sábado, 18 de agosto de 2012

Efeitos da exposição à altitude




Introdução


    Pela menor disponibilidade de oxigênio, a intensidade do exercício é reduzida na altitude, e as adaptações geradas por essa exposição são os principais fatores a serem avaliados quando há programada uma competição em altitude elevada.
    Uma permanência adequada na altitude desenvolve uma série de alterações fisiológicas, que visam um melhor transporte de oxigênio. Buscando aprimorar a entrega de oxigênio aos tecidos, muitos atletas de elite usam do treinamento na altitude para aperfeiçoarem a preparação física e melhorarem o desempenho ao nível do mar. O tempo de exposição e o nível de altitude são os principais fatores que podem levar a um desempenho otimizado, ou a prejuízos para a saúde do atleta. (WILBER, STRAY-GUNDERSEN, LEVINE, 2007; MAZZEO, 2008).
    Muitos autores citam uma evolução na condição física de atletas que utilizaram do treinamento em altitude, embora com grandes variações na metodologia aplicada.
    O objetivo deste artigo é revisar as adaptações fisiológicas geradas pela exposição à altitude e seus efeitos no desempenho físico.


Efeitos da exposição à altitude

    Ao realizar um exercício físico na altitude, temos dois tipos de estresses aos quais o corpo mais responde e se adapta, o exercício e a hipóxia, que é a quantidade reduzida de oxigênio num ambiente, e afeta diretamente a intensidade do exercício.
    Ao nível do mar, segundo Mcardle, Katch e Kacth (2003), o ar exerce uma pressão barométrica de 760 milímetros de mercúrio (mmHg), com um percentual de oxigênio de cerca de 20,93%. Mazzeo (2005) descreve que na altitude, o ar ambiente continua contendo 20,93% de oxigênio, porém, a pressão barométrica é menor conforme ascendemos a níveis maiores de altitude, fazendo com que diminua o número de moléculas de oxigênio por unidade de volume, ou seja, uma menor pressão parcial de oxigênio (pO2).
    Citado por West (2004), o consumo máximo de oxigênio (VO2 max) é reduzido à 85% do valor ao nível do mar, numa altitude de 3.000 m. A 5.000 m de altitude, esse valor é de apenas 60% do valor conseguido ao nível do mar, e no pico do Monte Everest (8.848 m) o consumo máximo de oxigênio fica em menos de 30% do valor ao nível do mar.
    As alterações fisiológicas, como conseqüência da hipóxia, ocorrem nos primeiros momentos de exposição à altitude.
    Essas adaptações são fundamentais para o fornecimento de oxigênio aos tecidos, seguidas por adaptações crônicas que podem levar meses.
    Esse processo de adaptação recebe o nome de aclimatação à altitude, como veremos em detalhes.


Aclimatação

    Os principais ajustes que ocorrem em resposta a exposição aguda à altitude são a hiperventilação e um maior débito cardíaco (em repouso e em exercício submáximo). Exposições prolongadas à altitude proporcionam ajustes que ocorrem de maneira mais lenta, para melhorar a tolerância à hipóxia, como um equilíbrio ácido-básico dos líquidos corporais, um aumento no número de hemácias e maior concentração de hemoglobina.
    Os efeitos da aclimatação variam conforme a altitude e a individualidade biológica. Uma adaptação plena a uma altitude média, pode ser apenas uma adaptação parcial a altitudes maiores.
    O tempo ideal necessário para a aclimatação, numa média geral, fica em torno de 15 dias para uma altitude de 2.500 m, a partir daí, cada aumento de 610 m necessita de uma semana adicional para uma aclimatação plena. As adaptações produzidas pela aclimatação dissipam-se em cerca de 20 dias após retorno ao nível do mar. (FOSS, KETEYIAN, 2000; MUZA, 2007).
    Mazzeo (2008) cita também que há uma síntese aumentada das catecolaminas (adrenalina e principalmente noradrenalina), hormônios produzidos pela medula supra-renal, em resposta a exposição às grandes altitudes. Esses hormônios ajudam no processo de adaptação a um ambiente com menor quantidade de oxigênio. A adrenalina acelera a freqüência cardíaca e aprimora a contratilidade do miocárdio, aumentando assim o fluxo sangüíneo para os músculos, o consumo de oxigênio e a mobilização de glicogênio. A melhora na saturação do oxigênio arterial ocorre com a aclimatação, diminuindo o estresse hipóxico e diminuindo os níveis de adrenalina. Já a noradrenalina tem seus níveis plasmáticos semelhante aos observados ao nível do mar em exposição aguda à altitude, atingindo seus níveis máximos após 4-6 dias de exposição a uma grande altitude. Entre seus principais efeitos está a constrição aumentada das arteríolas e vênulas, resultando em aumento da pressão arterial.


Transporte de oxigênio no sangue

    O oxigênio pode ser dissolvido no plasma e transportado até os tecidos numa quantidade relativa de 3% a 4% do consumo total por minuto. O transporte efetivo do oxigênio dos pulmões até os tecidos é realizado pela hemoglobina, uma proteína presente nas hemácias, que além de carrear O2 tem uma importante função na manutenção do pH sangüíneo. A molécula de hemoglobina é constituída de quatro subunidades, onde cada subunidade pode transportar uma molécula de oxigênio. (MARZZOCO, TORRES, 2007).
    As hemácias, também chamadas de eritrócitos ou glóbulos vermelhos, onde estão presentes as hemoglobinas, são células anucleadas e sem mitocôndrias, sendo portanto células exclusivistas de glicose, que produzem energia unicamente através da glicólise.
    A hemoglobina mostra-se com a afinidade reduzida pelo oxigênio quando os níveis de 2,3-bisfosfoglicerato (2,3-BPG) estão altos. O 2,3-BPG é formado a partir do 1,3-bisfosfoglicerato, um intermediário na degradação da glicose. Os níveis de 2,3-BPG aumentam em condições de hipóxia prolongada, como a permanência na altitude. É uma adaptação à diminuição na oferta de oxigênio, que visa compensar essa disponibilidade diminuída com um aumento da liberação de O2 pela hemoglobina. Com uma afinidade reduzida pelo oxigênio, a hemoglobina o libera de maneira mais eficiente. (FOSS, KETEYIAN, 2000; MARZZOCO, TORRES, 2007).
    A mioglobina, uma proteína semelhante a uma subunidade da hemoglobina, é encontrada em grande quantidade no músculo, funcionando como um reservatório adicional de oxigênio. Por ter uma afinidade maior por oxigênio em relação a hemoglobina, em qualquer pO2, a mioglobina recebe o O2transportado pela hemoglobina e o libera em condições de pO2 muito baixas, para ser utilizado pelas mitocôndrias das células musculares. (LEHNINGER, NELSON, COX, 2007; ROBACH et al, 2007)


