O tendão calcâneo, popularmente chamado de tendão de Aquiles, é o tendão mais espesso e resistente do corpo humano. Ele é formado pela porção tendinosa dos três ventres musculares que formam a panturrilha, o gastrocnêmio medial, o gastrocnêmio lateral e o solear. Na sua porção mais baixa insere-se no calcâneo (osso do calcanhar ).
Em sua área de inserção no calcâneo existem duas bursas (bolsas de líquido): uma entre o osso e o tendão, e outra entre a pele e o tendão; relacionadas muitas vezes com processos inflamatórios e dor localizada nesta região (bursite).
O tendão calcâneo é o mais importante tendão flexor do tornozelo. Sua ação é primordial para o desprendimento do pé na marcha, para dar arrancada e força na corrida e no salto. Além disso, ele absorve grande parte do impacto na fase de aterrissagem após o ato de saltar.
A ruptura do tendão calcâneo (Aquiles) é mais comum no sexo masculino (5:1) , entre 30 e 50 anos, pessoas obesas e atletas ocasionais (atletas de final de semana).
Fatores que predispõem a ruptura do tendão calcâneo são: doenças reumáticas, infecções, doença renal, hipertireoidismo e uso de corticóide oral ou infiltração local prévia.
As causas de rupturas são variadas. O traumatismo direto é pouco comum, ocorrendo em acidentes com lâminas cortantes ou quedas de motocicleta.
A ruptura indireta, “espontânea”, é a mais freqüente e está relacionada com uma combinação de mecanismos de estresse e degeneração progressiva das fibras internas do tendão.
O movimento que culmina na ruptura do tendão está relacionado a uma força inesperada de dorsiflexão do tornozelo associado a uma forte contração muscular da panturrilha.
Quando ocorre a ruptura do tendão calcâneo, na grande maioria das vezes, o paciente relata como se tivesse levado uma pancada, um chute ou contusão na região do tendão e, em alguns casos, até escutando o próprio som da ruptura.
Embora lacerações e rupturas traumáticas diretas possam acontecer em qualquer região do tendão, lesões espontâneas indiretas normalmente ocorrem entre 2 a 6 cm acima de sua inserção no calcâneo.
O diagnóstico de ruptura do tendão calcâneo é eminentemente clínico. O relato dos sintomas e a incapacidade de continuar a atividade física sugerem a ruptura aguda.
No exame físico pode-se visualizar edema, hematoma e uma depressão local palpável formando um espaço onde anteriormente era ocupado pelo tendão íntegro. A perda de força para elevar-se na ponta dos pés é evidente.
Existem vários testes para diagnosticar a ruptura do tendão calcâneo. O mais clássico deles é o Teste de Thompson: com os joelhos dobrados em 90° e os pés livres, faz-se compressão na panturrilha, o que normalmente provoca a flexão plantar do pé. Porém, quando ocorre a ruptura do tendão, não ocorre nenhum movimento do pé com esta manobra.
O diagnóstico radiológico é feito preferencialmente através da ressonância nuclear magnética, sendo esta muito superior à ultrassonografia para quantificar e visualizar as lesões do tendão calcâneo.
A grande maioria das rupturas tem indicação de tratamento cirúrgico. Pois acometem indivíduos jovens e com alta demanda mecânica futura. Além disso, grande parte são lesões completas (ruptura total) e a chance de nova ruptura após o procedimento cirúrgico é muito mais baixa que após o tratamento conservador (2 % contra 18% de chance de nova ruptura).
A indicação absoluta de tratamento cirúrgico é para as lesões completas, grandes lesões parciais e rupturas repetidas.
O tratamento cirúrgico primário baseia-se na sutura boca a boca do tendão. Vários tipos de fios e nós podem ser empregados. O reforço com o tendão plantar delgado pode ser realizado para diminuir a tensão no local da sutura.
Após a cirurgia o paciente utiliza uma bota removível. A retirada dos pontos é feita na segunda semana de pós-operatório e o apoio progressivo é permitido, em média, após a 4ª semana.
A indicação para o tratamento conservador é quando o paciente não exige grande demanda mecânica (idosos) ou portadores de doenças clínicas incapacitantes para o procedimento cirúrgico.
O tratamento conservador é realizado através de bota gessada na posição em eqüino, isto é, com a ponta do pé naturalmente para baixo, elevando progressivamente até 90 graus no período final do tratamento. O tempo de imobilização é de 12 semanas.
