INTRODUÇÃO
Atualmente, a busca das pessoas para a prática de uma
atividade física, está crescente, devido aos seus benefícios para a
melhoria contínua da saúde e bem-estar, abrangendo vários grupos, ou
seja, idosos, portadores de doenças cardiovasculares e adultos
saudáveis. Entre os mais variados programas de atividades físicas,
tem-se destacado os exercícios aeróbios, os quais, exercem um importante
papel no corpo humano, tanto no que se refere a redução de doenças
cardiovasculares como na reabilitação de doenças já existentes. Os
exercícios aeróbios, para McArdle, Katch e Katch (2003), devem ser
realizados de média a longa duração, e dependendo da melhoria do
desempenho aeróbio, aumenta-se o consumo máximo de oxigênio e melhora o
sistema cardiovascular. O sistema aeróbio representa a oxidação dos nutrientes
nas mitocôndrias para fornecer energia, ou seja, a glicose, os ácidos
graxos e os aminoácidos dos nutrientes, após um processamento
intermediário, combinam-se com o oxigênio, tendo por finalidade
liberarem quantidades enormes de energia, as quais, serão utilizadas
para transformar o monofosfato de adenosina (AMP) e difosfato de
adenosina (ADP) em trifosfato de adenosina (QTP).
A captação de oxigênio da recuperação, segundo Wolinsky (2002) apud Freitas
e Marangon (2010), durante o exercício de curta duração, de leve a
moderado serve para refazer os fosfatos de alta energia depletados pelo
exercício. Por outro lado, no decorrer do exercício aeróbico de alta
intensidade e de maior duração, a captação de oxigênio da recuperação
pode continuar elevada por período maior, sendo este processo denominado
consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC).
Esta revisão de literatura procurou mostrar os principais
estudos a prática do exercício aeróbio com a finalidade de melhorar a
queima de lipídeos ocasionando um aumento no consumo de oxigênio (VO2
máx.) no decorrer da execução de um programa de treinamento. Para o desenvolvimento do presente estudo foram
utilizada a pesquisa bibliográfica em livros, artigos publicados em
revistas e em meio eletrônico. Após a análise e leitura tornou-se
possível a descrição dos itens que descrevem sobre as evidências da
prática dos exercícios aeróbios; os exercícios aeróbios e os substratos
energéticos; o treinamento aeróbio e o consumo máximo de oxigênio; o
EPOC e a sessão de exercício contra-resistência (ECR), como forma de
alcançar o objetivo determinado no estudo apresentado.
1. AS EVIDÊNCIAS DA PRÁTICA DOS EXERCÍCIOS AERÓBIOS
De acordo com Foss e Keteyian (2000) o exercício físico
tem suas características na forma de atividades físicas tendo como
finalidade proporcionar a melhoria contínua da saúde ou da aptidão
física. No que se refere à atividade física Nahas (2001), argumenta que:
A atividade física, entendida como uma característica inerente ao ser
humano, com dimensões biológica e cultural, representa um termo
interdisciplinar e complexo que tem atraído a atenção de pesquisadores,
da mídia e da saúde pública em todo o mundo nas ultimas décadas (NAHAS,
2001, p. 30).
Conforme McArdle; Katch e Katch(2003, p. 79), a "atividade física se
caracteriza por qualquer movimento corporal produzido pelos músculos
esqueléticos que resulta em demanda energética maior que os níveis de
repouso".
Segundo Caspersen (apud MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2001), a
atividade física é qualquer movimento do corpo que utiliza a musculatura
esquelética e que resulta em um gasto energético acima do repouso.
Por outro lado, Pereira e Borges (2010, p. 574) exercício físico significa:
Uma atividade física planejada, sistematizada, com repetição de
movimentos corporais, para manter ou desenvolver um ou mais componentes
da aptidão física. A aptidão física é uma característica do indivíduo
que está relacionada com a capacidade de fazer exercício físico, porém
depende de outros fatores como os ambientais, sociais, genéticos, idade,
gênero, raça e classe social.
Todo indivíduo deve realizar atividade física, independente da idade
cronológica, sexo, estado civil. A atividade física tem uma grande
importância para com as pessoas que a realizam regularmente,
desenvolvendo todos os aspectos psicológicos, sociais e fisiológicos.
Gobbi (1997 apud NAHAS, 2001) considera estes aspectos quanto seus benefícios e efeitos em longo prazo.
1.1 Exercícios aeróbios e o sistema substrato energético
Os exercícios aeróbios, segundo Pereira e Borges (2010, p. 575), são
de "intensidade média e tempo prolongado, por meio da degradação aeróbia
de carboidratos e gorduras". Contudo, Tubino e Reis (1979), argumentam
que são de média a longa duração, onde o consumo máximo de oxigênio e da
melhoria do sistema cardiovascular, aumenta conforme o desempenho
aeróbio for melhorando. O sistema aeróbio, para Pereira e Borges (2010),
é ativado em exercícios acima de um minuto. Os exercícios aeróbios são
de intensidade média e tempo prolongado, por meio da degradação aeróbia
de carboidratos e gorduras.
No que se refere ao sistema cardiorespiratório, de acordo com Pereira
e Borges (2010), é o responsável pelo transporte e a troca de oxigênio
e dióxido de carbono entre o meio ambiente e os músculos ativos. Para
que a produção de energia continue durante o metabolismo aeróbio o
oxigênio necessita ser transportado para os músculos de forma
suficiente. Os exercícios aeróbios, conforme McArdle; Katch e Katch
(2003), trazem benefícios cardiovasculares, potencializam a capacidade
do músculo por utilizar a gordura como substrato energético, sendo uma
forma de preservar o glicogênio muscular.
Os sistemas energéticos específicos, de acordo com McArdle, Katch e
Katch (2003), são ativados dependendo da duração e intensidade do
exercício físico. Por outro lado os exercícios, para os autores, são
determinados conforme a sua duração e vias energéticas predominantes,
entretanto, existe dificuldades em poder classificar alguns dos
exercícios em uma categoria determinada em função do aperfeiçoamento
da aptidão física de um indivíduo, uma vez que um exercício entendido
como anaeróbio[1] pode ser reclassificado como aeróbio.
Por meio da combustão de substratos, conforme argumenta Moreira
(1996), pode ser obtido a energia, os quais, são convertidos em calor,
onde pequena parte é utilizada pelos músculos para a contração mediante a
produção mecânica. De acordo com Pereira e Borges (2010), a fonte de
energia do músculo é proveniente do adenosina trifosfato (ATP). A ATP
segundo Freitas e Marangon (2010) é a energia comum utilizada para todo o
trabalho biológico que ocorre dentro das células.