Policitemia

    A baixa pressão parcial do oxigênio, associada com os efeitos da altitude, estimula um aumento na produção de eritropoetina pelos rins, em resposta a uma hipóxia arterial. O hormônio eritropoetina, também chamado de hormônio eritrócito-estimulante, age na medula óssea de ossos longos, estimulando a produção, que leva a um aumento, das hemácias, condição esta denominada policitemia. (MCARDLE, KATCH, KATCH, 2003; GORE, CLARK, SAUNDERS, 2007).
    Além da exposição à altitude, outras práticas induzem a um aumento no número de hemácias, como a permanência em câmaras de hipóxia artificial, com a quantidade de oxigênio controlada por filtração do gás ou diluição de nitrogênio, reduzindo a pO2 ambiente, prática recentemente incluída na lista de substâncias/métodos proibidos da Agência Mundial de Anti Doping (WADA – World Anti Doping Agency), a aplicação de eritropoetina endógena e o doping sanguíneo, ambos proibidos pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). (BARROS NETO, 2001; WILBER, 2005).
    Em um estudo realizado por Levine e Stray-Gundersen (1997) apud Wilber, Stray-Gundersen e Levine (2007), após 22 horas por dia de exposição, durante 4 semanas de permanência numa altitude de 2.500 metros, corredores treinados exibiram aumento significativo de 5% no volume de hemácias, 9% na concentração de hemoglobina e uma melhora de 4% no VO2max avaliado em esteira.
    Com a síntese de eritropoetina elevada, aumenta a produção de hemácias, e consequentemente o número de hemoglobina disponível, melhorando a capacidade de ligação do oxigênio. É sugerido por Weineck (2005) que posteriormente à produção de hemácias, o número de moléculas de hemoglobina por hemácia também seja aumentado, portanto, ocorre um aumento no número e no tamanho das hemácias, e com isto, um aumento da viscosidade do sangue, o que torna o trabalho cardíaco maior.
    Durante a exposição contínua à uma altitude de em média 2.200 m, a eritropoetina atinge seu pico de liberação dentro de 24-48 horas e depois declina próximo aos níveis basais. (GORE, CLARK, SAUNDERS, 2007). Entretanto o processo de policitemia é lento, levando vários dias para aumentar a produção de hemácias. (WEST, 2004).
    Segundo Grover e Bärtsch (2001) apud Gore, Clark e Saunders (2007), a elevação dos níveis de eritropoetina nas primeiras horas de permanência na altitude representa o período em que a produção excedeu o consumo pela medula óssea, a qual subsequentemente aumentou o consumo do hormônio, levando a uma alta na produção de hemácias, e finalmente a um equilíbrio. Apesar de uma produção elevada, os níveis de eritropoetina ficam próximos aos níveis basais, pois seu consumo também é aumentado, o que impede a avaliação de alterações em sua concentração após a exposição inicial.
    A exposição a um ambiente hipóxico, como a altitude, ativa o fator de transcrição HIF-1 (hypoxic-inducible factor 1) que controla uma ampla gama de genes envolvidos na produção de hemácias. (ROBACH et al, 2007). Sob condições de pO2 normal, o HIF-1 é rapidamente degradado. Em condições hipóxicas, o complexo HIF-1 é estável, ativando a transcrição e estimulando a produção de eritropoetina, além de outros efeitos fisiológicos, como atuar no transporte da glicose, na atividade de enzimas glicolíticas, em respostas inflamatórias e no metabolismo dos ossos. (WANG, SEMENZA, 1996 apud WILBER, STRAY-GUNDERSEN, LEVINE, 2007).
    A produção de hemácias envolve aumento no suprimento de ferro, componente da hemoglobina, e além de poder resultar em falta de ferro para outros compartimentos corporais, pessoas com reservas insuficientes de ferro podem não responder efetivamente aos efeitos da aclimatação. (HERSHKO, 2007).
    No trabalho de Robach et al (2007) foram examinados os efeitos da hipóxia sobre proteínas do metabolismo do ferro (HIF-1, IRP- iron regulatory proteins, IRE – iron regulatory elements e TfR – transferrin receptor) no sangue e no músculo vasto lateral de jovens adultos, avaliados ao nível do mar e depois de 7-9 dias de aclimatação a uma altitude de 4.559 m. Foi percebido um aumento no número de hemoglobina, acompanhado de uma diminuição na concentração muscular de mioglobina, sugerindo que o aumento na necessidade de ferro pelos estímulos hipóxicos resultaram em mobilização de ferro muscular. Deve-se lembrar que o trabalho utilizou-se de um curto período de permanência na altitude e não houve controle alimentar citado.


Problemas de saúde relacionados à altitude

    Além das adaptações geradas para uma permanência mais confortável, pessoas expostas à altitude correm o risco de desenvolver alguns problemas de saúde decorrente da quantidade diminuída de oxigênio. Esses problemas, na maioria das vezes, estão ligados a uma subida rápida a grandes altitudes, não respeitando o período de aclimatação, e geralmente desaparecem com a descida para altitudes menores. As condições problemáticas mais comuns que afetam as pessoas na altitude são: Mal agudo das montanhas, Edema pulmonar das grandes altitudes e Edema cerebral das grandes altitudes.
    Nas principais enfermidades ligadas à exposição à altitude, a primeira providência indicada é descer o mais rápido possível para altitudes menores. Em alguns casos, o diagnóstico preciso da enfermidade é dificultado pelos efeitos da altitude, podendo não haver a distinção entre um possível problema de saúde e o processo de aclimatação. O mais indicado é realizar uma ascensão gradual, respeitando o tempo necessário para as adaptações fisiológicas, reduzindo assim a possibilidade de desenvolver algum problema de saúde, e ter disponível um cilindro de oxigênio suplementar para uma eventual emergência.
    Buss e Oliveira (2006) falam sobre a importância da alimentação para praticantes de exercício na altitude. Com o aumento na taxa metabólica basal de 400 à 600 kcal por dia, juntamente com uma redução no apetite e no consumo alimentar, muitas vezes ocorre uma diminuição do peso da pessoa exposta à altitude (anorexia), caso não ocorra um replanejamento nutricional.


Desempenho físico na altitude

    A diminuição da saturação da hemoglobina com o oxigênio leva a reduções do VO2max na altitude. Como conseqüência de que cada litro de sangue estará transportando menos oxigênio por minuto, a freqüência cardíaca é aumentada para compensar a quantidade reduzida de oxigênio, aumentando sua velocidade de transporte. (POWERS, HOWLEY, 2006).
    Em comparação, exercícios de característica predominantemente anaeróbicas, de curta duração, não apresentam queda no desempenho ou dificuldade na realização em conseqüência dos efeitos da altitude. (WEINECK, 2005).
    Mazzeo (2008) relata em seu estudo que a exposição à altitude não provocou mudanças nas vias metabólicas anaeróbicas e que exercícios de alta intensidade que utilizam de energia de forma não-oxidativa (anaeróbico) poderiam não apresentar melhoras após períodos de treinamento na altitude.
    Outros resultados mostram que o limiar de lactato ocorre em uma intensidade de exercício mais baixa em hipóxia, comparado a um ambiente em normóxia, e a concentração de lactato sangüíneo é mais alta em hipóxia, sugerindo um aumento na ativação do Sistema Nervoso Simpático, o que estimularia a degradação do glicogênio e a glicólise, contribuindo para um aumento no acúmulo de lactato. (OGURA et al., 2005, LORENZ et al., 2006).
    Após uma adaptação crônica à altitude, percebe-se que um exercício de intensidade sub-máxima, que na fase aguda produzia altos níveis de lactato sangüíneo, não provoca os mesmos aumentos, mantendo uma quantidade menor na produção de lactato, fenômeno este denominado paradoxo do lactato. (MCARDLE, KATCH, KATCH, 2003).
    Uma provável explicação, segundo Gore, Clark e Saunders (2007), é um aumento das proteínas MCT1 e MCT4 (monocarboxylate transportes) que facilitam o transporte de lactato e H+, e teriam sua produção aumentada em resposta a exposição à altitude.
    Weineck (2005) relata que a hipóxia pode induzir a uma diminuição do pensamento analítico, o que compromete a capacidade de tomar decisões, além de uma diminuição da capacidade de reação, que prejudica a coordenação dos movimentos e aumenta o risco de lesões.
    Já um estudo realizado por Szubski, Burtscher e Löscher (2007) mostrou que adaptações neuromusculares periféricas e centrais são semelhantes em hipóxia e em normóxia, sendo que a hipóxia não resulta em aumento da fadiga central, e que a recuperação da força de contração é mais rápida em hipóxia, o que sugere uma alteração na fosforilação das isoformas de miosina, podendo assim aumentar a força de contração.
    Durante a realização de exercício na altitude, o principal substrato energético utilizado é o glicogênio, por ser o substrato que mais gera ATP por litro de oxigênio consumido. (BUSS, OLIVEIRA, 2006). A utilização de ácidos-graxos para produção de energia durante a realização de exercícios físicos na altitude não seria interessante, pois além de ter um ritmo mais lento de oxidação, a produção de energia através destas fontes utilizaria de um volume maior de oxigênio, o que levaria a uma redução na intensidade do exercício.
    A concentração reduzida de oxigênio, exercícios realizados acima do limiar de lactato e uma alta degradação de glicogênio podem levar a um estado de fadiga precoce.
    Os resultados do estudo de Kohin et al. (2001) mostraram que o trabalho isolado de fibras musculares individuais, sem a presença de fatores extracelulares, é afetado pela hipóxia, apresentando um declínio na produção de força, apesar da ausência de fatores circulantes. Acompanhada da diminuição da força, foi percebido uma queda no pico de cálcio, sugerindo uma baixa na sensibilidade miofibrilar ao cálcio, dificultando a contração. Uma breve pré-exposição à hipóxia melhorou a produção de força e as mudanças nos canais de cálcio, melhorando a recuperação da célula durante exposição subseqüente à hipóxia.
    O principal interesse da realização do treinamento em altitude é a melhora na capacidade de transporte de oxigênio no sangue, através de um aumento na conteúdo de hemoglobina. Na revisão elaborada por Gore, Clark e Saunders (2007), abordou-se a possível influência de outros fatores que contribuem para a melhora no desempenho físico, além do aumento no volume de hemácias, como a melhora na economia do movimento. A economia do movimento é a quantidade de energia necessária para manter uma velocidade constante do movimento (MCARDLE, KATCH, KATCH, 2003) e os possíveis mecanismos para melhorá-la após um período de exposição à altitude incluem melhoras no processo de excitação e contração muscular, que levam a um desempenho com menor custo energético, através de reduções no acúmulo de co-produtos como ADP, Pi e H+, e melhora na eficiência mitocondrial. (GREEN et al., 2000 apud GORE, CLARK, SAUNDERS, 2007).
    A melhora na economia do movimento ocorre independente do ambiente de treinamento, mas neste caso, a melhora no desempenho ao nível do mar após um período de treinamento na altitude, com relação a economia do movimento, acontece por um aumento na produção de ATP por mol de oxigênio e por diminuição do custo de ATP para a contração muscular. (WILBER, 2007).


