é o percentual de gordura, maior é a dificuldade para a corrente elétrica atravessar o corpo. A bioimpedância é útil para informar o percentual de gordura em sua totalidade, ou seja, mede tanto a gordura que está debaixo da pele como a gordura que está entre os órgãos. As medidas freqüentes das dobras cutâneas com um adipômetro de precisão complementam as informações da bioimpedância.

    Para realizar o exame, é necessário tomar algumas medidas para o exame não ter erros:
    1. Suspender o uso de medicamentos diuréticos de 24 horas a 7 dias antes do teste
    2. Estar em jejum de pelo menos 4 horas
    3. Estar em abstinência alcoólica por 24 a 48 horas
    4. Evitar o consumo de cafeína 24 horas antes do teste
    5. Estar fora do período pré menstrual
    6. Não ter praticado atividade física intensa nas últimas 24 horas
    7. Urinar pelo menos 30 minutos antes da medida
    8. Permanecer pelo menos 5 -10 minutos de repouso absoluto em posição de decúbito dorsal antes de efetuar a medida
    9. Contra-Indicação absoluta para a realização do teste: portadores de marcapasso e gestantes
    10. Beba 2 litros de água no dia anterior. O nível de desidratação e a temperatura ambiente também podem apresentar alguma influência na qualidade das informações. A hipoidratação ou hiperhidratação altera as concentrações eletrolíticas normais do corpo, que por sua vez afetam o fluxo da corrente. A perda de água corporal através da perda de suor do exercício ou pela restrição hídrica voluntária acarreta em uma estimativa menor do percentual de gordura corporal; a hiperhidratação produz o efeito oposto superestimando a gordura corporal
    11.  





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