segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Sarcopenia







De acordo com o National Institute on Aging  – NIH, 33% idosos sofrem com quedas. Neste cenário, o medo de cair e de todas as complicações que esta situação pode trazer se tornam preocupações centrais na vida daqueles com mais de 65 anos de idade. Mas porque o risco de cair aumenta à medida que envelhecemos?
Cientistas relacionam vários fatores de risco às quedas. Entretanto, a fraqueza muscular, especialmente nas pernas é considerado um dos mais importantes. A perda de massa muscular é comum com a idade, porém, é na faixa dos 60 que ela se torna clinicamente perceptível e suas conseqüências começam a incomodar no dia a dia, quando um simples ato de subir escadas ou ir à padaria se tornam sacrifícios, em função de piora na capacidade de locomoção e aumento na incidência de quedas, tornando idosos, pessoas dependentes.
Esse processo tem nome: sarcopenia. Condição que ocasiona a perda da força e qualidade dos músculos e que tem um impacto significante na saúde.

Alimentação e atividade física na garantia de músculos fortes

No entanto é possível minimizar a sarcopenia através de exercícios de fortalecimento dos músculos, também conhecidos como exercícios resistidos.
Este treinamento progressivo é capaz de aumentar substancialmente a força e o volume muscular dos mais idosos, e quando aliado ao uso de suplementação nutricional os ganhos são ainda maiores.
Isso porque mesmo com o exercício e uma dieta balanceada podemos não obter a nutrição necessária. De acordo com Daniel Kitner – Coordenador do Ambulatório de Geriatria do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE:
A chave para deter o processo de Sarcopenia é baseada no binômio alimentação-atividade fisica. A alimentação deve ser balanceada com todos os nutrientes essenciais. Contudo, particularmente os idosos, estão, com frequência, sob risco aumentado de Sarcopenia, sendo comum não atingirem as cotas nutricionais preconizadas. Nesses casos, é essencial o uso de suplementos balanceados”.
Portanto, o uso de suplemento nutricional completo e balanceado associado com a atividade física regular controlada traz melhora na capacidade funcional de pessoas na terceira idade, resultando em melhor qualidade de vida e maior longevidade. Sendo assim, o combate à sarcopenia é um assunto extremamente importante, à medida que reduz os riscos de quedas e fraturas, garantindo a independência e autonomia dos idosos.
Bibliografia:
Atualização sobre os benefícios da Suplementação Nutricional aliada a Atividade Física na saúde do idoso. – Abbott Nutrition
Publicação VII Fórum da Câmara Técnica de Medicina Desportiva – CREMERJ
 Sarcopenia
Conceitos
 
A musculatura esquelética constitui o maior tecido do corpo humano. A perda de massa muscular associada a prejuízos da função constitui uma entidade sindrômica denominada sarcopenia. A mais comum é a senil, no entanto deficiência energética, infecções e doenças inflamatórias crônicas (por exemplo AR, miopatias inflamatórias) podem resultar em sarcopenia em indivíduos não idosos. A sarcopenia é decorrente do somatório de distúrbios da inervação, diminuição da atividade física, redução de hormônios, aumento dos mediadores inflamatórios e alterações da ingesta proteico-calórica. A perda de massa celular é mais nítida na 




  

 
 Figura 2 - Sarcopenia: corte de RNM da coxa de um adulto de 21 anos fisicamente ativo e de um idoso de 63 anos sedentário. Em cinza está a massa muscular e em branco o tecido goduroso(15).