Treinamento e altitude

    Pessoas treinadas quando expostas à altitude apresentam uma redução no VO2max maior do que pessoas destreinadas. (POWERS, HOWLEY, 2006).
    Atletas de elite usam o treino em altitude à muito tempo, embora a eficiência desta prática, em relação a melhora no desempenho ao nível do mar, ainda seja questionada por estudos. (WILBER, 2007).
    Gore, Clark e Saunders (2007) classificam os níveis de altitude em: Nível do mar de 0 – 1.000 metros; baixa altitude de 1.000 – 2.000 metros; média altitude de 2.000 – 3.000 metros; grande altitude de 3.000 – 5.000 metros; altitude extrema de 5.000 – 8.848 metros.
    Diferentes metodologias de treinamento são utilizadas para aprimorar o desempenho físico através dos benefícios da aclimatação à altitude, como veremos em detalhes.


Viver e treinar na altitude (Live High + Train High)

    O modelo original de treinamento em altitude foi o de viver e treinar em altitudes médias (live high + train high, LH+TH) que mesmo sendo utilizado por várias décadas, seus benefícios em aprimorar o desempenho físico ao nível do mar continuam incertos. Uma potencial limitação do treinamento em condições hipóxicas é o fato de que muitos atletas são incapazes de atingir o nível de intensidade necessário para gerar as mudanças fisiológicas que aprimorariam o desempenho, e em muitos casos, retornavam ao nível do mar num estado de destreino, com reduções de 3–8% no desempenho físico. (LEVINE, STRAY-GUNDERSEN, 2005; WILBER, STRAY-GUNDERSEN, LEVINE, 2007).


Viver no baixo e treinar na altitude (Live Low + Train High)

    Embora o nome indique treinamento na altitude, no modelo LL+TH (live low + train high), o atleta vive e treina ao nível do mar, com curtos períodos de hipóxia (5 -180 minutos) onde respira através de máscara um gás com a porcentagem de oxigênio reduzida durante o intervalo de recuperação ou durante a sessão de treino. O método é principalmente indicado como um meio de pré-aclimatação antes de ascensão à altitude para atletas que pretendem competir ou treinar em regiões altas. (WILBER, 2007; MUZA, 2007).
    Muza (2007) acrescenta que o método LL+TH parece fornecer os benefícios da aclimatação para soldados antes deles ascenderem a regiões de grandes altitudes para operações militares, embora não haja estudos que comprovem a eficácia deste método em prevenir o acometimento de mal agudo das montanhas.


Viver na altitude e treinar no baixo (Live High + Train Low)

    O modelo de viver na altitude e treinar num local mais baixo (live high + train low, LH+TL) foi desenvolvido por Levine e Stray-Gundersen em 1992, e mostrou ser eficiente por atletas de diferentes aptidões. (LEVINE, STRAY-GUNDERSEN, 2005).
    Neste modelo o atleta vive na altitude para obter os benefícios da aclimatação (aumento na produção de eritropoetina, resultando no aumento de hemácias) e treina num local mais baixo para conseguir atingir a intensidade de treino semelhante a do nível do mar. Atletas que usam o método LH+TL vivem e/ou dormem em uma altitude moderada (2.000 – 3.000 metros) e treinam em uma elevação baixa (< 1.500 metros). (POWERS, HOWLEY, 2006; WILBER, 2007).
    Gore e Hopkins (2005) afirmam que o método LH+TL produz uma alteração fisiológica aumentando o desempenho aeróbio numa média de 1%.
    Segundo Levine e Stray-Gundersen (2005) a melhora no VO2max, e consequentemente melhora do desempenho, estão relacionadas ao aumento do volume das hemácias, e seria conseguido através da exposição à altitude e de uma intensidade adequada de treinamento.
    Mas Gore e Hopkins (2005) acreditam que tais mudanças são mais prováveis de erros na avaliação do que de adaptações fisiológicas à altitude, sugerindo que a alteração no volume das hemácias em vários estudos parece ser diretamente proporcional à possibilidade de erro na avaliação. Os autores ainda citam que o VO2max pode ser aumentado por esforço voluntário no processo de avaliação, e que a melhora no desempenho poderia ser devido a um efeito placebo da vivência na altitude, acreditando que a economia do movimento é o componente mais provável de mediar os efeitos do método LH+TL.
    Wilber, Stray-Gundersen e Levine (2007) avaliaram qual seria a “dose” ideal de exposição à altitude para obter-se os maiores aumentos de eritropoetina no modelo LH+TL. Seus resultados recomendam que para a aquisição de benefícios efetivos desse método de treinamento, os atletas precisariam de uma exposição à 2.000 - 2.500 metros, por no mínimo 4 semanas com uma exposição diária de 22 horas ou mais. Os autores salientam que a pré-disposição genética leva a uma considerável variação individual.


Discussão

    Somente para atletas com um nível de condicionamento bem alto torna-se significativo o treinamento em altitude como estímulo adicional, visto que a melhora no desempenho ocorre em uma porcentagem mínima.
    Porém, essa melhora de 1% na capacidade de executar exercícios de características aeróbicas pode representar uma porcentagem maior do que a diferença entre o campeão e o vice de uma prova.
    Na Corrida de São Silvestre de 2007 (15.000 metros) a queniana Alice Timbilili venceu com o tempo de 53:07 (minutos:segundos) seguida pela brasileira Marizete Rezende, que conseguiu a segunda colocação com o tempo de 53:36, uma diferença de tempo de apenas 0,91%. Em junho de 2008 na Maratona de Londres (42.195 metros) o queniano Martin Lel venceu com o tempo de 2:05:15 (horas:minutos:segundos), enquanto o terceiro colocado, o marroquino Abderrahim Goumri, concluiu a prova em 2:05:30, somente 0,2% a mais de tempo que o vencedor. Com a marca deste ano, Martin Lel obteve o novo recorde da prova, ficando com um tempo de apenas 0,66% a mais do que o recorde mundial em maratonas, que é do etíope Haile Gebrselassie com 2:04:26.
    Portanto, diferenças mínimas no desempenho podem fazer uma enorme diferença para a carreira de atletas de elite.
    Existem divergências sobre qual é o principal fator que leva a um desempenho aprimorado após um período de treinamento na altitude. Seja por aumento no número e volume das hemácias, melhora na eficiência mitocôndrial e na fosforilação das isoformas de miosina ou melhora na economia do movimento, há um consenso na literatura de que o VO2max e o rendimento de atletas após um período de treinamento em altitude são aumentados.
    Viver e treinar na altitude pode ser uma alternativa viável para atletas que estão no período regenerativo, onde a intensidade do treinamento é de leve à moderada.
    A exposição intermitente a hipóxia pode ser usada por atletas ou equipes cujos calendários de competição não permitem o tempo adequado de aclimatação, minimizando assim o aparecimento de possíveis complicações durante uma exposição aguda à altitude.
    A permanência na altitude e o treinamento numa altitude menor parece ser o modelo ideal a ser adotado como uma alternativa de otimizar os resultados obtidos com o treinamento. De acordo com as adaptações geradas para melhorar o transporte de oxigênio, o período pré-competição seria o melhor momento para a aplicação deste método, visto que seus efeitos dissipam-se num curto espaço de tempo.


Conclusão

    Um treinamento realizado de maneira correta, ao nível ideal de altitude respeitando os períodos de aclimatação, com um acompanhamento nutricional e atingindo a intensidade de treinamento adequada, certamente será um diferencial para o desempenho de atletas de endurance. Os riscos existem, mas podem ser controlados e anulados tomadas as devidas precauções.
    O treinamento na altitude pode ser usado de diferentes formas, de acordo com a disponibilidade de tempo e fase de preparação. Ocorrem algumas dificuldades em comparar resultados de diferentes estudos referentes ao tema, principalmente pelo nível de altitude, tempo de exposição e acompanhamento nutricional aplicados, além da individualidade biológica que leva a grandes variações nos resultados.
    A realização de estudos futuros deverá concluir se a melhora no condicionamento ocorre pelos efeitos da altitude, ou por um favorecimento genético com relação à hipóxia.


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  • WILBER, R.L. ; STRAY-GUNDERSEN, J. ; LEVINE, B. D. Effect of hypoxic “dose” on physiological responses and sea-level performance. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 39, n. 9, p. 1590-1599, set. 2007.