O organismo dispõe de opções para a ressíntese de ATP, segundo
Pereira e Borges (2010), quando é reduzida a reserva intramuscular.
A ressíntese dos fosfatos de alta energia (ATP) terá que prosseguir
com um ritmo rápido para que o exercício extenuante possa continuar. A
energia para fosforilar o ADP (resultado final do ATP depois de liberar
energia), durante o exercício intenso deriva principalmente do
glicogênio muscular armazenado através da glicólise anaeróbica (ritmo
máximo de transferência de energia igual a 45% daquele dos fosfatos de
alta energia), com a subsequente formação de lactato. De forma, a
glicólise anaeróbica com formação de lactato poupa tempo. Torna possível
a formação rápida de ATP pela fosforilação ao nível do substrato, mesmo
quando o fornecimento de oxigênio continua sendo insuficiente e/ou
quando as demandas energéticas ultrapassam a capacidade do músculo para a
ressíntese aeróbica do ATP.
Entretanto Azambuja (2010, p. 2):
A ressíntese de fosfocreatina depende da disponibilidade de oxigênio
durante a recuperação. Por isso é lógico supor que indivíduos com um VO2
alto terão maior capacidade de fornecimento de oxigênio para os
músculos que estão se exercitando e, assim, terão maior refosfoliração
dos estoques de fosfocreatina durante o período de melhor desempenho em
atividades interminentes nos indivíduos com VO2 alto.
O consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) ou a capacidade aeróbica
máxima, de acordo com Freitas e Marangon (2010), envolve o engajamento
completo do sistema aeróbico. Este é o limite superior da habilidade de
um indivíduo para consumir oxigênio. O sistema aeróbico, argumentam
Fleck e Kraemer (1999), é o sistema energético predominante utilizado em
exercícios com duração maior que 3 minutos.
Para Fleck e Kraemer (1999), os sistemas energéticos são três.
- ATP-CP: ao iniciar um exercício ou na contração muscular, quando o
ATP diminui, sua recomposição, para Fleck e Kraemer (1999), ocorre por
meio do composto CP (fosfato de creatina), essencial para a passagem de
um baixo para um alto gasto de energia. Sendo assim, é necessário gastar
ATP, havendo com isto a compensação pela transformação do CP ao
organismo. Juntos podem proporcionar energia para os músculos por um
tempo de 3 a 12 segundos, durante um exercício forte. Além disso, "o
sistema ATP-CP está presente em atividades que façam uso da paciência e
da velocidade, utilizado em piques rápidos, saltos, e movimentos onde a
velocidade de execução se faz presente (CARNAVAL, 1998 apud AZAMBUJA, 2010, p. 1).
Freitas e Marangon (2010, p. 295), discordam e dizem que:
O sistema ATP-CP envolve o armazenamento de ATP e CP em fibras do
músculo esquelético. Dependendo do tipo de fibra muscular e do estado de
treino, a concentração de CP no músculo esquelético é de 3 a 5 vezes
superior àquela da ATP. O sistema ATP-CP é anaeróbico, e a quebra ATP e
CP ocorre se o oxigênio estiver ou não disponível. Esse sistema fornece a
fonte mais prontamente disponível de ATP para contração muscular.
Para Freitas e Matangon (2010) o sistema de glicólise é a primeira
desintegração de glicogênio para gás carbônico (CO²) e água (H²O). Aqui a
presença de oxigênio não permite o acúmulo de ácido lático, desviando a
maior parte de ácido pirúvico (precursor do ácido lático), para dentro
do sistema aeróbico após a síntese de ATP.
Segundo Freitas e Matangon (2010) o sistema aeróbio fornece uma
quantidade substancial de ATP, utiliza o oxigênio para gerar o ATP e é
ativado para produzir energia, durante períodos mais longos do
exercício. Fornece energia para exercícios de intensidade baixa para
moderada. Atividades como dormir, descansar, sentar, andar e outros. O
sistema aeróbio possui três fases: a quebra do glicogênio na presença do
oxigênio (O²), ou glicólise aneróbia e a glicólise aeróbia é que o O²
evita o acúmulo de ácido lático.
O sistema aeróbico requer oxigênio para a quebra de glicose a
piruvato e a subseqüente degradação a CO2 e H2O por meio do ciclo
tricabosílico e do transporte pelo sistema de elétrons. O sistema
aeróbico é muito mais eficiente para a produção de ATP quando comparado
ao do ácido láctico (WOLINSKY e HICKSON JR., 2002, p. 123).
Estes sistemas, de acordo com McArdle, Katch e Katch (2003), são
ativados em momentos diferentes durante o exercício. O sistema aeróbico
"libera energia para a produção de ATP graças a desintegração de
carboidratos e gorduras" (FOX, BOWERS e FOSS, 1991, p. 19). As
atividades de potência rápida, para o autores, com duração em torno de
seis segundos, ativam predominantemente o consumo energético do
fracionamento dos fosfatos de alta energia armazenados nos músculos, ATP
e CP. O sistema da glicólise com formação de ácido láctico, para os
autores, são utilizados em grande parte da energia gerada pelas vias
anaeróbias. Por outro lado, a produção aeróbia de ATP é mais presente
com a diminuição da intensidade do exercício e com o aumento da duração.
1.1.1 Substrato energético
Segundo Tesch et al (1986) apud Matsuura, Meirelles
e Gomes (2010), uma contribuição substancial dos fosfatos de alta
energia e da glicólise e glicogenolise para o fornecimento de energia
durante o exercício. Por outro lado, os autores mencionados relatam que
durante o EPOC os lipídios parecem ser o principal substrato energético.
Maughan e Gleeson (2000), argumentam que os lipídios representam a
maior reserva de energia química para que aconteça o trabalho biológico,
incluindo a contração muscular. Os depósitos de lipídios no tecido
adiposo provêem o isolamento do frio e protegem os órgãos vitais. As
vitaminas lipossolúveis A, D, E e K, são transportados pelos lipídios
dietéticos.
Por outro lado, os substratos energéticos, de acordo com Lorete
(2010), são advindos dos alimentos, ou dos suplementos, sendo entendidos
como os carboidratos (glicose), as proteína (aminoácidos) e os lipídeos
ou gorduras (ácidos graxos); os substratos vindos dos suplementos são
absorvidos em menor tempo e com maior facilidade pelo organismo.