musculatura esquelética, mas também ocorre nas vísceras e no sistema imune, assim como suas consequências.
  A redução da massa muscular associada com a idade foi denominada genericamente como sarcopenia (2,3). A sarcopenia pode ser definida como o decréscimo da capacidade neuromuscular com o avanço da idade, sendo caracterizada principalmente pela diminuição da quantidade e da habilidade das proteínas contráteis exercerem tensão necessária para vencer uma resistência externa à realização de uma tarefa (7).
Sarcopenia é uma palavra de origem grega que literalmente significa “perda de carne” (sarx = carne e penia = perda). Entretanto, este termo se refere a várias mudanças na composição corporal e funções corporais relacionadas. Provavelmente não existe declínio funcional e estrutural tão dramático quanto o da massa magra ou massa muscular com o passar do tempo (4).
Introdução
Conforme envelhecemos, observa-se uma tendência para a redução na massa muscular, isso pode ser causado pela diminuição no tamanho ou perda das fibras musculares ou ambos. É Interessante notar que esta perda é tanto quantitativa como qualitativa (2,11). Quando se fala em perda na qualidade muscular, se refere à composição da fibra muscular, inervação, contratibilidade, características de fadiga, densidade capilar e metabolismo da glicose (3,11).
A diminuição da massa muscular (quantitativa e qualitativa) é a principal razão para a redução na capacidade de produzir força. Fato este que pode conduzir para a perda da independência funcional e uma maior dificuldade na realização das atividades da vida diária, isto torna importante o estreitamento da compreensão da sarcopenia como um conhecimento de efeitos na saúde pública (3).
Efeitos
A força muscular é ou pode ser um dos fatores que mais influencia na independência funcional em pessoas mais velhas (8), e diversos fatores podem ser associados à fraqueza muscular. A reserva funcional em indivíduos de idade avançada é por vezes tão reduzida que as perdas de força podem representar a diferença entre uma vida autônoma ou não, isto porque a força muscular é associada a uma grande quantidade de atividades cotidianas (11), sem cotar que a maioria dos fatores associada à falta de força podem ser correlatos ou até mesmo interdepentendes.
Alterações músculo-esqueléticas estão relacionadas com perda ou diminuição funcional que refletem no metabolismo basal, na função renal, na função cardíaca, na capacidade vital e na função pulmonar, o que potencialmente propicia o organismo ao acúmulo de doenças crônicas como diabetes, hipertensão osteoporose e obesidade (2,3,4,6). Concomitantemente como conseqüência da sarcopenia, ocorrem alterações no sistema nervoso e redução de secreções hormonais, o que conjuntamente acarreta problemas na marcha e no equilíbrio, aumentando o risco de quedas e fraturas (2,3,4,6). É interessante ressaltar que estas mudanças são mais pronunciadas nas mulheres (6).
A falta de força em se carregar uma sacola de mantimentos para casa, por exemplo, pode demonstrar mudanças intrínsecas na propriedade de contração muscular, nas características de fadiga e/ou na quantidade de sangue que flui por este músculo (3). A dificuldade em levantar de uma cadeira, levantar da cama, a diminuição na velocidade do passo, problemas de equilíbrio, quedas e risco de fraturas são reflexos de fraqueza nas extremidades inferiores do corpo (3,6).
Avaliação Diagnóstica
Tendo em vista os malefícios aos quais a sarcopenia pode nos expor, cabe a pergunta: Como saber se estou acomedito por este mal? Uma variedade de métodos e aproximações são utilizáveis para estimativa da massa muscular de forma localizada ou em todo o corpo, direta e/ou indiretamente. Esta série de técnicas vai deste o uso de medidas antropométricas que requerem equipamentos baratos, até o uso de sofisticados e caros instrumentos de radiologia (5,6).
Medidas antropométricas: Os valores da espessura da dobra cutânea e circunferência corporal têm sido usados para estimar a massa muscular. Simples medidas como a circunferência do braço, corrigido pela espessura da dobra cutânea do tríceps, podem ser usadas para calcular a área muscular desta região. Entretanto este tipo de avaliação não é aguçado e sensível o suficiente para monitorar pequenas mudanças na massa muscular, sendo, portanto pouco preciso para se detectar o início do processo de sarcopenia (5).
Metabólitos musculares endógenos: Existe a hipótese de que componentes metabólicos do metabolismo muscular podem ser usados como índice de massa muscular, primeiro por existirem sinalizadores químicos encontrados apenas no tecido muscular de forma constante, e segundo pelo fato destes sinalizadores permanecerem imutáveis após sua liberação. Estes metabólitos são a creatinina e a 3-metilhistitina (3-MH), e podem ser detectados e avaliados por sua presença na urina. Entretanto este método também apresenta suas limitações em fidedignidade, pois pode ser influenciado pelo nível de atividade física, maturidade, estado metabólico, sexo e musculatura não esquelética (4,5,6).
Tomografia computadorizada: Este método se baseia na diferença na densidade física entre os tecidos corporais, além disso, no número atômico entre os componentes químicos dos tecidos. A tomografia computadorizada oferece imagem de alta qualidade e separação clara entre a massa muscular e os outros tecidos fornecendo medidas únicas de mudanças na composição corporal (5).
Ressonância magnética: A ressonância magnética e baseada na interação entre núcleos de átomos de hidrogênio e o campo magnético gerado e controlado por instrumentação. Este método pode ser usado para avaliação regional ou de todo o corpo (5).
DXA: É a sigla de dual X-ray absorptiometry, método que expõe o paciente a raios X, determinando a quantidade óssea e de tecidos mais “moles” como a gordura e a massa muscular. Estes tecidos “moles” possuem quantidades diferentes de água e componentes orgânicos que restringem o fluxo dos raios X de forma diferente da qual ocorre com a ossatura (5).
Bioimpedância: Este método se baseia na diferente resistência oferecida pelos diferentes tecidos a determinada corrente de origem elétrica. Tem uma correlação bastante significativa com a tomografia computadorizada (5).
Influência do treinamento
Uma importante questão é se este fenômeno pode ser influenciado, e se possível, como influenciá-lo? Vários pesquisadores através dos anos têm estabelecido possibilidades que podem amenizar o declínio da massa muscular e suas ações correlatas (4).Uma intervenção que parece ser a mais promissora é o treinamento de força. O treinamento de força pode alterar significativamente o declínio da massa muscular e conseqüentemente pode ter importante implicação na saúde pública. Treinamento de força de alta intensidade resulta em ganhos significativos na força e no estado funcional do indivíduo. Conseqüentemente, ocorre ma melhora significativa nas atividades de vida diárias, e na independência funcional de pessoas mais velhas, além de já ter sido demonstrado múltiplos efeitos positivos em fatores de risco para doenças crônicas (4,6).
Com o envelhecimento, aparentemente, existe uma perda preferencial pelas fibras tipo II (contração rápida) isso está relacionado com a redução na força muscular (2,6), uma vez que estas fibras são consideradas grandes responsáveis pelo trabalho de força (9). A perda das fibras musculares do tipo II significa uma diminuição das proteínas de cadeias pesadas de miosina, que se transformam para o tipo mais lento, o que poderia afetar a velocidade do ciclo das pontes transversas de actina e miosina durante as ações musculares, além de uma concomitante diminuição de atividade da miosina ATPase (2). Neste caso, o treinamento de força seria muito interessante, pois propicia um aumento do tamanho do músculo em decorrência do resultado do aumento nas proteínas contráteis (6).
O treinamento de força, mais do que qualquer outro, estaria diminuindo os efeitos negativos do envelhecimento sobre os aspectos neuromusculares, proporcionando mais saúde e independência aos mais velhos (8,10).A quantidade de massa muscular perdida com o envelhecimento também depende da atividade física, e a taxa de perda é menor naquelas pessoas que mantém um regime regular de atividade física (1). Assim a atividade física e em especial o treinamento com pesos, pode minimizar ou mesmo reverter à síndrome da fragilidade física que prevalece entre indivíduos mais velhos (6,7).
Autor: Vandeir Gonçalves Silva
Colaborador do Saúde em Movimento
Membro do Gease
  