     

    postado: luciano sousa
     

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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

EXERCÍCIOS AERÓBIOS

INTRODUÇÃO

            Atualmente, a busca das pessoas para a prática de uma atividade física, está crescente, devido aos seus benefícios para a melhoria contínua da saúde e bem-estar, abrangendo vários grupos, ou seja, idosos, portadores de doenças cardiovasculares e adultos saudáveis. Entre os mais variados programas de atividades físicas, tem-se destacado os exercícios aeróbios, os quais, exercem um importante papel no corpo humano, tanto no que se refere a redução de doenças cardiovasculares como na reabilitação de doenças já existentes.  Os exercícios aeróbios, para McArdle, Katch e Katch (2003), devem ser realizados de média a longa duração, e dependendo da melhoria do desempenho aeróbio, aumenta-se o consumo máximo de oxigênio e melhora o sistema cardiovascular. O sistema aeróbio representa a oxidação dos nutrientes nas mitocôndrias para fornecer energia, ou seja, a glicose, os ácidos graxos e os aminoácidos dos nutrientes, após um processamento intermediário, combinam-se com o oxigênio, tendo por finalidade liberarem quantidades enormes de energia, as quais, serão utilizadas para transformar o monofosfato de adenosina (AMP) e difosfato de adenosina (ADP) em trifosfato de adenosina (QTP).
              A captação de oxigênio da recuperação, segundo Wolinsky (2002) apud Freitas e Marangon (2010), durante o exercício de curta duração, de leve a moderado serve para refazer os fosfatos de alta energia depletados pelo exercício. Por outro lado, no decorrer do exercício aeróbico de alta intensidade e de maior duração, a captação de oxigênio da recuperação pode continuar elevada por período maior, sendo este processo denominado consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC).
            Esta revisão de literatura procurou mostrar os principais estudos a prática do exercício aeróbio com a finalidade de melhorar a queima de lipídeos ocasionando um aumento no consumo de oxigênio (VO2 máx.) no decorrer da execução de um programa de treinamento. Para o desenvolvimento do presente estudo foram utilizada a pesquisa bibliográfica em livros, artigos publicados em revistas e em meio eletrônico. Após a análise e leitura tornou-se possível a descrição dos itens que descrevem sobre as evidências da prática dos exercícios aeróbios; os exercícios aeróbios e os substratos energéticos; o treinamento aeróbio e o consumo máximo de oxigênio; o EPOC e a sessão de exercício contra-resistência (ECR), como forma de alcançar o objetivo determinado no estudo apresentado.

1.  AS EVIDÊNCIAS DA PRÁTICA DOS EXERCÍCIOS AERÓBIOS

              De acordo com Foss e Keteyian (2000) o exercício físico tem suas características na forma de atividades físicas tendo como finalidade proporcionar a melhoria contínua da saúde ou da aptidão física. No que se refere à atividade física Nahas (2001), argumenta que:
A atividade física, entendida como uma característica inerente ao ser humano, com dimensões biológica e cultural, representa um termo interdisciplinar e complexo que tem atraído a atenção de pesquisadores, da mídia e da saúde pública em todo o mundo nas ultimas décadas (NAHAS, 2001, p. 30).
Conforme McArdle; Katch e Katch(2003, p. 79), a "atividade física se caracteriza por qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em demanda energética maior que os níveis de repouso".
Segundo Caspersen (apud MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2001), a atividade física é qualquer movimento do corpo que utiliza a musculatura esquelética e que resulta em um gasto energético acima do repouso.
Por outro lado, Pereira e Borges (2010, p. 574) exercício físico significa:

Uma atividade física planejada, sistematizada, com repetição de movimentos corporais, para manter ou desenvolver um ou mais componentes da aptidão física. A aptidão física é uma característica do indivíduo que está relacionada com a capacidade de fazer exercício físico, porém depende de outros fatores como os ambientais, sociais, genéticos, idade, gênero, raça e classe social.

Todo indivíduo deve realizar atividade física, independente da idade cronológica, sexo, estado civil. A atividade física tem uma grande importância para com as pessoas que a realizam regularmente, desenvolvendo todos os aspectos psicológicos, sociais e fisiológicos. Gobbi (1997 apud NAHAS, 2001) considera estes aspectos quanto seus benefícios e efeitos em longo prazo.

1.1  Exercícios aeróbios e o sistema substrato energético

Os exercícios aeróbios, segundo Pereira e Borges (2010, p. 575), são de "intensidade média e tempo prolongado, por meio da degradação aeróbia de carboidratos e gorduras". Contudo, Tubino e Reis (1979), argumentam que são de média a longa duração, onde o consumo máximo de oxigênio e da melhoria do sistema cardiovascular, aumenta conforme o desempenho aeróbio for melhorando. O sistema aeróbio, para Pereira e Borges (2010), é ativado em exercícios acima de um minuto. Os exercícios aeróbios são de intensidade média e tempo prolongado, por meio da degradação aeróbia de carboidratos e gorduras.
No que se refere ao sistema cardiorespiratório, de acordo com Pereira e Borges (2010), é o responsável pelo transporte  e a troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o meio ambiente e os músculos ativos. Para que a produção de energia continue durante o metabolismo aeróbio o oxigênio necessita ser transportado para os músculos de forma suficiente. Os exercícios aeróbios, conforme McArdle; Katch e Katch (2003), trazem benefícios cardiovasculares, potencializam a capacidade do músculo por utilizar a gordura como substrato energético, sendo uma forma de preservar o glicogênio muscular.
Os sistemas energéticos específicos, de acordo com McArdle, Katch e Katch (2003), são ativados dependendo da duração e intensidade do exercício físico. Por outro lado os exercícios, para os autores, são determinados conforme a sua duração e vias energéticas predominantes, entretanto, existe dificuldades em poder classificar alguns dos exercícios em uma categoria determinada em função do   aperfeiçoamento da aptidão física de um indivíduo, uma vez que um exercício entendido como anaeróbio[1] pode ser reclassificado como aeróbio.
Por meio da combustão de substratos, conforme argumenta Moreira (1996), pode ser obtido a energia, os quais, são convertidos em calor, onde pequena parte é utilizada pelos músculos para a contração mediante a produção mecânica. De acordo com Pereira e Borges (2010), a fonte de energia do músculo é proveniente do adenosina trifosfato (ATP). A ATP segundo Freitas e Marangon (2010) é a energia comum utilizada para todo o trabalho biológico que ocorre dentro das células.
O organismo dispõe de opções para a ressíntese de ATP, segundo Pereira e Borges (2010), quando é reduzida a reserva intramuscular.
A ressíntese dos fosfatos de alta energia (ATP) terá que prosseguir com um ritmo rápido para que o exercício extenuante possa continuar. A energia para fosforilar o ADP (resultado final do ATP depois de liberar energia), durante o exercício intenso deriva principalmente do glicogênio muscular armazenado através da glicólise anaeróbica (ritmo máximo de transferência de energia igual a 45% daquele dos fosfatos de alta energia), com a subsequente formação de lactato. De forma, a glicólise anaeróbica com formação de lactato poupa tempo. Torna possível a formação rápida de ATP pela fosforilação ao nível do substrato, mesmo quando o fornecimento de oxigênio continua sendo insuficiente e/ou quando as demandas energéticas ultrapassam a capacidade do músculo para a ressíntese aeróbica do ATP.

               Entretanto Azambuja (2010, p. 2):

A ressíntese de fosfocreatina depende da disponibilidade de oxigênio durante a recuperação. Por isso é lógico supor que indivíduos com um VO2 alto terão maior capacidade de fornecimento de oxigênio para os músculos que estão se exercitando e, assim, terão maior refosfoliração dos estoques de fosfocreatina durante o período de melhor desempenho em atividades interminentes nos indivíduos com VO2 alto.

O consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) ou a capacidade aeróbica máxima, de acordo com Freitas e Marangon (2010), envolve o engajamento completo do sistema aeróbico. Este é o limite superior da habilidade de um indivíduo para consumir oxigênio. O sistema aeróbico, argumentam Fleck e Kraemer (1999), é o sistema energético predominante utilizado em exercícios com duração maior que 3 minutos.
Para Fleck e Kraemer (1999), os sistemas energéticos são três.
- ATP-CP: ao iniciar um exercício ou na contração muscular, quando o ATP diminui, sua recomposição, para Fleck e Kraemer (1999), ocorre por meio do composto CP (fosfato de creatina), essencial para a passagem de um baixo para um alto gasto de energia. Sendo assim, é necessário gastar ATP, havendo com isto a compensação pela transformação do CP ao organismo. Juntos podem proporcionar energia para os músculos por um tempo de 3 a 12 segundos, durante um exercício forte. Além disso, "o sistema ATP-CP está presente em atividades que façam uso da paciência e da velocidade, utilizado em piques rápidos, saltos, e movimentos onde a velocidade de execução se faz presente (CARNAVAL, 1998 apud AZAMBUJA, 2010, p. 1).
Freitas e Marangon (2010, p. 295), discordam e dizem que:

O sistema ATP-CP envolve o armazenamento de ATP e CP em fibras do músculo esquelético. Dependendo do tipo de fibra muscular e do estado de treino, a concentração de CP no músculo esquelético é de 3 a 5 vezes superior àquela da ATP. O sistema ATP-CP é anaeróbico, e a quebra ATP e CP ocorre se o oxigênio estiver ou não disponível. Esse sistema fornece a fonte mais prontamente disponível de ATP para contração muscular.

