A medicina do esporte já comprovou que o cérebro dos atletas é
diferente do cérebro de pessoas comuns, principalmente porque eles são
constantemente desafiados.
Atletas precisam ter talento, força e preparo físico, mas é
imprescindível também que tenham habilidade mental para lidar se
concentrar e decidir com rapidez diante das pressões do adversário e os
apelos da torcida. Mentes mais ágeis, focadas e lógicas transformam atletas em verdadeiros campeões.
Por estas e outras razões, o treinamento cerebral vem sendo cada vez
mais procurado por esportistas, como pilotos, jogadores de basquete,
nadadores, judocas e lutadores de jiu jitsu.Segundo Howard Gardner, psicólogo americano considerado o pai das
múltiplas inteligências, o que faz a diferença para o desempenho de
jogadores de futebol são as inteligências corporal (habilidade motora),
espacial (visão de jogo) e lógico-matemática. Muitos jogadores habilidosos não se tornam craques por apresentar
deficiências relacionadas a raciocínio lógico, criatividade e pensamento
lateral.
- VISÃO PANORÂMICA DE JOGO
- COMPREENSÃO DAS ORIENTAÇÕES TÉCNICAS TÁTICAS E FÍSICAS
- CAPACIDADE E VELOCIDADE DE REAÇÃO NA DECISÃO
- SER CRIATIVO E ALTERNAR AS JOGADAS NO JOGO
- BUSCAR ANTEVER O OPONENTE
- CAPACIDADE DE SUPERAÇÃO
Dentro da mente dos melhores atletas do Mundo
Você sabe o que é preciso para ser mentalmente forte como os melhores atletas do mundo? No
esporte de competição, o objetivo último do treino é o máximo
rendimento. Dia após dia atletas e treinadores aperfeiçoam a metodologia
do treino, incrementam cargas, melhoram técnicas, inovam táticas, tudo
com o objetivo de alcançar a melhor performance possível nas competições
mais importantes. O atleta esforça-se para estar no seu pico máximo de
desempenho na sua competição mais importante, no caso dos atletas de
elite, por exemplo os Jogos Olímpicos, Copa do Mundo, ou Campeonatos do
Mundo.
O dia “D” é o momento em que o esportista se define como um atleta. Ele
mostra a si mesmo o que é capaz de fazer, apresenta as suas habilidades
para os outros, o quanto está bem preparado fisicamente, e mais
importante, como ele é forte psicologicamente. Todo o meu trabalho na Psicologia é
direcionado para o pico de performance, para o máximo rendimento nas
competições importantes. Preparo o atleta mentalmente para conseguir ter
um elevado desempenho sobre pressão interna e externa, é um grande diferencial para um excelente desempenho.
A SUA CABEÇA TEM QUE ESTA FOCADA NO SEU ESPORTE DE PREFERÊNCIA, SEMPRE EM BUSCA DE FAZER O MELHOR, DENTRO OU FORA DO CENÁRIO ESPORTIVO,.luciano sousa.
É nas competições mais importante de uma época que se enfrentam os
melhores adversários e consequentemente onde a competição se torna mais
exigente e difícil. É neste tipo de competições que o atleta é colocado à
prova. É a razão pela qual o atleta (eventualmente você) trabalha tão
duro em todos os aspectos do seu esporte. E saber como ter um excelente
desempenho e atingir o pico de performance numa grande competição, é
provavelmente a razão pela qual você está lendo este artigo.É nas competições mais importante de uma época que se enfrentam os
melhores adversários e consequentemente onde a competição se torna mais
exigente e difícil. É neste tipo de competições que o atleta é colocado à
prova. É a razão pela qual o atleta (eventualmente você) trabalha tão
duro em todos os aspectos do seu esporte. E saber como ter um excelente
desempenho e atingir o pico de performance numa grande competição.
Algumas perguntas para reflexão:
-
Você já se questionou porque atletas de renome falham nas competições importantes?
-
Porque é que muitos atletas que tinham todas as condições físicas ideais, nunca se efetivaram como atletas de elevado nível?