Em uma escala gradativa de utilização de substratos energéticos pelo
corpo humano, primeiramente se utiliza o ATP (duração aproximada de 3 a 6
segundos), depois a fosfocreatina (que é responsável pela resíntese
(reconstrução) do ATP, e tem duração de 10 a 15 anos segundos
aproximadamente, depois o organismo solicita a utilização das reservas
de glicose, principalmente a hepática (armazena o fígado) e sanguínea, e
glicogênio muscular (armazenado nos músculos). A energia proveniente da
glicose, resintetiza o ATP permitindo prolongar o exercício físico por
alguns minutos, levando em consideração que quando mais intensa for à
atividade menor será o tempo de duração da mesma, pois o corpo entrará
em fadiga (LORETE, 2010, p. 1).
De acordo com Silva (2002) a demanda energética correspondente a 99% é
utilizada pelo exercício prolongado, sendo este gerado pelo metabolismo
aeróbio. A intensidade do exercício na qual se observa maior oxidação
de gordura, está entre baixa e moderada. Já o condicionamento
fisiológico, argumentam McArdle, Katch e Katch (2003), é igual tanto
para homens como para mulheres, mas respeitando a variação da faixa
etária. Tanto um como o outro se adaptam e respondem da mesma forma ao
treinamento aplicado.
Quando o músculo se encontra em contração, segundo Castinheiras Neto e
Farinati (2010), acontece o fornecimento de energia. Os alimentos para
estarem prontos para fornecer a energia passa primeiramente por um
processo de degradação por meio da digestão e posteriormente são
armazenados em formas mais compactas. Os músculos e fígado em forma de
glicogênio, armazenam os carboidratos, os quais, são quebrados em
moléculas de glicose.
Os carboidratos e lipídios, no decorrer dos exercícios extenuantes,
de acordo com Azambuja (2010), são substratos relevantes para o
metabolismo no músculo esquelético. Na verdade, para o autor, durante o
exercício com intensidade e duração dos exercícios, mesmo com fatores
como a dieta, condicionamento físico e condições ambientais, acontecem
uma mistura de carboidrato e lipídios, podem influenciar na escolha do
substrato para o exercício.
O principal substrato lipídico são os ácidos graxos livres,
mobilizados das reservas do tecido adiposo e os triglicérides dos
músculos, com menos contribuição dos plasmáticos. A utilização de ácidos
graxos livres são maiores durante exercícios de intensidade baixa e
moderada. Quando o exercício é prolongado, a lipólise é estimulada em
intensidades altas e durante os primeiros estágios do exercício, e os
ácidos graxos livres plasmáticos estarão com sua disponibilidade
limitada (AZAMBUJA, 2010, p. 3).
Os carboidratos, para Wilmore e Costill (2001), são fonte principal
de energia em maiores intensidades, podendo este ser de intensidade
submáxima na utilização de mais gordura, dependendo do treinamento. Em
exercício abaixo de 45% do volume máximo de oxigênio, o principal
substrato é o lipídeo; em 70% do volume máximo de oxigênio, o
carboidrato é o principal substrato. Com o treinamento os músculos
conseguem mobilizarem, transportarem e oxidarem a gordura, aumentando o
fluxo sanguíneo e maiores quantidades de enzimas para mobilizarem e
metabolizarem as gorduras (FOX, BOWERS e FOSS, 1991, p. 19).
Os carboidratos, de acordo com Powers e Howley (2000) apud Pereira
e Borges (2010), São armazenados em forma de glicogênio nos músculos e
no fígado. A fonte de energia, é fornecido pelo glicogênio muscular; por
outro lado, os estoques hepáticos de glicogênio servem como reposição
da glicose sanguínea. Sendo assim, a glicose hepática é ativada quando a
glicemia se apresenta diminuída com exercício prolongado. Conclui-se,
que os substratos mais importantes durante o exercício são os
carboidratos e as gorduras. Os substratos mais importantes durante o
exercício são os carboidratos e as gorduras.
As proteínas, para os autores, são utilizadas em exercícios
extremamente prolongados, uma vez que representam menos de 2% da fonte
energética em exercícios com duração inferior a uma hora.
Wolinsky e Hickson Jr. (2002) dizem que:
Os carboidratos constituem importante fonte de energia para o
metabolismo dos seres humanos. O Glicogênio do músculo esquelético e a
glicose sanguínea derivada do fígado são carboidratos disponíveis
utilizados como fonte primária de combustível durante o exercício
aeróbico e anaeróbico. A quebra do glicogênio muscular ou da glicose
sanguínea que pode ser transformada em lactato contribui para a fadiga
muscular durante exercícios de grande intensidade. A produção de lactato
ocorre no músculo mesmo sob condições aeróbicas e acelera-se quando o
suprimento de oxigênio é limitado.
Segundo Pereira e Borges (2010), os carboidratos e as gorduras são os
mais importantes durante o exercício. Por outro lado, convém destacar
que as proteínas são utilizadas em exercícios extremamente prolongados,
uma vez que representam menos de 2% da fonte energética em exercícios
com duração inferior a uma hora. A predominância dos substratos durante o
exercício é determinada por fatores como a dieta, intensidade e duração
do exercício.
1.2 O treinamento aeróbio e o consumo máximo de oxigênio
De acordo com McArdle, Katch e Katch (2003) o treinamento aeróbio,
tem com finalidade levar adaptações em várias capacidades funcionais
reconhecidas pelos autores mencionados, com o transporte, com a
utilização de oxigênio e com adaptações metabólicas no músculo
esquelético. Estas capacidades funcionais são denominadas como sendo as
mitocôndrias do músculo esquelético treinado, as quais podem ser
definidas como sendo as "são maiores e mais numerosas, comparadas com as
fibras musculares menos ativas; e há uma melhora no sistema enzimático,
ou seja, aumenta a capacidade de gerar ATP aerobiamente mediante a
fosforilação oxidativa" (PEREIRA e BORGES, 2010, p. 576).
O treinamento aprimora a capacidade de catabolizar as gorduras.
Durante um exercício prolongado com uma carga constante, a energia que
deriva Da oxidação das gorduras aumenta muito após o treinamento
aeróbico, com uma redução correspondente no fracionamento dos
carboidratos. Essa adaptação capaz de poupar os carboidratos pode
resultar da liberação de ácidos graxos pelos depósitos de tecido adiposo
(exacerbada por um menor nível de lactato no sangue) e de uma maior
quantidade de gordura intramuscular nos músculos treinados para
endurance (McCARDLE, KATCH e KATCH, 2003, p. 379).