Para Freitas e Matangon (2010) o sistema de glicólise é a primeira desintegração de glicogênio para gás carbônico (CO²) e água (H²O). Aqui a presença de oxigênio não permite o acúmulo de ácido lático, desviando a maior parte de ácido pirúvico (precursor do ácido lático), para dentro do sistema aeróbico após a síntese de ATP.
Segundo Freitas e Matangon (2010) o sistema aeróbio fornece uma quantidade substancial de ATP, utiliza o oxigênio para gerar o ATP e é ativado para produzir energia, durante períodos mais longos do exercício. Fornece energia para exercícios de intensidade baixa para moderada. Atividades como dormir, descansar, sentar, andar e outros. O sistema aeróbio possui três fases: a quebra do glicogênio na presença do  oxigênio (O²), ou glicólise aneróbia e a glicólise aeróbia é que o O² evita o acúmulo de ácido lático.
O sistema aeróbico requer oxigênio para a quebra de glicose a piruvato e a subseqüente degradação a CO2 e H2O por meio do ciclo tricabosílico e do transporte pelo sistema de elétrons. O sistema aeróbico é muito mais eficiente para a produção de ATP quando comparado ao do ácido láctico (WOLINSKY e HICKSON JR., 2002, p. 123).

Estes sistemas, de acordo com McArdle, Katch e Katch (2003), são ativados em momentos diferentes durante o exercício. O sistema aeróbico "libera energia para a produção de ATP graças a desintegração de carboidratos e gorduras" (FOX, BOWERS e FOSS, 1991, p. 19). As atividades de potência rápida, para o autores, com duração em torno de seis segundos, ativam predominantemente o consumo energético do fracionamento dos fosfatos de alta energia armazenados nos músculos, ATP e CP. O sistema da  glicólise com formação de ácido láctico, para os autores, são utilizados em grande parte da energia gerada pelas vias anaeróbias. Por outro lado, a produção aeróbia de ATP é mais presente com a diminuição da intensidade do exercício e com o aumento da duração.

1.1.1 Substrato energético

Segundo Tesch et al (1986) apud Matsuura, Meirelles e Gomes (2010), uma contribuição substancial dos fosfatos de alta energia e da glicólise e glicogenolise para o fornecimento de energia durante o exercício. Por outro lado, os autores mencionados relatam que durante o EPOC os lipídios parecem ser o principal substrato energético.
Maughan e Gleeson (2000), argumentam que os lipídios representam a maior reserva de energia química para que aconteça o trabalho biológico, incluindo a contração muscular. Os depósitos de lipídios no tecido adiposo provêem o isolamento do frio e protegem os órgãos vitais. As vitaminas lipossolúveis A, D, E e K, são transportados pelos lipídios dietéticos.
Por outro lado, os substratos energéticos, de acordo com Lorete (2010), são advindos dos alimentos, ou dos suplementos, sendo entendidos como os carboidratos (glicose), as proteína (aminoácidos) e os lipídeos ou gorduras (ácidos graxos); os substratos vindos dos suplementos são absorvidos em menor tempo e com maior facilidade pelo organismo.

Em uma escala gradativa de utilização de substratos energéticos pelo corpo humano, primeiramente se utiliza o ATP (duração aproximada de 3 a 6 segundos), depois a fosfocreatina (que é responsável pela resíntese (reconstrução) do ATP, e tem duração de 10 a 15 anos segundos aproximadamente, depois o organismo solicita a utilização das reservas de glicose, principalmente a hepática (armazena o fígado) e sanguínea, e glicogênio muscular (armazenado nos músculos). A energia proveniente da glicose, resintetiza o ATP permitindo prolongar o exercício físico por alguns minutos, levando em consideração que quando mais intensa for à atividade menor será o tempo de duração da mesma, pois o corpo entrará em fadiga (LORETE, 2010, p. 1).

De acordo com Silva (2002) a demanda energética correspondente a 99% é utilizada pelo exercício prolongado, sendo este gerado pelo metabolismo aeróbio. A intensidade do exercício na qual se observa maior oxidação de gordura, está entre baixa e moderada. Já o condicionamento fisiológico, argumentam McArdle, Katch e Katch (2003), é igual tanto para homens como para mulheres, mas respeitando a variação da faixa etária. Tanto um como o outro se adaptam e respondem da mesma forma ao treinamento aplicado.
Quando o músculo se encontra em contração, segundo Castinheiras Neto e Farinati (2010), acontece o fornecimento de energia. Os alimentos para estarem prontos para fornecer a energia passa primeiramente por um processo de degradação por meio da digestão e posteriormente são armazenados em formas mais compactas. Os músculos e fígado em forma de glicogênio, armazenam os carboidratos, os quais, são quebrados em moléculas de glicose.
Os carboidratos e lipídios, no decorrer dos exercícios extenuantes, de acordo com Azambuja (2010), são substratos relevantes para o metabolismo no músculo esquelético. Na verdade, para o autor, durante o exercício com intensidade e duração dos exercícios, mesmo com fatores como a dieta, condicionamento físico e condições ambientais, acontecem uma mistura de carboidrato e lipídios, podem influenciar na escolha do substrato para o exercício.

O principal substrato lipídico são os ácidos graxos livres, mobilizados das reservas do tecido adiposo e os triglicérides dos músculos, com menos contribuição dos plasmáticos. A utilização de ácidos graxos livres são maiores durante exercícios de intensidade baixa e moderada. Quando o exercício é prolongado, a lipólise é estimulada em intensidades altas e durante os primeiros estágios do exercício, e os ácidos graxos livres plasmáticos estarão com sua disponibilidade limitada (AZAMBUJA, 2010, p. 3).

Os carboidratos, para Wilmore e Costill (2001), são fonte principal de energia em maiores intensidades, podendo este ser de intensidade submáxima na utilização de mais gordura, dependendo do treinamento. Em exercício abaixo de 45% do volume máximo de oxigênio, o principal substrato é o lipídeo; em 70% do volume máximo de oxigênio, o carboidrato é o principal substrato. Com o treinamento os músculos conseguem mobilizarem, transportarem e oxidarem a gordura, aumentando o fluxo sanguíneo e maiores quantidades de enzimas para mobilizarem e metabolizarem as gorduras (FOX, BOWERS e FOSS, 1991, p. 19).
Os carboidratos, de acordo com Powers e Howley (2000) apud Pereira e Borges (2010), São armazenados em forma de glicogênio nos músculos e no fígado. A fonte de energia, é fornecido pelo glicogênio muscular; por outro lado, os estoques hepáticos de glicogênio servem como reposição da glicose sanguínea. Sendo assim, a glicose hepática é ativada quando a glicemia se apresenta diminuída com exercício prolongado. Conclui-se, que os substratos mais importantes durante o exercício são os carboidratos e as gorduras. Os substratos mais importantes durante o exercício são os carboidratos e as gorduras.
As proteínas, para os autores, são utilizadas em exercícios extremamente prolongados, uma vez que representam menos de 2% da fonte energética em exercícios com duração inferior a uma hora.
Wolinsky e Hickson Jr. (2002) dizem que:

Os carboidratos constituem importante fonte de energia para o metabolismo dos seres humanos. O Glicogênio do músculo esquelético e a glicose sanguínea derivada do fígado são carboidratos disponíveis utilizados como fonte primária de combustível durante o exercício aeróbico e anaeróbico. A quebra do glicogênio muscular ou da glicose sanguínea que pode ser transformada em lactato contribui para a fadiga muscular durante exercícios de grande intensidade. A produção de lactato ocorre no músculo mesmo sob condições aeróbicas e acelera-se quando o suprimento de oxigênio é limitado.

Segundo Pereira e Borges (2010), os carboidratos e as gorduras são os mais importantes durante o exercício. Por outro lado, convém destacar que as proteínas são utilizadas em exercícios extremamente prolongados, uma vez que representam menos de 2% da fonte energética em exercícios com duração inferior a uma hora. A predominância dos substratos durante o exercício é determinada por fatores como a dieta, intensidade e duração do exercício.

1.2 O treinamento aeróbio e o consumo máximo de oxigênio

De acordo com McArdle, Katch e Katch (2003) o treinamento aeróbio, tem com finalidade levar adaptações em várias capacidades funcionais reconhecidas pelos autores mencionados, com o transporte, com a utilização de oxigênio e com adaptações metabólicas no músculo esquelético. Estas capacidades funcionais são denominadas como sendo as mitocôndrias do músculo esquelético treinado, as quais podem ser definidas como sendo as "são maiores e mais numerosas, comparadas com as fibras musculares menos ativas; e há uma melhora no sistema enzimático, ou seja, aumenta a capacidade de gerar ATP aerobiamente mediante a fosforilação oxidativa" (PEREIRA e BORGES, 2010, p. 576).
O treinamento aprimora a capacidade de catabolizar as gorduras. Durante um exercício prolongado com uma carga constante, a energia que deriva Da oxidação das gorduras aumenta muito após o treinamento aeróbico, com uma redução correspondente no fracionamento dos carboidratos. Essa adaptação capaz de poupar os carboidratos pode resultar da liberação de ácidos graxos pelos depósitos de tecido adiposo (exacerbada por um menor nível de lactato no sangue) e de uma maior quantidade de gordura intramuscular nos músculos treinados para endurance (McCARDLE, KATCH e KATCH, 2003, p. 379).