-
Porque é que alguns atletas numa primeira fase das suas carreiras se efetivam como grandes talentos, e posteriormente, mesmo treinando diariamente nunca conseguem expressar o real potencial que lhes foi identificado?
-
Porque é que existem campeões que demonstram grande consistência competitiva, e outros apesar de já terem provado ter o mesmo nível são tremendamente inconsistentes?
Estas questões, evidentemente podem ser
respondidas por vários prismas. Mas o que eu pretendo aqui evidenciar
são os aspectos psicológicos do treino e da competição. Vamos abordar
primeiro as questões relacionadas com os aspetos psicológicos do treino.
MOTIVAÇÃO
É do conhecimento do senso comum que os aspectos motivacionais jogam um papel importante no ímpeto, vontade e
intenção que o atleta aplica no treino. A motivação usualmente é
percepcionada através dos níveis de energia e empenho que o atleta
coloca naquilo que executa, de acordo com a prévia programação do
treino. Mas, o que são os conteúdos daquilo a que todos nós apelidamos
de motivação?
Do que é constituida a motivação?
Será igual para todos os atletas? Certamente que não. É algo que possa
ser medido, quantificado? Em certa medida sim, mas será sempre uma
medida subjetiva e única, específica de cada atleta. Pode ser melhorada?
Sim. Mas de que forma?
Se partirmos
do princípio que podemos considerar a motivação, como um motivo para a
ação. Então todos os atletas que se deslocam ao local de treino estão a
exercer os principios da motivação. Talvez você caro leitor até possa
concordar com esta ideia. Mas se concordarmos com esta ideia, então a
motivação não seria um fator diferenciador? Bem poder podia, mas apenas
em termos de intensidade. E essa intensidade, então seria aquilo sobre o
qual cada atleta poderia trabalhar, certo? A motivação poderia
resumir-se à quantidade de energia (motivo) que cada atleta coloca
naquilo que faz. Até parece simples, mais energia mais motivação.
Constatação: Mas se a energia é algo que não se vê, se é algo que não é colocado nos programas de treino físico, técnico e tático, podemos afirmar que o dito treino físico, perde grande parte do seu efeito se o atleta supostamente tiver níveis de energia reduzidos.
Mas será que a motivação se confunde com os níveis de cansaço do atleta? Se quando o atleta está
mais cansado, tem menos energia disponível, então podemos dizer que
está com menos motivação? Certamente que não. Voltamos então à questão
inicial: Será a motivação apenas definida como energia para a ação, ou algo mais?
A
motivação é algo mais do que apenas vontade para ação e energia. A
motivação relaciona-se fortemente com outros fatores psicológicos. A
motivação é um construtor que está para lá da vontade e energia expressa
pelo atleta em treino.
A saber: A motivação estabelece relação com a auto confiança com os objetivos previamente definidos, com a percepção de valor do esforço, com a percepção da crença de eficácia do treino, com a percepção de capacidade de atingir o resultado esperado.
Até agora, os aspetos psicológicos que
descrevi, será que num modelo tradicional do treino são levados em
consideração? São trabalhados, melhorados, ou deixados ao acaso?
Do género: o atleta tem ou não tem competências psicológicas vantajosas?
Se não tem, o treinador e o psicólogo deverá
teimosamente continuar a programar o treino da mesma forma, ignorando
aquilo que desconhece, mas sabendo que exerce tremenda influência no tão
elaborado treino físico? Este artigo provavelmente poderá começar a
parecer um concurso de perguntas e respostas. Mas, mais adiante irá
perceber que foi necessário para perceber o quanto pode ganhar e
enriquecer o treinamento.
Eu defino a
motivação como a afirmação de um valor. Enquanto seres humanos somos
motivados para afirmar os nossos valores, aquilo que nos é
significativo, que nos orienta. Toda a motivação pode ser vista como uma
afirmação de valores, e não como uma descarga de energia. Dos valores
emergem os motivos, e pelos motivos de cada um de nós podemos inferir os
nossos valores.