Referência Bibliográfica
(1) SPENCE; Alexander P; anatomia humana básica: editora manole 2º edição 1991.
(2) FLECK, Steven J. and KRAEMER, William J; fundamentos do treinamento de força muscular: artmed editora, 1997.
(3) DUTTA, Chhanda; significance of sarcopenia in the elderly. The journal of nutrition vol. 127 nº5 may 1997.
(4) ROSENBERG, Irwin H; sarcopenia: origins and clinical relevance. The journal of nutrition vol. 127 nº5 may 1997.
(5) LUKASKI, Henry; sarcopenia: assessment of muscle mass. The journal of nutrition vol.127 nº 5 may 1997.
(6) EVANS, Willian; functional and metabolic consequences of sarcopenia. The journal of nutrition vol.127 nº 5 may 1997.

(7) RASO, Vagner; ANDRADE, Erinaldo Luiz; MATSUDO, Sandra Mahecha & MATSUDO, Victor Keihan Rodrigues; exercícios com pesos para mulheres idosas. Revista brasileira de atividade física e saúde V.2, Nº 4, 1997.
(8) RASO, Vagner; ANDRADE, Erinaldo Luiz; MATSUDO, Sandra Mahecha & MATSUDO, Victor Keihan Rodrigues; efeito de três protocolos de treinamento na aptidão física de mulheres idosas. Gerontologia V.5, Nº 4, 1997.
(9) FARINATTI, Paulo de Tarso Veras; MONTEIRO, Walace David Monteiro; fisiologia e avaliação funcional 4ª edição editora sprint, 2000.
(10) RASO, Vagner; ANDRADE, Erinaldo Luiz; MATSUDO, Sandra Mahecha & MATSUDO, Victor Keihan Rodrigues; exercício aeróbico ou de força muscular melhora as variáveis da aptidão física relacionadas à saúde em mulheres idosas? Revista brasileira de atividade física e saúde V.2, Nº 3, 1997.
(11)FARINATTI, Paulo de Tarso Veras; MONTEIRO, Walace David Monteiro; AMORIM, Paulo; FARJALLA, Renato; Força muscular e características morfológicas de mulheres idosas praticantes de um programa de atividade física. Revista Brasileira de Atividade Física e saúde V.4 Nº 1, 1999.
 fonte: Saúde do Movimento

 

postado: luciano sousa
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