Segundo McArdle, Katch e Katch (2003, p. 234), existe "uma capacidade muito aumentada de gerar ATP aerobicamente através da fosforilação oxidativa". Com isto pode ser observado o aumento cerca de duas vezes do acontecimento do nível das enzimas no sistema aeróbico, que obtém como resultado o aumento na atividade enzimática por unidade de proteína mitocondrial. Além disso, o treinamento aeróbio regular, segundo  McArdle, Katch e Katch (2003), diminui as pressões arteriais sistólica e diastólica, e a freqüência cardíaca em repouso e durante o exercício submáximo, cuja redução é utilizada para determinar o aperfeiçoamento induzido pelo treino. O treinamento aeróbio, de acordo com os autores, gera um aumento na quantidade de oxigênio extraído do sangue circulante, melhorando a capacidade das fibras musculares treinadas para utilizar o oxigênio.
De acordo com Rontoyannis (1988) o treinamento contínuo se baseia nos exercícios tipicamente aeróbios, também chamados de exercícios cíclicos, cuja duração é prolongada com intensidade baixa, moderada ou alta (50 a 85% do VO2 máx.) em ritmo cadenciado, provocando uma melhoria no transporte de oxigênio até o nível celular desenvolvendo a resistência aeróbia. Este treinamento, geralmente é aplicado abaixo do limiar anaeróbio evitando-se a produção excessiva de ácido láctico. Propicia um relativo conforto em sua realização pela instalação de steady-state, tornando-se particularmente adequado para iniciantes em atividades físicas ou para os que almejam reduzir gordura corpórea por meio de considerável gasto energético.
Conforme Fox; Bowers e Foss(1991), o treinamento intervalado é um método que vem sendo muito utilizado para aumentar a capacidade de captação de oxigênio pelos músculos trabalhados, pois em comparação ao treinamento contínuo, proporciona menor grau de fadiga pela maior atuação da via energética de sistema ATP-CP e conseqüentemente, menor produção de ácido lático. Isto, para os autores, se deve aos intervalos de descanso que, após cada exercício interrompido, reabastecem pelo sistema aeróbio as quotas de ATP-CP esgotados no período dos exercícios, compensando parte do débito de oxigênio e colocando novamente o ATP-CP como fonte geradora de energia. Em outras palavras, a fadiga produzida pelo trabalho intermitente converte-se em intensidade de trabalho, possibilitando a melhoria da capacidade energética dos músculos ativados.
Para Foss e Keteyian (2000) os programas de treinamento devem ser elaborados para desenvolver as capacidades fisiológicas específicas necessárias na realização de uma determinada habilidade. Os exercícios aeróbios envolvem especialmente os músculos esqueléticos e o sistema cardiorrespiratório. Além disso, o treinamento aeróbio, segundo Gueths e Flor (2010), está associado a adaptações em várias das capacidades funcionais relacionadas com o transporte e utilização do oxigênio.
Os exercícios aeróbios faz com que aconteçam  alterações na musculatura esquelética, ao aumento de mioglobinas, à maior oxidação dos carboidratos e gorduras, ao aumento das reservas ATP-CP pela fosforilação oxidativa e à maior capacidade glicolítica. Há hipertrofia nas fibras vermelhas e brancas de acordo com o tipo de treinamento, aeróbio ou anaeróbio. A quantidade de energia e duração do exercício é importante nas perdas de gordura, como o gasto energético no período de recuperação entre as sessões (SILVA, 2002, p. 231).


Para o aprimoramento aeróbio, segundo McArdle, Katch e Katch (2003), é necessária a progressão na intensidade do exercício, caso contrário o programa é de manutenção da aptidão aeróbia. Quanto maior a intensidade do treinamento acima do limiar, maiores serão os aprimoramentos pelo treinamento. Contudo, isso acontece dentro de certos limites. Embora exista uma intensidade limiar mínima abaixo da qual não ocorrerá efeito do treinamento, pode haver um limite acima em que não obtenha ganhos adicionais.

Nos exercícios aeróbios para o emagrecimento, a sobrecarga e o volume são importantes. O treinamento aeróbio melhora a capacidade de oxidar as gorduras, mediante o exercício prolongado e de uma carga constante. Essa adaptação resulta da liberação de ácidos graxos pelo depósito do tecido adiposo e da liberação de uma maior quantidade de gordura dos músculos treinados. A lipólise vigorosa é conseqüência do maior fluxo sangüíneo no músculo treinado e de maior quantidade das enzimas que mobilizam e metabolizam as gorduras. No exercício submáximo, um indivíduo treinado utiliza mais ácidos graxos para obtenção de energia do que um destreinado. Isto é benéfico para atletas de resistência, pois conservam os depósitos de carboidratos e melhoram a beta oxidação dos ácidos graxos e produção de ATP no ciclo de Krebs (SILVA, 2002, p. 577-578).


Os ácidos graxos, para Freitas e Marangon (2010), representam a fonte predominante de combustível para a produção aeróbica de ATP em repouso e durante atividade de leve e moderada. O colesterol, argumentam os autores, não pode ser usado pelo corpo como fonte de combustível. Além disso, durante os exercícios, a concentração de ácidos graxos livres no sangue poderá aumentar oito vezes. Após terem penetrado no músculo esquelético, os ácidos graxos são ativados à custa de um ATP.
O sistema aeróbio, segundo Guyton e Hall (2002), representa a oxidação dos nutrientes nas mitocôndrias para fornecer energia. Isto é, a glicose, os ácidos graxos e os aminoácidos (após algum processamento intermediário) combinam-se com o oxigênio, a fim de liberarem quantidades enormes de energia, que serão utilizadas para transformar o AMP e ADP em ATP (Quadro 1).

Quadro 1: Sistemas de Energia Usados em Vários Desportos
Sistema do fosfagênio, quase inteiramente
100 metros rasos
Saltos
Levantamento de peso
Mergulho
Piques no futebol americano

Sistemas do fosfagênio e do glicogênio-ácido lático
Prova de 200 metros
Basquete
Corrida por todo o circuito no beisebol
Piques no hóquei sobre o gelo

Sistema do glicogênio-ácido, principalmente
Corrida de 400 metros
Natação de 100 metros
Tênis
Futebol

Sistemas do glicogênio-ácido lático e aeróbico
Corrida de 800 metros
Natação de 200 metros
Patinação de 1.500 metros
Boxe
Remo de 2.00 metros
Corrida de 1.500 metros
Corrida de 1 milha
Natação de 400 metros
Sistema aeróbico
Patinação de 10.00o metros
Esqui cross-country
Maratona (42,2km)
Corrida de trote
                  Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 910).

Ao comparar esse mecanismo aeróbico do suprimento de energia com os sistemas do glicogênio-ácido e do fosfagênio, as velocidades máximas relativas de geração de potência, em termos de moles de geração de ATP por minuto são as seguintes:
Moles de ATP/min
Sistema do fosfagênio                                                                4
Sistema do glicogênio-ácido lático                                             2,5
Sistema aeróbico                                                                         1
Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 910).

Inversamente, argumentam os autores, ao comparar os mesmos sistemas para resistência, os valores relativos são os seguintes:
                                                                                   Tempo
Sistema do fosfagênio                                                       8 a 10 segundos
Sistema do glicogênio-ácido lático                                     1,3 a 1,6 minuto    
Sistema aeróbico                                                               Tempo ilimitado
                                                                                        (enquanto durarem                                                                                               
                                                                                            os nutrientes)
Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 910).

Assim, pode-se ver, facilmente, que o sistema do fosfagênio, conforme os autores, é o uso pelo músculo para surtos de potência de poucos segundos, e o sistema aeróbico é necessário para a atividade atlética prolongada. Existe o sistema do glicogênio-ácido lático, que é particularmente importante para fornecer potência extra durante competições intermediárias tais como corridas de 200 a 800 metros.
De acordo com McArdle, Katch e Katch (2003), há benefícios de exercícios aeróbios em indivíduos obesos ou com obesidade limítrofe, pois o exercício de resistência regular gera uma redução da gordura corporal. Segundo Nadai et al. (2002) apud Pereira e Borges (2010), os exercícios aeróbios, em geral, não aumentam a massa muscular, porém há manutenção do tecido magro do corpo.

1.3 Consumo de oxigênio: EPOC e a sessão de ECR

              O nível de treinamento, os objetivos e o tempo disponível, de acordo com Matsuura, Meirelles e Gomes (2010), devem ser considerados na elaboração de um programa de ECR (exercício contra-resistência). Com base nestes três pontos permite a identificação se existe uma relação tempo-benefício que aponte justificativa para a realização de três vezes mais trabalho com maior importância para qualquer tipo de programa, até mesmos os voltados para emagrecimento. Por outro lado, a base metabólica do EPOC, segundo Gaesser e Brooks (1984), pode ser analisada a partir dos fatores que a influenciam, como os níveis de catecolaminas, tiroxinas, glicocorticóides, metabolismo de ácidos graxos e temperatura corporal.  No componente rápido, o reabastecimento dos estoques de oxihemoglobina e oximioglobina, a restauração dos fosfagênios e a energia necessária para a reconversão do lactato em glicogênio explicariam até ⅓ do EPOC em sua fase rápida.