A fisioterapia pós-operatória é muito importante para a reabilitação, ganho de movimento e reforço muscular. A atividade física esportiva pode ser retomada, em média, 4 meses após o tratamento da ruptura.
A Ruptura Crônica do Tendão Calcâneo (Tendão de Aquiles):
O tratamento das lesões crônicas do tendão calcâneos é cirúrgico caso o paciente apresente sintomas.
A principal queixa é a importante perda de força para subir escadas, ficar na ponta do pé e saltar. Também pode ocorrer dor após alguma atividade mais intensa como uma longa caminhada ou esforço físico. Alguns pacientes apresentam alteração na marcha e instabilidade do tornozelo.
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Existem alguns fatores que pode contra-indicar o tratamento cirúrgico nos casos de ruptura crônica do tendão calcâneo: diabetes descontrolado, fumantes pesados, déficit vascular locar ou infecção concomitante.
O objetivo da reconstrução cirúrgica é recuperar a força e dar continuidade ao tendão rompido; retirando o tecido cicatricial (tecido fibroso) e substituindo por tecido tendíneo sadio.
Existem várias técnicas de reconstrução do tendão cronicamente lesado, entretanto, a mais difundida e aplicada atualmente é a transferência do tendão flexor longo do hálux. Essa técnica consiste em substituir a porção cicatricial por um tendão forte e sadio do pé, o tendão que flexiona o hálux (o maior dedo do pé).
Essa cirurgia oferece uma boa recuperação da força e equilíbrio muscular do tendão calcâneo, ocorrendo somente uma diminuição da força de flexão do primeiro dedo, sem comprometer seu movimento.
Após a cirurgia o paciente é mantido sob imobilização gessada por aproximadamente 8 semanas, quando completa-se a cicatrização da transferência tendínea. Fisioterapia é instituída logo após a retirada da imobilização.
fonte:: http://www.clinicaecirurgiadope.com.br/artigo-Dr. Silvio Maffi
Tendinite do tendão de Aquiles
Autor: Joao Carlos Maia | Categoria: Lesões e DoençasApenas a título de curiosidade dos leitores, Tendinite de Aquilesfoi o termo originalmente usado para descrever o espectro de lesões que iam desde a inflamação do tendão à ruptura parcial. No entanto, o estudo da histopatologia demonstrou que nem sempre existe processo inflamatório nestas lesões, pelo que são agora denominadas de tendinopatias do tendão de Aquiles.
- O uso excessivo do tendão de Aquiles. Isso pode ser um problema para as pessoas que correm regularmente, para os bailarinos e para as pessoas que jogam ténis ou outros desportos que envolvem saltos.
- Calçado inadequado à prática desportiva.
- Mau gesto técnico, por exemplo durante a corrida.
- Aumentos bruscos na intensidade de treino
- Praticar desporto em superfícies duras ou inclinadas
- Ter pé cavo (arco plantar demasiado proeminente)
- Falta de flexibilidade, por exemplo nos isquio-tibiais (músculos da parte posterior da coxa)
A tendinopatia de Aquiles também é mais comum em pessoas que têm determinados tipos de artrite, como a espondilite anquilosante e artrite psoriática. Pessoas que estão a tomar medicação do grupo das fluoroquinolonas (como a ciprofloxacina) por longos períodos de tempo também têm um risco aumentado de desenvolvimento de tendinopatia de Aquiles.
Esteja alerta para os seguintes sintomas
Os principais sintomas incluem dor e rigidez em torno do tendão de Aquiles. Também pode haver algum inchaço em torno desta área. Os sintomas tendem a desenvolver-se gradualmente e são geralmente piores quando você acorda pela manhã. Dor que vem de repente e dificuldade em caminhar pode ser um sintoma de ruptura do tendão de Aquiles. Nesse caso consulte um médico urgentemente.
Algumas pessoas têm dor durante o exercício, mas, em geral, a dor é pior após o exercício. Os corredores podem sentir dor no início do treino, que depois tende a diminuir e a tornar-se mais suportável, seguida de um novo aumento depois de o treino acabar.
Diagnóstico
Uma boa avaliação clínica, com perguntas sobre os sintomas, a causa da lesão e um exame ao tendão são geralmente suficientes para o diagnóstico. No exame podem pedir-lhe para fazer alguns exercícios, como pedir para apoiar-se na perna afectada e levantar o calcanhar do chão. Para a maioria das pessoas com tendinopatia de Aquiles esse movimento reproduz a sua dor. Uma ecografia ou uma ressonância magnética pode ser útil, se o diagnóstico não for claro.