Dica: Se queremos entender as pessoas, eu acho que nós precisamos descobrir o que elas estão tentando fazer com o seu comportamento. Se queremos perpetuar o potencial de um atleta, devemos levar em consideração o que ele está querendo alcançar com o seu comportamento esportivo. E, acima de tudo como está querendo alcançar.
PADRÕES COGNITIVOS (PENSAMENTO)
Um estudo publicado no Journal of
Cognitive Therapy and Research, questionou treze ginastas masculinos
durante os ensaios finais para a equipe olímpica dos Estados Unidos da
América. Tentaram econtrar correlações entre os fatores psicológicos e
as estratégias cognitivas para o desempenho atlético superior.
O estudo sugere que “padrões variáveis de cognição podem ser fortemente correlacionados com o sucesso e desempenho superior na ginástica“.
Fatores como, frequência de sonho, auto-verbalizações, os padrões de
ansiedade, métodos diferentes de lidar com o stress competitivo e certas
formas de imagens mentais definem os melhores ginastas do grupo.
Um
estudo semelhante foi publicado no Journal of Applied of
sport Psychology, examinaram as características psicológicas e o seu
desenvolvimento nos campeões olímpicos. Dez campeões olímpicos
norte-americanos foram entrevistados, assim como um dos seus treinadores
e um dos pais, tutor ou outra pessoa significativa. Os atletas
também fizeram uma série de testes psicológicos. Depois de avaliados
os resultados, os psicólogos caracterizaram todos os atletas por:
- A capacidade de lidar e controlar a ansiedade
- Confiança
- Tenacidade mental / resiliência
- Inteligência esportiva
- A capacidade de focar e bloquear as distrações
- Competitividade
- A ética de trabalho duro
- A capacidade de definir e atingir metas
- Capacidade do treinador
- Altos níveis de esperança disposicional
- Otimismo
- Perfeccionismo adaptativo
Existem um conjunto de habilidade que se
fundamentam na forma como o atleta organiza o conteúdo dos seus
pensamentos, e isso joga um papel preponderante na forma como influencia
positivamente ou negativamente todo o processo de treino, e
consequentemente o redimento esportivo.
Principais características psicológicas associadas à estrutura mental diferenciadora dos atletas de elite (Jones et al, 2002):
Auto-confiança:
- Ter uma crença inabalável na sua capacidade de atingir as metas competitivas
- Qualidades únicas que o fazem melhor do que os seus adversários.
- Ter um desejo insaciável e motivação interna para ter sucesso (você realmente tem que querer isso)
- Capacidade de se recuperar das derrotas e do fraco desempenho com determinação crescente para ter sucesso.
- Permanecer totalmente concentrado na tarefa em mãos perante distrações específica da concorrência
- Capacidade de mudar o foco sempre que necessário
- Não ser negativamente afetado pelo desempenho dos adversários ou pelas suas próprias distrações internas (preocupação, padrão mental negativo)
- Capaz de recuperar o controle psicológico na sequência de acontecimentos inesperados ou distrações, prosperando sobre a pressão da concorrência (abraçando a pressão, entrando no momento)
- Aceitar que a ansiedade é inevitável na competição e saber que pode lidar com ela
- A componente-chave da tenacidade mental é aprender a condicionar a sua mente para pensar com confiança e ser capaz de superar a frustração / auto-crítica negativa (resignificação de auto-verbalização para o que deseja que ocorra)
Todas as estratégias cognitivas, que eu apelido de Estratégias Mentais de Êxito, estabelecem uma forte relação com a capacidade que o atleta possa ter para ser positivo. Pensar positivamente ter atitudes positivas ,
expressar verbalizações positivas revela-se tão importante em treino
quanto em competição. Em competição, quanto mais você enfrenta a
adversidade, mais positivo você tem que ser para construir a
sua confiança e auto estima.