Fatores com aumento de temperatura corporal, da hiperemia e da ventilação elevada também poderiam ter relação com um maior consumo de oxigênio na primeira hora subseqüente a uma sessão de treinamento com ECR. Além disso, associam-se ao componente lento ou prolongado do EPOC o aumento no metabolismo dos ácidos graxos, maior concentração de catecolaminas, presença do cortisol e lesão muscular induzida por estratégias de treinamento, dentre outras variáveis que podem justificar um EPOC aumentado por vários dias (DOLEZAL et al., 2000 apud CASTINHEIRAS NETO e FARINATTI, 2010, p. 98).

              Por outro lado, o método TCR (treinamento contra-resistência), para Castinheiras (2010), na forma de circuito tem sido priorizada, entre outros aspectos conforme o gasto energético elevado em uma sessão de ECR, com impacto que contribua para o emagrecimento e para a melhora do condicionamento cardiorespiratório e muscular.
              Portanto, a intensidade dos exercícios, conforme McCardle, Katch e Katch (2003), modo de treinamento assemelha-se à do exercício aeróbio, que permite ao praticante treinar na maior parte do tempo em Zona-alvo (frequência cardíaca de treinamento) compatível com aquela preconizada para oxidação lipídica (50-70 do VO2 max). Segundo Castinheiras (2010, p. 3):
No ECR, as adaptação cardiovasculares, são estimuladas pelo aumento da atividade nervosa simpática e pela redução da parassimpática, que ocorrem principalmente devido à ativação do comando central e de mecanorreceptores musculares e articulares, barorreceptores arteriais e quimiorreceptores celulares. Essas adaptações resultam em aumento do débito cardíaco e do volume respiratório.

              Por outro lado, convém ressaltar que o ECR, ainda conforme os autores, pode ser realizado da forma contínua, onde um determinado número de séries de um mesmo exercício é feito antes de se executar outro tipo de exercício; ou um circuito, cuja série de cada exercício é realizada antes de uma nova série.

A realização de sessões de ECR com baixa intensidade e alto número de repetições pode acarretar um gasto de energia similar a altas intensidades e reduzindo número de repetições. Tal informação é particularmente relevante ao considerar indivíduos sedentários e com sobrepeso, cuja preocupação seja a redução ou controle da massa corporal, já que a aderência à atividade é ponto fundamental. Embora ainda não existam relatos que associem a intensidade do ECR à aderência ao mesmo, programas de atividade aeróbia com intensidade altas estão associados a maiores taxas de abandono (LEE, et al, 1996 apud MATSUURA, MEIRELLES e GOMES, 2010, p. 737).
               Após a execução de uma sessão de exercícios, argumentam Matsuura, Meirelles e Gomes (2010, p. 730), "seja aeróbio ou contra-resistência (ECR), a taxa metabólica permanece elevada em relação aos valores de repouso, para que o organismo retorne ao seu estado de equilíbrio". Além disso, o exercício contra-resistência "conduz a uma depleção parcial nos estoque de ATP (adenosina trifosfato) e quase total de CP (creatina de fosfato), sendo a magnitude da contração muscular" (MATSUURA, MEIRELLES e GOMES, 2010, p. 12).
              Dependendo da intensidade do ECR, leva, conforme os autores mencionados, um aumento significativo na concentração plasmática de lactato. Para Lorete (2010), o lactato não deve ser encarado como um produto de desgaste metabólico, mas como produtora de uma fonte de energia química que se acumula como resultado do exercício intenso. O sistema do ácido láctico, para Freitas e Marangon (2010, p. 295), "e anaeróbico, no qual a ATP é produzida no músculo esquelético por meio da clicólise". Além disso, sua velocidade de remoção apresenta uma relação linear direta com o EPOC (Excesso de oxigênio consumido pós-exercício) durante a primeira hora do exercício, sugerindo uma contribuição para o componente lento do EPOC.
Durante uma sessão de ECR, o gasto energético pode ser de pequena magnitude (50 a 115kcl), embora valores de até 864kcal em uma única sessão, excluindo o EPOC, tenham sido reportados. Com relação ao EPOC, valores de 6kcal a 114kcal, e duração de 14min a 48h podem ser reportados após uma sessão de ECR. Tal diversidade de resultados parece ser decorrente das inúmeras possibilidades de combinação entre as variáveis do ECR (MATSUURA, MEIRELLES e GOMES, 2010, p. 734).

Segundo Lira et al. (2010) a qualidade e duração do EPOC, dependem da diretamente intensidade e da duração do exercício aeróbico, que cuja realização em intensidades se determina entre 50 e 80% do VO2máx por 5-20 minutos não tem gerado EPOC com duração além de 35 minutos. O EPOC, para os autores, raramente se excede, quando a intensidade é próxima ao limiar ventilatório e a duração é de 20-40 min. Por outro lado, vale dizer que acontece aumento da duração do EPOC, quando o exercício aeróbio é realizado por mais tempo.
Exercícios contra-resistência, de acordo com Bronstein (1996) apud Reis (2010), elevam o lactato sanguíneo, catecolaminas e hormônios anabólicos, mantendo a razão da troca respiratória pós exercício elevada durante um período de 2 horas e a taxa metabólica de repouso elevada por até 15 horas, utilizando a gordura como substrato energético durante esse período.
Débito de oxigênio
De acordo com Guyton e Hall (2002) o corpo contém, normalmente, cerca de 2 litros de oxigênio armazenado que podem ser usados para o metabolismo aeróbico, até mesmo sem inalar novas quantidades de oxigênio. Esse oxigênio armazenado consiste no seguinte:
  • 0,5 litro no ar dos pulmões;
  • 0,25 litro dissolvido nos líquidos corporais;
  • 1 litro combinado com a hemoglobina do sangue; e,
  • 0,3 litro armazenado nas próprias fibras musculares, combinado, principalmente, com a mioglobina, substância química semelhante à hemoglobina, responsável pela fixação do oxigênio.
No exercício pesado, quase todo esse oxigênio armazenado, para Guyton e Hall (2002), é usado dentro de aproximadamente 1 minuto para o metabolismo aeróbico. A seguir, terminado o exercício, esse oxigênio armazenado terá que ser reposto com a inalação de quantidades extras de oxigênio acima das exigências normais.
Além disso, deverão ser consumidos, aproximadamente, mais 9 litros de oxigênio, a fim de tornar possível a reconstituição tanto do sistema do fosfogênio quanto do sistema do ácido lático. Todo esse oxigênio extra que deverá ser "pago", cerca de 11,5 litros, é denominado dívida de oxigênio.
Com a parada do exercício, a captação de oxigênio ainda continua sendo acima do normal, inicialmente com nível muito alto, enquanto o organismo está reconstituindo o sistema do fosfogênio e pagando a porção do oxigênio armazenado da dívida de oxigênio, e a seguir, por mais 1 hora, com nível mais baixo, enquanto o ácido lático é removido. A porção inicial da dívida de oxigênio, para McCardle, Katch e Katch (2003), e corresponde a aproximadamente, 3,5 litros. A última porção é denominada dívida lática do oxigênio, e corresponde a aproximadamente 8 litros.
Recuperação do glicogênio Muscular
A recuperação após depleção maciça do glicogênio muscular, de acordo com Guyton e Hall (2002), não é assunto simples. Com bastante freqüência, leva dias, e não segundos, minutos ou horas necessários para a recuperação dos sistemas metabólicos do fosfagênio e do ácido lático. O processo de recuperação apresenta três condições: primeira, na pessoa com dieta rica em carboidratos; segundo, na pessoa com dieta rica em gorduras e proteínas; e terceira, na pessoa sem qualquer alimento.
Com a dieta rica em carboidratos, a recuperação plena, para McCardle, Katch e Katch (2003), ocorre em cerca de 2 dias.
Ao contrário, as pessoas que estão recebendo dieta rica em gorduras e proteínas ou sem qualquer alimento mostram todas muito pouca recuperação, até mesmo após período de 5 dias. Essa comparação que é importante para o atleta "(1) receber dieta rica em carboidratos antes de evento esportivo exaustivo e (2) não participar de exercício exaustivo durante as 48 horas que precedem o evento" (GUYTON e HALL, 2002, p. 911).


Consumo de oxigênio e ventilação pulmonar no exercício
O consumo normal de oxigênio para um homem adulto jovem em repouso é aproximadamente 250ml/min. No entanto, em condições máximas, pode aumentar para aproximadamente os seguintes níveis médios:
                                                                                   Ml/min.
Homem comum destreinado                                                    3.600        
Homem comum atleticamente treinado                                     4.000
Maratonista (homem)                                               5.100                                              

Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 913).