Segundo McArdle, Katch e Katch (2003, p. 234), existe "uma capacidade
muito aumentada de gerar ATP aerobicamente através da fosforilação
oxidativa". Com isto pode ser observado o aumento cerca de duas vezes do
acontecimento do nível das enzimas no sistema aeróbico, que obtém como
resultado o aumento na atividade enzimática por unidade de proteína
mitocondrial. Além disso, o treinamento aeróbio regular, segundo
McArdle, Katch e Katch (2003), diminui as pressões arteriais sistólica e
diastólica, e a freqüência cardíaca em repouso e durante o exercício
submáximo, cuja redução é utilizada para determinar o aperfeiçoamento
induzido pelo treino. O treinamento aeróbio, de acordo com os autores,
gera um aumento na quantidade de oxigênio extraído do sangue circulante,
melhorando a capacidade das fibras musculares treinadas para utilizar o
oxigênio.
De acordo com Rontoyannis (1988) o treinamento contínuo se baseia nos
exercícios tipicamente aeróbios, também chamados de exercícios
cíclicos, cuja duração é prolongada com intensidade baixa, moderada ou
alta (50 a 85% do VO2 máx.) em ritmo cadenciado, provocando uma melhoria
no transporte de oxigênio até o nível celular desenvolvendo a
resistência aeróbia. Este treinamento, geralmente é aplicado abaixo do
limiar anaeróbio evitando-se a produção excessiva de ácido láctico.
Propicia um relativo conforto em sua realização pela instalação de
steady-state, tornando-se particularmente adequado para iniciantes em
atividades físicas ou para os que almejam reduzir gordura corpórea por
meio de considerável gasto energético.
Conforme Fox; Bowers e Foss(1991), o treinamento intervalado é um
método que vem sendo muito utilizado para aumentar a capacidade de
captação de oxigênio pelos músculos trabalhados, pois em comparação ao
treinamento contínuo, proporciona menor grau de fadiga pela maior
atuação da via energética de sistema ATP-CP e conseqüentemente, menor
produção de ácido lático. Isto, para os autores, se deve aos intervalos
de descanso que, após cada exercício interrompido, reabastecem pelo
sistema aeróbio as quotas de ATP-CP esgotados no período dos exercícios,
compensando parte do débito de oxigênio e colocando novamente o ATP-CP
como fonte geradora de energia. Em outras palavras, a fadiga produzida
pelo trabalho intermitente converte-se em intensidade de trabalho,
possibilitando a melhoria da capacidade energética dos músculos
ativados.
Para Foss e Keteyian (2000) os programas de treinamento devem ser
elaborados para desenvolver as capacidades fisiológicas específicas
necessárias na realização de uma determinada habilidade. Os exercícios
aeróbios envolvem especialmente os músculos esqueléticos e o sistema
cardiorrespiratório. Além disso, o treinamento aeróbio, segundo Gueths e
Flor (2010), está associado a adaptações em várias das capacidades
funcionais relacionadas com o transporte e utilização do oxigênio.
Os exercícios aeróbios faz com que aconteçam alterações na
musculatura esquelética, ao aumento de mioglobinas, à maior oxidação dos
carboidratos e gorduras, ao aumento das reservas ATP-CP pela
fosforilação oxidativa e à maior capacidade glicolítica. Há hipertrofia
nas fibras vermelhas e brancas de acordo com o tipo de treinamento,
aeróbio ou anaeróbio. A quantidade de energia e duração do exercício é
importante nas perdas de gordura, como o gasto energético no período de
recuperação entre as sessões (SILVA, 2002, p. 231).
Para o aprimoramento aeróbio, segundo McArdle, Katch e Katch (2003), é
necessária a progressão na intensidade do exercício, caso contrário o
programa é de manutenção da aptidão aeróbia. Quanto maior a intensidade
do treinamento acima do limiar, maiores serão os aprimoramentos pelo
treinamento. Contudo, isso acontece dentro de certos limites. Embora
exista uma intensidade limiar mínima abaixo da qual não ocorrerá efeito
do treinamento, pode haver um limite acima em que não obtenha ganhos
adicionais.
Nos exercícios aeróbios para o emagrecimento, a sobrecarga e o volume
são importantes. O treinamento aeróbio melhora a capacidade de oxidar
as gorduras, mediante o exercício prolongado e de uma carga constante.
Essa adaptação resulta da liberação de ácidos graxos pelo depósito do
tecido adiposo e da liberação de uma maior quantidade de gordura dos
músculos treinados. A lipólise vigorosa é conseqüência do maior fluxo
sangüíneo no músculo treinado e de maior quantidade das enzimas que
mobilizam e metabolizam as gorduras. No exercício submáximo, um
indivíduo treinado utiliza mais ácidos graxos para obtenção de energia
do que um destreinado. Isto é benéfico para atletas de resistência, pois
conservam os depósitos de carboidratos e melhoram a beta oxidação dos
ácidos graxos e produção de ATP no ciclo de Krebs (SILVA, 2002, p.
577-578).
Os ácidos graxos, para Freitas e Marangon (2010), representam a fonte
predominante de combustível para a produção aeróbica de ATP em repouso e
durante atividade de leve e moderada. O colesterol, argumentam os
autores, não pode ser usado pelo corpo como fonte de combustível. Além
disso, durante os exercícios, a concentração de ácidos graxos livres no
sangue poderá aumentar oito vezes. Após terem penetrado no músculo
esquelético, os ácidos graxos são ativados à custa de um ATP.
O sistema aeróbio, segundo Guyton e Hall (2002), representa a
oxidação dos nutrientes nas mitocôndrias para fornecer energia. Isto é, a
glicose, os ácidos graxos e os aminoácidos (após algum processamento
intermediário) combinam-se com o oxigênio, a fim de liberarem
quantidades enormes de energia, que serão utilizadas para transformar o
AMP e ADP em ATP (Quadro 1).
Quadro 1: Sistemas de Energia Usados em Vários Desportos
Sistema do fosfagênio, quase inteiramente
100 metros rasos
Saltos
Levantamento de peso
Mergulho
Piques no futebol americano
Sistemas do fosfagênio e do glicogênio-ácido lático
Prova de 200 metros
Basquete
Corrida por todo o circuito no beisebol
Piques no hóquei sobre o gelo
Sistema do glicogênio-ácido, principalmente
Corrida de 400 metros
Natação de 100 metros
Tênis
Futebol
Sistemas do glicogênio-ácido lático e aeróbico
Corrida de 800 metros
Natação de 200 metros
Patinação de 1.500 metros
Boxe
Remo de 2.00 metros
Corrida de 1.500 metros
Corrida de 1 milha
Natação de 400 metros
Sistema aeróbico
Patinação de 10.00o metros
Esqui cross-country
Maratona (42,2km)
Corrida de trote
Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 910).