CITO 6 PASSOS NO DESENVOLVIMENTO DA TENACIDADE MENTAL
1. Comece com a atitude certa e estado de espírito alinhado com os seus objetivos de performance (coloque os seus sentimentos e PENSAMENTOS CAPACITADORES na linha da frente, chame todos os recursos psicológicos até si e atinja um estado mental facilitador):- A confiança vem em saber que você está preparado e se tem uma crença inabalável nas suas habilidades para alcançar os objetivos pretendidos. A confiança é sobre quem tem a coragem de competir como um guerreiro, sem medo do fracasso
- Capacidade de acionar o modo competitivo “Guerreiro Competitivo“
- Coragem para dar tudo no recinto esportivo, jogar com o coração, determinação e foco total
2. Programe a sua mente para o sucesso antes do tempo (antes da competição importante) com expectativas e afirmações positivas:
- Espere o melhor de si mesmo. Afirme que é que você que vai fazer tudo para ser bem sucedido
- Declarações de objetivos orientados e confiantes começam com “eu quero, eu posso, eu vou …”)
- Focalize-se naquelas coisas que você quer que ocorram, ao invés de coisas que você tem medo que possam dar errado
- Visualize-se a realizar a sua performance da maneira que pretende (confiante, focado, completamente energizado)
3. Padronize os seus comportamentos:
Desenvolva uma rotina pré-performance ou pré-competitiva sistemática
que promova o estado mental/emocional desejado (prática, pré-competição,
competição)
- Prática (uma vez que você inicie o treino, comprometa-se a dar tudo que você tem, o que inclui fazer um compromisso de escutar, aprender, executar as habilidades / treinos com precisão e foco total)
- Pré-competição, desenvolva uma rotina sistemática de exercícios físicos e mentais (motivacionais, energéticos de confiança e elevado estado de recursos)
- Durante a competição (elevado foco atencional orientado para a elevada perfomance)
4. Atitude e compostura: Em caso de emergirem erros, rapidamente refocalizar a atenção para o que promove o elevado desempenho.
- Grande parte do treinamento mental é acerca de compensação, ajustamento, e confiança.
- Se o plano A não funcionar, vá para o plano B ou C
- Uso de “Pontos Focais” são eficazes para ajudar a retomar a atenção de volta para a tarefa em mãos
- Seja persistente e mentalmente tenaz, não permite que a frustração possa minar a sua confiança e foco
5. Assuma o controle das auto-verbalizações negativas: “pensamento negativo” Reenquadre com sugestões de tarefas positivas orientadas:
- Inicie tomando consciência de situações que fazem você ficar frustrado, apressado, intimidado, perder o foco. depois reenquadrar a negatividade, acionando a tenacidade mental através de auto-sugestões positivas
- Exemplo do Basquetebol: Em vez de dizer “Eu tenho de incestar como se a minha vida dependesse disso”, liberte-se dessa pressão negativa, reformule essa vontade em algo mais positivo e orientado para tarefa “dê uma boa olhada no cesto, veja-o, sinta-o, ganhe confiança.”
- A abordagem dos campeões para superar a adversidade é: Jogar para ganhar, em oposição a temer cometer um erro
- Ele falhou 9.000 lances, perdeu 26 jogos em que lançou para ganhar, perdeu 300 jogos – Michael Jordan, NBA 6 vezes Campeão do Mundo. “Eu falhei repetidamente, é por isso que eu consegui”
- Concentre-se no processo de competir com elevado desempenho. Diferencie-se, impulsione-se a ter um elevado desempenho, quando mais importa.
Uma das técnicas que tem vindo a
comprovar-se como tendo grande eficácia no treino das competências e
habilidades psicológicas anteriormente descritas é a auto-hipnose. Para
aprofundar este assunto, leia: 7 Passos explicam a auto-hipnose para atletas.
AUTO DOMÍNIO E MOTIVAÇÃO
A capacidade do atleta
para controlar elementos mentais e emocionais auxilia o desempenho de
tarefas, bem como a criação de uma base psicológica para a confiança e
bem-estar (Boyd & Zenong, 1999). Quando o atleta possuí um elevado
domínio dos seus recursos psicofisiológicos, quando sabe mobilizar as
suas capacidades, habilidades e competências físicas e mentais aumenta
drasticamente o seu desempenho. No entanto, quando a capacidade do
atleta para controlar o seu estado psicológico é diminuída, afeta
redondamente todos os seus recursos, inibe o seu potencial diminuindo a
autoconfiança, bem-estar e desempenho.