Tanto o consumo de oxigênio quanto a ventilação pulmonar total aumentam por cerca de 20 vezes entre o estado de repouso e a intensidade máxima do exercício no atleta bem-treinado. Os sistemas respiratórios durante o exercício podem ser sobrecarregados, de acordo com a seguinte comparação para o homem jovem normal, a seguir:
                                                                                 1/min.
Ventilação pulmonar com exercício máximo                           100 a 110
Capacidade respiratória máxima                                            150 a 170  

Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 913).


Efeito do treinamento sobre a VO2máx.
A abreviatura para a intensidade de utilização de oxigênio sob o metabolismo aeróbico, segundo Guyton e Hall (2002), máximo é o VO2máx. Já para McCardle, Katch e Katch (2003), o VO2máx ou consumo máximo de oxigênio é, quando o consumo de oxigênio alcança um platô ou aumenta apenas levemente com os aumentos adicionais na intensidade do exercício. O VO2máx, de acordo com McCardle, Katch e Katch (2003) apud Pereira e Borges (2010), oferece uma medida quantitativa da capacidade do indivíduo para a ressíntese aeróbia do ATP, tornando com isto o VO2máx uma importante determinante da capacidade de realizar um exercício de alta intensidade por mais quatro ou cinco minutos. O consumo de oxigênio aumenta exponencialmente durante os primeiros minutos do exercício para alcançar um platô entre o terceiro e o quarto minuto. Segundo McArdle, Katch e Katch (2003), a possibilidade de alcançar um alto VO2máx comporta um significado fisiológico importante, além de seu papel que consiste em permitir o metabolismo energético. Uma alta potência aeróbia requer a resposta integrada e de alto nível de diversos sistemas fisiológicos.
O exercício extenuante, a 100% do VO2max, somente será atendido pelo sistema anaeróbio aláctico, até a depleção das reservas de CP. No exercício intenso, entre 85 e 100% do VO2máx, a energia pode ser fornecida pelo sistema anaeróbio láctico, ressintetizando o ATP para o esforço, e a produção de ácido láctico poderá impedir a continuidade da atividade. Em exercício leve, menos de 85% do VO2máx, embora a demanda inicial de energia seja atendida pelos sistemas anaeróbios, com o aumento de oxigênio às células musculares o sistema aeróbio será priorizado (DANTAS, 1998, p. 231).

Durante exercícios dinâmicos prolongados, argumentam Maughan; Gleeson e Greenhaff (2000), deve existir uma constante transferência de oxigênio (O2) desde o ar atmosférico até as células musculares e de gás carbônico (CO2) no sentido inverso. O maior consumo de O2 (VO2) e produção de CO2 (VO2) resultam da resposta fisiológica integrada da musculatura esquelética com os sistemas cardiovascular e respiratório.
Conforme Maughan; Gleeson e Greenhaff (2000) durante o exercício dinâmico de intensidade crescente pode ser observado, o sistema respiratório acontece com um incremento da ventilação pulmonar total, junto com um aumento proporcional da ventilação alveolar, isto é, uma menor relação volume do espaço morto/volume corrente (Vp/Vt). A hiperpnéia (aumento da ventilação pulmonar sem redução da pressão parcial de CO2 no sangue arterial), para os autores mencionados, decorre da contribuição proporcionalmente maior do aumento do volume corrente no exercício menos intenso e da freqüência respiratória e em intensidades maiores de esforço. Um incremento progressivo na intensidade do esforço promove, inicialmente, um aumento proporcional e paralelo da ventilação pulmonar (VE), do VO2 e do VO2. Com base em uma certa intensidade, uma participação mais significativa da via anaeróbica láctica pode provocar acidose metabólica. Entretanto, o pronto tamponamento dos íons hidrogênio pelos íons bicarbonato mantém o pH formando moléculas de ácido carbônico. Esta reação, por sua vez, adiciona ao organismo moléculas de CO2 não produzidas metabolicamente, mas oriundas do efeito tampão do bicarbonato. Tomando-se por base ponto, chamado de limiar anaeróbico, observamos um aumento curvilíneo da ventilação pulmonar proporcional ao VO2máx, mas em desproporção ao VO2 (MAUGHAN; GLEESON E GREENHAFF, 2000, p. 579).

Conforme McArdle; Katch e Katch (2003), se, por um lado, representa a taxa máxima de utilização de O 2 desenvolvida por um indivíduo e, por isso, traduz a intensidade máxima de esforço possível, o limiar anaeróbio, por sua vez, marca a ‘endurance' de um indivíduo, por exemplo, a capacidade de realizar trabalhos submáximos por períodos prolongados de tempo sem desenvolver acidose metabólica.
O exercício executado pode ser executado com maior intensidade, segundo McArdle, Katch e Katch (2003), quanto mais próximo ao VO2máx estiver o limiar anaeróbico, mas sem que ocorra acúmulo de ácido láctico na circulação. Por outro lado, ocorre, de acordo com Pereira e Borges (2010), uma progressiva acidose intramuscular em  intensidades de esforço superiores àquela correspondente ao limiar anaeróbio, da seguinte forma:
- inibindo a atividade da fosfofrutoquinase (uma enzima-chave da via glicolítica); e,- a afinidade do cálcio pela troponina (proteína reguladora da interação entre actina e miosina para a contração muscular), produzindo fadiga localizada, com diminuição da performance (PEREIRA e BORGES, 2010).
Entretanto, o limiar anaeróbio, de acordo com McArdle, Katch e Katch (2003), no treinamento físico apresenta-se com maior sensibilidade do que o VO2máx, obtendo como resultados o uso crescente no acompanhamento e na avaliação de resultados de programas de treinamento físico, para todos as pessoas que praticam estas atividades, assim como, atletas, pacientes, alunos em geral.

CONCLUSÃO
Com o estudo pode ser constatado que os exercício aeróbios contribuem para a melhora do condicionamento cardiorespiratório e os treinamentos aeróbios bem elaborados e de acordo com as condições, preparos, quantidades e qualidades de exercícios, como por exemplo a corrida com duração superior a 40 minutos, de três e quatro vezes por semana produzir um aumento considerável no consumo máximo de oxigênio de um indivíduo ativo.
Os exercícios aeróbicos segundo os autores pesquisados no estudo tem por finalidade melhorar a queima de lipídeos ocasionando um aumento no consumo de oxigênio no decorrer da execução de um programa de treinamento. Também, foi identificado no decorrer do estudo que o limiar anaeróbio se encontra ligado ao ácido láctico sanguíneo, apresentando variações de concentração conforme a intensidade do exercício. Isto porque quando uma pessoa consegue suprir suas necessidades energéticas pela via oxidativa, as custas de uma adequada oxigenação, reconhece que a mesma encontra-se realizando uma atividade aeróbia.
Nessa situação, a velocidade de produção láctica é igual à de remoção (concentração sanguínea constante). O suprimento de oxigênio passa a ser insuficiente, quando realizados os exercícios mais intensos, com uma parte da produção energética precisando ser suplementada pela via anaeróbia, havendo uma consequente aceleração da produção de ácido láctico. Portanto, o consumo elevado de oxigênio durante o componente rápido da recuperação inclui o oxigênio que atende às necessidades energética pós-exercício de restauração da mioglobina com oxigênio, restauração dos níveis sanguíneos de oxigênio, o custo energético da ventilação elevada, atividade cardíaca elevada e, provavelmente o reabastecimento dos fosfagênios (ATP e CP).
Finalizando, o treinamento aeróbio pode ter como objetivo a melhora da capacidade aeróbia, visando aumentar o VO2máx.(consumo máximo de oxigênio), seja com finalidades voltadas para a saúde seja referente à necessidade para atletas de resistência aeróbia e anaeróbia. Além disso, pode ser utilizado e aplicado em pessoas que tem como pretensão a redução do peso corporal (e também percentual de gordura), ou simplesmente contribuir para a melhora da saúde e qualidade de vida do indivíduo de uma maneira geral.           

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[1]Exercícios anaeróbios podem ser basicamente de dois tipos: de velocidade, com ou sem alguma carga (corrida, ciclismo, natação), ou lentos com carga (exercícios resistidos tais como a musculação com pesos e aparelhos), e sem carga (ginástica localizada). Nos exercícios anaeróbios a fadiga muscular surge mais rapidamente e os exercícios são realizados de forma interrompida, para intercalar períodos de descanso com períodos de atividade. Os exercícios anaeróbios de velocidade não podem ser suaves, pois a demanda de sobrecargas para o organismo será sempre considerável, sendo a atividade classificada como moderada ou exaustiva. No entanto, os exercícios anaeróbios lentos podem variar de exaustivos à muito suaves, neste último caso impondo menores sobrecargas ao organismo dos que os exercícios aeróbios contínuos (SANTAREM, 2010, p. 1).
Publicado em: 06/07/2010




   

 

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