Ao comparar esse mecanismo aeróbico do suprimento de energia com os sistemas do glicogênio-ácido e do fosfagênio, as velocidades máximas relativas de geração de potência, em termos de moles de geração de ATP por minuto são as seguintes:
Moles de ATP/min
Sistema do fosfagênio 4
Sistema do glicogênio-ácido lático 2,5
Sistema aeróbico 1
Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 910).
Inversamente, argumentam os autores, ao comparar os mesmos sistemas para resistência, os valores relativos são os seguintes:
Tempo
Sistema do fosfagênio 8 a 10 segundos
Sistema do glicogênio-ácido lático 1,3 a 1,6 minuto
Sistema aeróbico Tempo ilimitado
(enquanto durarem
os nutrientes)
Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 910).
Assim, pode-se ver, facilmente, que o sistema do fosfagênio, conforme
os autores, é o uso pelo músculo para surtos de potência de poucos
segundos, e o sistema aeróbico é necessário para a atividade atlética
prolongada. Existe o sistema do glicogênio-ácido lático, que é
particularmente importante para fornecer potência extra durante
competições intermediárias tais como corridas de 200 a 800 metros.
De acordo com McArdle, Katch e Katch (2003), há benefícios de
exercícios aeróbios em indivíduos obesos ou com obesidade limítrofe,
pois o exercício de resistência regular gera uma redução da gordura
corporal. Segundo Nadai et al. (2002) apud Pereira e
Borges (2010), os exercícios aeróbios, em geral, não aumentam a massa
muscular, porém há manutenção do tecido magro do corpo.
1.3 Consumo de oxigênio: EPOC e a sessão de ECR
O nível de treinamento, os objetivos e o tempo
disponível, de acordo com Matsuura, Meirelles e Gomes (2010), devem ser
considerados na elaboração de um programa de ECR (exercício
contra-resistência). Com base nestes três pontos permite a identificação
se existe uma relação tempo-benefício que aponte justificativa para a
realização de três vezes mais trabalho com maior importância para
qualquer tipo de programa, até mesmos os voltados para emagrecimento. Por outro lado, a base metabólica do EPOC, segundo
Gaesser e Brooks (1984), pode ser analisada a partir dos fatores que a
influenciam, como os níveis de catecolaminas, tiroxinas,
glicocorticóides, metabolismo de ácidos graxos e temperatura corporal.
No componente rápido, o reabastecimento dos estoques de oxihemoglobina e
oximioglobina, a restauração dos fosfagênios e a energia necessária
para a reconversão do lactato em glicogênio explicariam até ⅓ do EPOC em
sua fase rápida.
Fatores com aumento de temperatura corporal, da hiperemia e da
ventilação elevada também poderiam ter relação com um maior consumo de
oxigênio na primeira hora subseqüente a uma sessão de treinamento com
ECR. Além disso, associam-se ao componente lento ou prolongado do EPOC o
aumento no metabolismo dos ácidos graxos, maior concentração de
catecolaminas, presença do cortisol e lesão muscular induzida por
estratégias de treinamento, dentre outras variáveis que podem justificar
um EPOC aumentado por vários dias (DOLEZAL et al., 2000 apud CASTINHEIRAS NETO e FARINATTI, 2010, p. 98).
Por outro lado, o método TCR (treinamento
contra-resistência), para Castinheiras (2010), na forma de circuito tem
sido priorizada, entre outros aspectos conforme o gasto energético
elevado em uma sessão de ECR, com impacto que contribua para o
emagrecimento e para a melhora do condicionamento cardiorespiratório e
muscular.
Portanto, a intensidade dos exercícios, conforme
McCardle, Katch e Katch (2003), modo de treinamento assemelha-se à do
exercício aeróbio, que permite ao praticante treinar na maior parte do
tempo em Zona-alvo (frequência cardíaca de treinamento) compatível com
aquela preconizada para oxidação lipídica (50-70 do VO2 max). Segundo
Castinheiras (2010, p. 3):
No ECR, as adaptação cardiovasculares, são estimuladas pelo aumento
da atividade nervosa simpática e pela redução da parassimpática, que
ocorrem principalmente devido à ativação do comando central e de
mecanorreceptores musculares e articulares, barorreceptores arteriais e
quimiorreceptores celulares. Essas adaptações resultam em aumento do
débito cardíaco e do volume respiratório.
Por outro lado, convém ressaltar que o ECR, ainda
conforme os autores, pode ser realizado da forma contínua, onde um
determinado número de séries de um mesmo exercício é feito antes de se
executar outro tipo de exercício; ou um circuito, cuja série de cada
exercício é realizada antes de uma nova série.
A realização de sessões de ECR com baixa intensidade e alto número de
repetições pode acarretar um gasto de energia similar a altas
intensidades e reduzindo número de repetições. Tal informação é
particularmente relevante ao considerar indivíduos sedentários e com
sobrepeso, cuja preocupação seja a redução ou controle da massa
corporal, já que a aderência à atividade é ponto fundamental. Embora
ainda não existam relatos que associem a intensidade do ECR à aderência
ao mesmo, programas de atividade aeróbia com intensidade altas estão
associados a maiores taxas de abandono (LEE, et al, 1996 apud MATSUURA, MEIRELLES e GOMES, 2010, p. 737).
Após a execução de uma sessão de exercícios, argumentam
Matsuura, Meirelles e Gomes (2010, p. 730), "seja aeróbio ou
contra-resistência (ECR), a taxa metabólica permanece elevada em relação
aos valores de repouso, para que o organismo retorne ao seu estado de
equilíbrio". Além disso, o exercício contra-resistência "conduz a uma
depleção parcial nos estoque de ATP (adenosina trifosfato) e quase total
de CP (creatina de fosfato), sendo a magnitude da contração muscular"
(MATSUURA, MEIRELLES e GOMES, 2010, p. 12).