Assim: A primeira premissa no treinamento das habilidades mentais é a implementação de uma metodologia de auto-domínio, promovida através do auto-conhecimento, para melhorar o estado psicológico do atleta (o estado de forma).
Como qualquer forma de treinamento, os
métodos para desenvolver o autoconhecimento exigem metas especificadas
no tempo, distintas e definidas. Além disso, o tempo reservado para a
prática das estratégias mentais, e a crença dos métodos
utilizados, requerem um certo nível de motivação, ainda mais, do que o treinamento baseado na condição física e técncia que tem
resultados quantificáveis desde o início, e podem ser avaliados e
medidos com regularidade. No treinamento das estratégias
mentais a paciência é um aliado promotor, assim como a confiança na
sua aplicação, porque os resultados podem não aparecer de imediato.
Dica: Manter a motivação individual com paciência e persistência é importante desde o início.
As dificuldades iniciais associados à
implementação de um programa de treinamento de estratégias mentais,
podem ser dissipadas determinando as características motivacionais ou o
grau de motivação por trás do objetivo que o atleta possa ter para
melhorar o seu desempenho .
Para aprofunda este assunto leia:
A motivação intrínseca deriva de
um desejo de atingir uma determinada realização específica. Em vez
de definir-se a partir da perspectiva de agentes externos, o atleta
orienta-se por si mesmo, o sucesso estabelece uma forte relação com as
performances realizadas anteriormente, independentemente da recompensa
externa (Dishman, 1984).
É na relação
que o atleta estabelece consigo mesmo, com o seu desejo de alcançar um
determinado desempenho que tudo pode ser potenciado, ou ao invés
autosabotado. Se o atleta consegue estabelecer uma forte ligação entre o
seu nível motivacional e associar-lhe um elevado sentimento de crença,
certeza e possibilidade de vir a atingir o objetivo desejado, ele cria o
seu próprio estado mental favorável. O atleta passa a ser um
facilitador e promotor do seu desenvolvimento e crescimento atlético. Se
o atleta conseguir desenvolver a capacidade de criar envolvimento com o
seu treinamento, tendo como chama, combustível ou potenciador os
sentimentos e emoções que espera vir a sentir no momento em que
conseguir realizar a performance desejada, criará uma enorme vantagem competitiva.
Para aprofundar este assunto leia:
A motivação intrínseca permite
ao atleta uma perspectiva mais objetiva de si mesmo, diminuindo uma
posição egocêntrica, que normalmente seria associada com a motivação
externa, e libertando o atleta para ver o seu desempenho como um meio de
auto-desenvolvimento. Compreendendo isso, o atleta aumenta o seu nível
de consciência dos recursos psicológicos que possuí, conseguindo
orientar diariamente a sua atenção para a importância da persistência no
treinamento intencional (emoção focada na tarefa).
A reter: A intenção focada nas emoções como potenciador do processo de treinamento, é vital para um contínuo progresso na performance esportiva.
É importante que o atleta não se limite
por acontecimentos externos, como por exemplo motivar-se apenas para
“ganhar” ao seu adversário. Este tipo de motivação à primeira vista até
pode parecer benéfico. Mas, na verdade tem muito mais de prejudicial do
que vantajoso. O atleta deve focar-se naquilo que ele pode influenciar,
que é a si mesmo. Se o atleta não abrir a porta para fins muito mais
elevados de desempenho, certamente irá enfrentar duros obstáculos à
melhoria.