Tratamento
O tratamento conservador é a primeira opção de tratamento, e inclui:
- Descanso e redução das actividades desportivas. De início deve parar qualquer actividade ou desportos de alto impacto (como correr). Quando a dor diminuir, poderá reiniciar o exercício gradualmente, sem nunca provocar ou agravar os sintomas.
- Analgésicos. Os analgésicos como o paracetamol ou o ibuprofeno podem ajudar a aliviar a dor. O ibuprofeno é de um grupo de medicamentos chamados anti-inflamatórios não esteróides (AINEs). No entanto, num caso tendinopatia de Aquiles, você não deve usar o ibuprofeno ou outros AINEs por mais de 7-14 dias. Isso é porque eles podem, eventualmente, reduzir a capacidade do tendão de curar a longo prazo. Alguns analgésicos anti-inflamatórios podem provocar efeitos colaterais. Aconselhe-se com o seu médico sobre o melhor medicamento para si.
- Compressas de gelo. Podem ser úteis no controle da dor e na redução do inchaço nas fases iniciais de tendinopatia de Aquiles. Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 15 minutos e depois espere pelo menos 45 minutos antes de aplicar gelo novamente.
As técnicas mais eficazes nesta condição clínica incluem:
- Exercícios terapêuticos. Alguns exercícios terapêuticos ajudam a alongar e fortalecer o tendão de Aquiles. Estes exercícios podem ajudar no controlo da dor e rigidez.
- Aplicação de ultra-som para alívio da dor e estimulação da correta cicatrização do tendão
- Massagem na região do tendão e músculos da barriga da perna
- Aconselhamento sobre o melhor calçado. Uso de palmilhas ou calcanheiras de forma a elevar ligeiramente o calcanhar.
- As infiltrações com corticoesteróides são comuns nesta lesão. No entanto, a sua utilização é controversa. Se a infiltração é dada directamente no tendão, há um risco de danificar ainda mais o tendão, se é dada em volta do tendão os resultados no alívio de dor nem sempre são significativos.
Para a maioria das pessoas, os sintomas da tendinopatia de Aquiles normalmente aliviam ao final de 3-6 meses de tratamento conservador. Em geral, quanto mais cedo o problema é reconhecido e é iniciado o tratamento, melhor o resultado. Se seus sintomas não melhoraram após 3-6 meses, pode ser indicado consultar um ortopedista ou médico de medicina desportiva. No entanto, este prazo pode mudar dependendo dos seus sintomas, as suas atividades desportivas, etc
A cirurgia envolve a remoção de nódulos ou aderências (partes das fibras do tendão que ficaram unidos durante uma cicatrização desorganizada do tendão), ou fazer um corte longitudinal no tendão para estimular a correcta cicatrização do tendão.
Exercícios terapêuticos para as tendinopatias do tendão de Aquiles
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma tendinopatia do tendão de Aquiles. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição de não causarem ou aumentarem os sintomas.
De pé, com as mãos ao nível dos ombros apoiadas na parede. Colocar a perna a alongar esticada e atrás, dobrar à frente o joelho da outra perna, com as costas alinhadas. Mantenha essa posição por 20 segundos. Repita entre 3 a 6 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.
Sentado com a perna esticada e o elástico na ponta do pé. Empurre o elástico para a frente, depois deixe o pé regressar lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 e 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.
Em pé, apoiado numa cadeira, coloque-se em pontas dos pés. Desça lentamente até todo o pé apoiar no chão. Repita este movimentos entre 8 a 12 vezes, desde que não desperte nenhum sintoma.
Antes de iniciar estes exercícios você deve sempre aconselhar-se com o seu fisioterapeuta.
Maffulli N, Longo UG. How do eccentric exercises work in tendinopathy? Rheumatology (Oxford). 2008 Oct;47(10):1444-5.
Magnussen RA, Dunn WR, Thomson AB. Nonoperative treatment of midportion Achilles tendinopathy: a systematic review. Clin J Sport Med. 2009 Jan;19(1):54-64.
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Autor: João Maia – Fisioterapeuta
Fonte: www.facebook.com/fisioinforma
postado: luciano sousa
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