Dependendo da intensidade do ECR, leva, conforme os
autores mencionados, um aumento significativo na concentração plasmática
de lactato. Para Lorete (2010), o lactato não deve ser encarado como um
produto de desgaste metabólico, mas como produtora de uma fonte de
energia química que se acumula como resultado do exercício intenso. O
sistema do ácido láctico, para Freitas e Marangon (2010, p. 295), "e
anaeróbico, no qual a ATP é produzida no músculo esquelético por meio da
clicólise". Além disso, sua velocidade de remoção apresenta uma relação
linear direta com o EPOC (Excesso de oxigênio consumido pós-exercício)
durante a primeira hora do exercício, sugerindo uma contribuição para o
componente lento do EPOC.
Durante uma sessão de ECR, o gasto energético pode ser de pequena
magnitude (50 a 115kcl), embora valores de até 864kcal em uma única
sessão, excluindo o EPOC, tenham sido reportados. Com relação ao EPOC,
valores de 6kcal a 114kcal, e duração de 14min a 48h podem ser
reportados após uma sessão de ECR. Tal diversidade de resultados parece
ser decorrente das inúmeras possibilidades de combinação entre as
variáveis do ECR (MATSUURA, MEIRELLES e GOMES, 2010, p. 734).
Segundo Lira et al. (2010) a qualidade e duração do EPOC,
dependem da diretamente intensidade e da duração do exercício aeróbico,
que cuja realização em intensidades se determina entre 50 e 80% do
VO2máx por 5-20 minutos não tem gerado EPOC com duração além de 35
minutos. O EPOC, para os autores, raramente se excede, quando a
intensidade é próxima ao limiar ventilatório e a duração é de 20-40 min.
Por outro lado, vale dizer que acontece aumento da duração do EPOC,
quando o exercício aeróbio é realizado por mais tempo.
Exercícios contra-resistência, de acordo com Bronstein (1996) apud Reis
(2010), elevam o lactato sanguíneo, catecolaminas e hormônios
anabólicos, mantendo a razão da troca respiratória pós exercício elevada
durante um período de 2 horas e a taxa metabólica de repouso elevada
por até 15 horas, utilizando a gordura como substrato energético durante
esse período.
Débito de oxigênio
De acordo com Guyton e Hall (2002) o corpo contém, normalmente, cerca
de 2 litros de oxigênio armazenado que podem ser usados para o
metabolismo aeróbico, até mesmo sem inalar novas quantidades de
oxigênio. Esse oxigênio armazenado consiste no seguinte:
- 0,5 litro no ar dos pulmões;
- 0,25 litro dissolvido nos líquidos corporais;
- 1 litro combinado com a hemoglobina do sangue; e,
- 0,3 litro armazenado nas próprias fibras musculares, combinado, principalmente, com a mioglobina, substância química semelhante à hemoglobina, responsável pela fixação do oxigênio.
No exercício pesado, quase todo esse oxigênio armazenado, para Guyton
e Hall (2002), é usado dentro de aproximadamente 1 minuto para o
metabolismo aeróbico. A seguir, terminado o exercício, esse oxigênio
armazenado terá que ser reposto com a inalação de quantidades extras de
oxigênio acima das exigências normais.
Além disso, deverão ser consumidos, aproximadamente, mais 9 litros de
oxigênio, a fim de tornar possível a reconstituição tanto do sistema do
fosfogênio quanto do sistema do ácido lático. Todo esse oxigênio extra
que deverá ser "pago", cerca de 11,5 litros, é denominado dívida de
oxigênio.
Com a parada do exercício, a captação de oxigênio ainda continua
sendo acima do normal, inicialmente com nível muito alto, enquanto o
organismo está reconstituindo o sistema do fosfogênio e pagando a porção
do oxigênio armazenado da dívida de oxigênio, e a seguir, por mais 1
hora, com nível mais baixo, enquanto o ácido lático é removido. A porção
inicial da dívida de oxigênio, para McCardle, Katch e Katch (2003), e
corresponde a aproximadamente, 3,5 litros. A última porção é denominada
dívida lática do oxigênio, e corresponde a aproximadamente 8 litros.
Recuperação do glicogênio Muscular
A recuperação após depleção maciça do glicogênio muscular, de acordo
com Guyton e Hall (2002), não é assunto simples. Com bastante
freqüência, leva dias, e não segundos, minutos ou horas necessários para
a recuperação dos sistemas metabólicos do fosfagênio e do ácido lático.
O processo de recuperação apresenta três condições: primeira, na pessoa
com dieta rica em carboidratos; segundo, na pessoa com dieta rica em
gorduras e proteínas; e terceira, na pessoa sem qualquer alimento.
Com a dieta rica em carboidratos, a recuperação plena, para McCardle, Katch e Katch (2003), ocorre em cerca de 2 dias.
Ao contrário, as pessoas que estão recebendo dieta rica em gorduras e
proteínas ou sem qualquer alimento mostram todas muito pouca
recuperação, até mesmo após período de 5 dias. Essa comparação que é
importante para o atleta "(1) receber dieta rica em carboidratos antes
de evento esportivo exaustivo e (2) não participar de exercício
exaustivo durante as 48 horas que precedem o evento" (GUYTON e HALL,
2002, p. 911).
Consumo de oxigênio e ventilação pulmonar no exercício
O consumo normal de oxigênio para um homem adulto jovem em repouso é
aproximadamente 250ml/min. No entanto, em condições máximas, pode
aumentar para aproximadamente os seguintes níveis médios:
Ml/min.
Homem comum destreinado 3.600
Homem comum atleticamente treinado 4.000
Maratonista
(homem)
5.100
Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 913).
Tanto o consumo de oxigênio quanto a ventilação pulmonar total
aumentam por cerca de 20 vezes entre o estado de repouso e a intensidade
máxima do exercício no atleta bem-treinado. Os sistemas respiratórios
durante o exercício podem ser sobrecarregados, de acordo com a seguinte
comparação para o homem jovem normal, a seguir:
1/min.
Ventilação pulmonar com exercício máximo 100 a 110
Capacidade respiratória máxima 150 a 170
Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 913).
Efeito do treinamento sobre a VO2máx.
A abreviatura para a intensidade de utilização de oxigênio sob o
metabolismo aeróbico, segundo Guyton e Hall (2002), máximo é o VO2máx.