Existe uma elevada incontrolabilidade inerente aos eventos externos. Se o atleta pretende
potenciar-se ao máximo, criar uma mente tenaz,
com característica psicológicas facilitadoras que lhe permitam
projetar-se mais além, deverá esforçar-se por focalizar-se
principalmente nas coisas que acredita ser capaz de realizar. O
atleta conscientemente deverá imaginar o que pretende alcançar,
construir na sua mente imagens o mais claras possível e associar-lhe um
forte sentimento (sentir no corpo o seu desejo e realização). É esse estado psicofisiológico que deve promover no seu treinamento. É nesse estado que deve propor-se às tarefas exigentes do treinamento. Treinar
como se soubesse que aquilo que pretende irá ser alcançado,
certificando-se que todo o seu ser está envolvido no treinamento que
realiza diariamente. Perante a autoridade da motivação
intrínseca, o atleta aumenta drasticamente as possibilidades
de auto-desenvolvimento e auto-aperfeiçoamento.
A saber: Antes do treinamento das estratégias psicológicas (mentais) importa fazer uma avaliação da motivação (emoção e ação) subjacente aos objetivos desejados. É importante por causa da natureza qualitativa dos resultados e progressão gradual do treinamento geral (físico e psicológico).
COMO OS ATLETAS DE ELITE MANTÊM O SEU FOCO?
Parte da resposta é que eles são capazes
de imaginar a cena uma e outra vez num ciclo repetitivo de construção
positiva do cenário competitivo. Mas, o que define mentalmente os
atletas de elite do resto de nós? Como é que eles são capazes de ir além
dos seus limites comparativamente ao mero dos mortais?
A
prática da imagética mental que é composta por três tipos de imagens
mentais distintas (ensaio mental, visualização e imagética) é uma
das ferramentas que os atletas podem usar para atingirem o seu
potencial psicológico máximo, e consequentemente o físico. Para um
atleta de elite, dominar todos os fatores mentais é tão importante
quanto dominar as várias habilidades físicas .
A saber: Existem cinco fatores mentais que podem ser treinados para potenciar ao máximo o rendimento esportivo dos atletas. A Motivação, confiança, capacidade de lidar com a pressão ou stress, a capacidade de foco e as emoções.Os melhores atletas conseguem agregar estas cinco áreas, tornando-as numa vantagem competitiva.
Todos os fatores se interrelacionam e
facilitam a elevada performance, mas existe um que se destaca de todos
os outros e que estabelece uma forte relação com a motivação, que é a
confiança. Quando o atleta tem um forte sentimento de confiança emerge
uma forte motivação. A motivação (emoção + ação) garante o combustível
para a preparação, e a boa preparação torna-se em confiança. O fator
psicológico mais importante é a confiança. A confiança funciona como o
gatilho que permite potenciar e aumentar a eficácia dos restantes
fatores. O atleta pode ter toda a capacidade do mundo para ter sucesso,
mas se não acredita que tem capacidade para produzir um resultado de
topo, não vai ter sucesso.
A mensagem que mais corria na sua cabeça era: “Acho que o fator chave é nunca deixar-me acreditar que há um limite”
Na verdade se o atleta tiver a crença de
que existem limites, fica num beco sem saída. Refiro-me aos limites
evolutivos da sua capacidade de produzir melhores resultados.
O ESTADO DE FORMA É UM ESTADO PSICO FISIOLÓGICO
Tudo o que o atleta
treina diariamente tem como objetivo produzir o melhor resultado
possível em competição. O treinamento físico é preponderante para o
atleta aumentar a sua condição física, melhorar as questões técnicas do
seu esporte, e ir aprimorando a tática que possa ser aplicada em
competição. Não existe atividade motora sem atividade mental. O que
pensamos influencia a forma como nos comportamos. O que pensamos
influencia igualmente a forma como nos sentimos. Ou seja, durante o
treino estes três processos inter-relacionar. O atleta durante o
treino pensa, sente e age. É nesta inter relação que é criado um
determinado estado de ser, um determinado estado psico fisiológico.
Quanto
mais autoconhecimento o atleta tiver acerca da forma como pode
influenciar positivamente o seu estado de ser, o seu estado
psicofisiológico, mais rendimento terá no seu treinamento. Os estados de
ânimo influenciam todo o nosso comportamento.