Já para McCardle, Katch e Katch (2003), o VO2máx ou consumo máximo de
oxigênio é, quando o consumo de oxigênio alcança um platô ou aumenta
apenas levemente com os aumentos adicionais na intensidade do exercício. O VO2máx, de acordo com McCardle, Katch e Katch (2003) apud Pereira
e Borges (2010), oferece uma medida quantitativa da capacidade do
indivíduo para a ressíntese aeróbia do ATP, tornando com isto o VO2máx
uma importante determinante da capacidade de realizar um exercício de
alta intensidade por mais quatro ou cinco minutos. O consumo de oxigênio
aumenta exponencialmente durante os primeiros minutos do exercício para
alcançar um platô entre o terceiro e o quarto minuto. Segundo McArdle, Katch e Katch (2003), a possibilidade de alcançar um
alto VO2máx comporta um significado fisiológico importante, além de seu
papel que consiste em permitir o metabolismo energético. Uma alta
potência aeróbia requer a resposta integrada e de alto nível de diversos
sistemas fisiológicos.
O exercício extenuante, a 100% do VO2max, somente será atendido pelo
sistema anaeróbio aláctico, até a depleção das reservas de CP. No
exercício intenso, entre 85 e 100% do VO2máx, a energia pode ser
fornecida pelo sistema anaeróbio láctico, ressintetizando o ATP para o
esforço, e a produção de ácido láctico poderá impedir a continuidade da
atividade. Em exercício leve, menos de 85% do VO2máx, embora a demanda
inicial de energia seja atendida pelos sistemas anaeróbios, com o
aumento de oxigênio às células musculares o sistema aeróbio será
priorizado (DANTAS, 1998, p. 231).
Durante exercícios dinâmicos prolongados, argumentam Maughan; Gleeson
e Greenhaff (2000), deve existir uma constante transferência de
oxigênio (O2) desde o ar atmosférico até as células musculares e de gás
carbônico (CO2) no sentido inverso. O maior consumo de O2 (VO2) e
produção de CO2 (VO2) resultam da resposta fisiológica integrada da
musculatura esquelética com os sistemas cardiovascular e respiratório.
Conforme Maughan; Gleeson e Greenhaff (2000) durante o exercício
dinâmico de intensidade crescente pode ser observado, o sistema
respiratório acontece com um incremento da ventilação pulmonar total,
junto com um aumento proporcional da ventilação alveolar, isto é, uma
menor relação volume do espaço morto/volume corrente (Vp/Vt). A
hiperpnéia (aumento da ventilação pulmonar sem redução da pressão
parcial de CO2 no sangue arterial), para os autores mencionados, decorre
da contribuição proporcionalmente maior do aumento do volume corrente
no exercício menos intenso e da freqüência respiratória e em
intensidades maiores de esforço. Um incremento progressivo na intensidade do esforço promove,
inicialmente, um aumento proporcional e paralelo da ventilação pulmonar
(VE), do VO2 e do VO2. Com base em uma certa intensidade, uma
participação mais significativa da via anaeróbica láctica pode provocar
acidose metabólica. Entretanto, o pronto tamponamento dos íons
hidrogênio pelos íons bicarbonato mantém o pH formando moléculas de
ácido carbônico. Esta reação, por sua vez, adiciona ao organismo
moléculas de CO2 não produzidas metabolicamente, mas oriundas do efeito
tampão do bicarbonato. Tomando-se por base ponto, chamado de limiar
anaeróbico, observamos um aumento curvilíneo da ventilação pulmonar
proporcional ao VO2máx, mas em desproporção ao VO2 (MAUGHAN; GLEESON E
GREENHAFF, 2000, p. 579).
Conforme McArdle; Katch e Katch (2003), se, por um lado, representa a
taxa máxima de utilização de O 2 desenvolvida por um indivíduo e, por
isso, traduz a intensidade máxima de esforço possível, o limiar
anaeróbio, por sua vez, marca a ‘endurance' de um indivíduo, por
exemplo, a capacidade de realizar trabalhos submáximos por períodos
prolongados de tempo sem desenvolver acidose metabólica.
O exercício executado pode ser executado com maior intensidade,
segundo McArdle, Katch e Katch (2003), quanto mais próximo ao VO2máx
estiver o limiar anaeróbico, mas sem que ocorra acúmulo de ácido láctico
na circulação. Por outro lado, ocorre, de acordo com Pereira e Borges
(2010), uma progressiva acidose intramuscular em intensidades de
esforço superiores àquela correspondente ao limiar anaeróbio, da
seguinte forma:
-
inibindo a atividade da fosfofrutoquinase (uma enzima-chave da via
glicolítica); e,- a afinidade do cálcio pela troponina (proteína
reguladora da
interação entre actina e miosina para a contração muscular), produzindo
fadiga localizada, com diminuição da performance (PEREIRA e BORGES, 2010).
Entretanto, o limiar anaeróbio, de acordo com McArdle, Katch e Katch
(2003), no treinamento físico apresenta-se com maior sensibilidade do
que o VO2máx, obtendo como resultados o uso crescente no acompanhamento e
na avaliação de resultados de programas de treinamento físico, para
todos as pessoas que praticam estas atividades, assim como, atletas,
pacientes, alunos em geral.
CONCLUSÃO
Com o estudo pode ser constatado que os exercício aeróbios contribuem
para a melhora do condicionamento cardiorespiratório e os treinamentos
aeróbios bem elaborados e de acordo com as condições, preparos,
quantidades e qualidades de exercícios, como por exemplo a corrida com
duração superior a 40 minutos, de três e quatro vezes por semana
produzir um aumento considerável no consumo máximo de oxigênio de um
indivíduo ativo.
Os exercícios aeróbicos segundo os autores pesquisados no estudo tem
por finalidade melhorar a queima de lipídeos ocasionando um aumento no
consumo de oxigênio no decorrer da execução de um programa de
treinamento. Também, foi identificado no decorrer do estudo que o limiar
anaeróbio se encontra ligado ao ácido láctico sanguíneo, apresentando
variações de concentração conforme a intensidade do exercício. Isto
porque quando uma pessoa consegue suprir suas necessidades energéticas
pela via oxidativa, as custas de uma adequada oxigenação, reconhece que a
mesma encontra-se realizando uma atividade aeróbia.
Nessa situação, a velocidade de produção láctica é igual à de remoção
(concentração sanguínea constante). O suprimento de oxigênio passa a
ser insuficiente, quando realizados os exercícios mais intensos, com uma
parte da produção energética precisando ser suplementada pela via
anaeróbia, havendo uma consequente aceleração da produção de ácido
láctico. Portanto, o consumo elevado de oxigênio durante o componente
rápido da recuperação inclui o oxigênio que atende às necessidades
energética pós-exercício de restauração da mioglobina com oxigênio,
restauração dos níveis sanguíneos de oxigênio, o custo energético da
ventilação elevada, atividade cardíaca elevada e, provavelmente o
reabastecimento dos fosfagênios (ATP e CP).