Os
treinadores preocupam-se tremendamente com a programação do treino
físico, quantidades, volumes, frequências, intensidades, entre outras.
No entanto, independentemente daquilo que se faz, a forma como se faz
joga um fator preponderante na progressão do atleta. O envolvimento
emocional que o atleta coloca no seu treinamento, o domínio das
estratégias psicológicas que evidencia e o grau de confiança que tem em
si mesmo, podem promover ou sabotar o estado de forma ótimo que tanto se
quer atingir.
TESTES PSICOLÓGICOS PODE PREVER O SUCESSO NO FUTEBOLConcluindo: Promover diariamente o estado psico fisiológico ótimo do atleta, é um fator potenciador de todos os conteúdos do treino.
Os estudiosos do futebol já sabem há muito tempo que a habilidade física e a noção de bola não são suficientes para alguém se tornar um jogador de futebol de elite. Um terceiro componente vital geralmente mencionado é a “inteligência de jogo”, que é a habilidade de “ler”a jogada, estar sempre no lugar certo na hora certa e participar dos gols. Muita gente tem considerado a inteligência de jogo quase como uma habilidade mágica, algo impossível de se medir.
Os cientistas do Karolinska Institutet, entretanto, afirmam que não há nada de mítico na inteligência de jogo e que ela pode ser compreendida de uma perspectiva científica. Trata-se, na realidade, de um exemplo do que os cientistas cognitivos chamam de funções executivas, que engloba a habilidade de ser imediatamente criativo, de enxergar novas soluções para problemas, de mudar de tática rapidamente e de revisar comportamentos anteriores que comprovadamente não funcionaram.
No estudo pelo grupo de cientistas suecos foram feitos testes de certas funções cognitivas em jogadores de futebol da primeira e segunda divisão da Suécia, totalizando 57 jogadores de elite. Os cientistas descobriram que os jogadores de futebol das duas divisões tiveram um desempenho muito acima da média da população em geral nos testes de funções executivas. E também que os jogadores da primeira divisão tiveram resultados muito melhores nesses testes do que os da segunda divisão.
O próximo passo foi comparar os resultados desses testes com o desempenho dos jogadores em campo. Os cientistas acompanharam vários desses jogadores por alguns anos e registraram o número de gols e de assistências de cada jogador. Assim, cada jogador recebia pontos de acordo com seu desempenho em campo.
Uma clara correlação apareceu entre os resultados dos testes de funções executivas e o número de pontos obtido em campo (depois de corrigir os dados de acordo com a posição do jogador e idade). Desta forma, ficou demonstrado que os melhores jogadores em campo também tinham o melhor desempenho em funções executivas.
O investimento em jogadores de futebol é um negócio arriscado, onde faltam ferramentas preditivas. Esse estudo sugere que a seleção de futuras estrelas deve incluir não apenas a avaliação da capacidade física, de controle de bola e quão bem o atleta desempenha no presente. Os dados sugerem que a avaliação das funções executivas com testes neuropsicológicos validados pode estabelecer se um jogador tem a capacidade de atingir o topo no futebol, alterando a forma com que os talentos são recrutados, ou seja, passando a ser recrutados também pelos seus cérebros.
É por isso que os jogadores de futebol devem tomar muito cuidado com seus cérebros, pois estudos estudos anteriores demonstraram que cabecear a bola repetidamente aumenta o risco de comprometimento cognitivo, ou perda das habilidades cognitivas, sintoma similar ao de quem sofre um traumatismo craniano leve.
Se você quer melhorar suas funções executivas, lembre-se que as habilidades cognitivas podem ser desenvolvidas através do treinamento, assim como as habilidades físicas. O cérebro humano melhor é a primeira academia online para o cérebro, onde você pode treinar as habilidades de memória, linguagem, atenção, visão espacial e também o raciocínio lógico que está associado às funções executivas. Experimente já!
FONTE:SUPERA 2015
ESCOLA DE PSICOLOGIA, Miguel Lucas,2015
www.superaonline.com.br, 2012
Postado: Luciano Sousa