Finalizando, o treinamento aeróbio pode ter como objetivo a melhora
da capacidade aeróbia, visando aumentar o VO2máx.(consumo máximo de
oxigênio), seja com finalidades voltadas para a saúde seja referente à
necessidade para atletas de resistência aeróbia e anaeróbia. Além disso,
pode ser utilizado e aplicado em pessoas que tem como pretensão a
redução do peso corporal (e também percentual de gordura), ou
simplesmente contribuir para a melhora da saúde e qualidade de vida do
indivíduo de uma maneira geral.
REFERÊNCIAS
AZAMBUJA, L. Substratos energéticos. Disponível em: www. leandro azambuja. blogspot.com/2008/08/substratos-energeticos.html. Acesso em 21 mai. 2010.
CASTINHEIRAS NETO, A. G.; FARINATI, P. de T. V. Consumo de oxigênio após exercício resistido: uma abordagem crítica sobre os fatores determinantes de sua magnitude e duração. Artigo. Disponível em: www. brjb.com. br/files/brjb_68 _3200906_id1.pdf. Acesso em 23 abr. 2010.
CASTINHEIRAS, A. G. Estude a força bionergética Votuporanga – São Paulo. Artigo. Disponível em: www. guialocal.brasil.com.br. Acesso em 21 mai. 2010.
DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 4. Ed. Rio de Janeiro: Shape, 1998.
FLECK, S. J.; KRAMER, W. J. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 1999.
FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
FOX, E.; BOWERS, R. W.; FOSS, M. Bases fisiológicas da educação física e do deporto. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1991.
FREITAS, A. L. de; MARANGON, A. F. C. Consumo excessivo de oxigênio após atividade física – EPOC: uma breve explanação. Artigo. Disponível em: www. publicacoesacademicas.uniceub.br/índex.php/.../article/.../362. Acesso 27 abr. 2010.
GAESSER, G. A., BROOKS, A. Metabolic bases of excess post-exercise oxygen consumption: a review. Med Sci Sports Exerc. 1984;16(1):29-43.
GUETHS, M.; FLOR, D. P. Os efeitos no organismo humano a longo prazo do exercício aeróbico. Artigos. Disponível em: www. efartigos.atspace.org/ fitness/artigo 18.html. Acesso em 23 abr. 2010.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
LIRA, F. S. da; OLIVEIRA, R. da S. F. de; JULIO, U. F.; FRANCHINI, E. Artigo. Disponível em www. scielo.br/scielo.php?. Acesso em 12 abr. 2010.
LORETE, R. Os benefícios da prática de atividade físicas. Artigo. Disponível em: www. saudenarede.com.br/?p=av&id?...html. Acesso em 23 abr. 2010.
________. Ácido lático: como age e qual a sua importância? Artigo. Disponível em: www. saudenarede.com.br. Acesso em 21 mai. 2010.
________. Importância do período de recuperação depois do exercício. Artigo. Disponível em: www. saudenarede.com.br. Acesso em 21 mai. 2010.
MATSUURA, C.; MEIRELLES, C. de M.; GOMES, P. S. C. Gasto energético e consumo de oxigênio pós-exercício contra-resistência. Artigo. Disponível em: www. scielo.br/scielo.php?pid=/.../htm. Acesso em 2 mai. 2010.
MAUGHAN, R.; GLEESON, M.; GREENHAFF, P. L. Bioquímica do exercício e do treinamento. São Paulo: Manole, 2000.
MAZO, G. Z.; LOPES, M. A.; BENEDETTI, T. B. Atividade física e o idoso. Porto Alegre: Sulina, 2001.
McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício energia, nutrição e desempenho. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
MONTEIRO, A. G. et al. Efeitos do andamento musical sobre a
freqüência cardíaca em praticantes de ginástica aeróbica com diferentes
níveis de aptidão cardiorrespiratória. Revista Brasileira atividade Física & Saúde, v. 4, n. 2, p. 30-38, 1999.
NAHAS, M.V. Atividade física, saúde e qualidade de vida conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midigraf, 2001
PEREIRA, E. F. B.; BORGES, A. C. Influência da corrida como exercício
aeróbio na melhora do condicionamento cardiorrespiratório. Artigo. Disponível em: www. seer.ucrg.br/índex.php/estudos/article/viewPDFInterstital/.../ 105. Acesso em 13 abr. 2010.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia e exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 3. ed. São Paulo: Manole, 2000.
REIS, J. Emagrecimento: EPOC, o que seria? Artigo. Disponível em: www. joanareisfitness.blogspot.com/2008/.../HTML. Acesso em 25 abr. 2010.
RONTOYANNIS, G. P., Lactate elimination From the Blood During Active Recovery. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, Vol.28, p.115-123.1998.
SANTAREM, J. M. Exercício aeróbio e anaeróbio. Artigo. Disponível em: www. saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/exaerobio.asp. Acesso em 12 abr. 2010.
SILVA, F. M. Treinamento desportivo aplicações e implicações. João Pessoa: Ed. da UFPB, 2002.
WILMORE, J. H.; COSTIL, D. L. Fisiologia do esporte e do exercício. 2. ed. São Paulo: Bela Vista, 2001.
WOLINSKY, I.; HICKSON JR., J. F. Nutrição no exercício e no esporte. 2. Ed. São Paulo: Roca, 2002.
[1]Exercícios
anaeróbios podem ser basicamente de dois tipos: de velocidade, com ou
sem alguma carga (corrida, ciclismo, natação), ou lentos com carga
(exercícios resistidos tais como a musculação com pesos e aparelhos), e
sem carga (ginástica localizada). Nos exercícios anaeróbios a fadiga
muscular surge mais rapidamente e os exercícios são realizados de forma
interrompida, para intercalar períodos de descanso com períodos de
atividade. Os exercícios anaeróbios de velocidade não podem ser suaves,
pois a demanda de sobrecargas para o organismo será sempre considerável,
sendo a atividade classificada como moderada ou exaustiva. No entanto,
os exercícios anaeróbios lentos podem variar de exaustivos à muito
suaves, neste último caso impondo menores sobrecargas ao organismo dos
que os exercícios aeróbios contínuos (SANTAREM, 2010, p. 1).
Publicado em: 06/07/2010
postado: luciano sousa
email:lucianofisiol@gmail.com
facebook:lucianosousa lucianosousa
Nenhum comentário:
Postar um comentário